Exame IN

Claranet Brasil: a empresa de tecnologia que quer R$ 1 bi de Ebitda em 2028

No caminho para se tornar maior, companhia focada em cibersegurança já fez quatro aquisições

Claranet Brasil: empresa já fez mais de 30 aquisições nos últimos dez anos (Claranet Brasil/Divulgação)

Claranet Brasil: empresa já fez mais de 30 aquisições nos últimos dez anos (Claranet Brasil/Divulgação)

Karina Souza
Karina Souza

Repórter Exame IN

Publicado em 10 de agosto de 2023 às 09h31.

Última atualização em 10 de agosto de 2023 às 10h42.

A Claranet Brasil, subsidiária da multinacional inglesa focada em cibersegurança e computação em nuvem, quer gerar R$ 1 bilhão em Ebitda nos próximos cinco anos. O que significa, na prática, multiplicar por dez a geração de caixa apresentada pela companhia em 2022. Chegar a essa meta depende de uma estratégia que foca principalmente em crescimento inorgânico: de 2012 para cá, já são mais de 30 aquisições. E o pé no acelerador continua. Nesta semana, a empresa anunciou a compra da ADTSys, empresa brasileira focada em cloud pública, com um aporte que veio a partir da injeção de capital de US$ 100 milhões feita pela matriz inglesa em 2021, de olho em acelerar o crescimento na América Latina.

O acordo mais recente envolve uma empresa fundada em 2010 pelos paulistas Diego Altherman e Pascoal Baldasso, cujo intuito era o de ajudar companhias como Ambev, Fiat e Avon a administrar seus sistemas de cloud computing, como a EXAME mostrou em 2014. Na prática, trata-se de um serviço demandado até hoje: fazer a transição de dados de servidores físicos para a nuvem. A startup focou principalmente em levar esses dados para a chamada 'cloud pública', ou seja, para provedores de terceiros, como a AWS (da Amazon), Azure (Microsoft) e Google Cloud.

É uma capacidade que complementa a atuação da Claranet, tradicionalmente focada em cloud privada -- ou seja, em fazer a migração dos dados de terceiros para o serviço de nuvem desenvolvido pela própria empresa. Há, ainda, um enorme mercado a ser explorado para ambos os lados, como afirma Edivaldo Rocha, CEO da Claranet Brasil, ao EXAME IN.

"Hoje, 90% das empresas brasileiras têm servidores dedicados. O mercado de tecnologia que falta migrar para a nuvem é de R$ 50 bilhões, aproximadamente. Há muita propaganda sobre isso, mas, mesmo nos Estados Unidos, só 30% das empresas rodam em cloud. É uma jornada de uma década", diz.

Além de trazer mais clientes e expertise, a aquisição também traz uma proximidade geográfica importante para a multinacional. Com a ADTSys sediada em Campinas, a companhia passa a estar perto de importantes universidades de engenharia, um ponto fundamental para o crescimento da empresa, cuja meta é ir de 500 colaboradores para 8 mil nos próximos cinco anos.

Hoje, a Claranet é reconhecida, principalmente nos Estados Unidos e Europa, por sua atuação em cibersegurança -- uma vertical que deve continuar sendo prioridade também no Brasil. Somadas, as quatro (segurança digital, cloud pública, privada e dados) compõem as bases para avançar.

"Não tem ninguém no Brasil que consiga fechar esse ecossistema como a gente. Eu tenho concorrentes em cada uma das verticais, é claro, mas não há outra empresa com uma solução de ponta a ponta", diz Rocha. Entre os concorrentes da empresa, estão a Checkpoint, focada em segurança e em nuvem, avaliada em US$ 14,7 bilhões na Nasdaq. Com atuação nacional, estão também nomes como a Tivit, Ascenty, de data centers e Accenture. 

É uma estratégia que tem mostrado resultados para além da teoria. A companhia é uma forte geradora de caixa: no terceiro trimestre contábil de 2023, alcançou um recorde de R$ 21,2 milhões , com lucro líquido 59,4% maior, de R$ 11,4 milhões. Em 2022, cogitou até uma estreia na B3, mas diante da piora das condições macroeconômicas, desistiu da listagem.

Os avanços operacionais, enquanto isso, seguiram. Estão relacionados à pluralidade de serviços e de clientes capazes de serem atendidos pela empresa. Hoje, são 1.600 contratos fechados, principalmente com companhias de médio e grande porte, mas há de tudo um pouco dentro de casa.

"Tenho clientes de bilhão de dólares de faturamento e cliente de R$ 100 mil. É a mesma tecnologia. Eu não quero deixar de lado esse propósito de ajudar o pequeno empresário", afirma o CEO.

É uma missão que começou lá atrás, quando Rocha ajudou a fundar a CorpFlex Informática, adquirida nos anos 2000 pelo grupo Claranet, em uma transação que o tornou sócio da multinacional sem perder o cargo de chefe local. Com uma origem humilde, o executivo preserva tanto a prestação de serviços para pequenas empresas quanto o olhar para pessoas em meio a tantas aquisições.

"Ninguém faz nada sozinho. Não basta apenas abrir a porta para as empresas que estão chegando, mas ajudá-las. Todo processo de compra gera receio, as pessoas ficam na dúvida se serão demitidas ou não. E, no nosso caso, estamos muito focados em retenção. Queremos passar a mensagem de que elas estão fazendo parte de um negócio maior e que há oportunidades para todos", diz.l

Acompanhe tudo sobre:seguranca-digitalComputação em nuvem

Mais de Exame IN

Mais Porto, menos Seguro: Diversificação leva companhia a novo patamar na bolsa

Na Natura &Co, leilão garantido e uma semana decisiva para o futuro da Avon

UBS vai contra o consenso e dá "venda" em Embraer; ações lideram queda do Ibovespa

O "excesso de contexto" que enfraquece a esquerda