Usain Bolt, velocista olímpico: engajamento de público que gosta de esportes, leva SBF a querer ser mais que varejista (Tom Jenkins/Getty Images)
Graziella Valenti
Publicado em 24 de março de 2021 às 18h25.
Última atualização em 24 de março de 2021 às 18h42.
A Centauro não é mais Centauro. Ou melhor, não é mais só. Agora, é Grupo SBF, dono da rede de varejo de artigos esportivos, distribuidor exclusivo da Nike no Brasil e da NWB, plataforma de canais digitais como Desimpedidos, Acelerados, Fatality e Falcão 12, entre outros. A empresa acaba de anunciar um ato simbólico que traduz, na verdade, a evolução de toda a estratégia de negócios.
A partir do dia 31, o ticker de negociação na bolsa muda de CNTO3 para SBFG3. É quase uma reestreia. na B3, pela relevância do que representa. A nova fase da companhia vai ser apresentada aos investidores nesse mesmo dia, junto com a divulgação dos resultados do quarto trimestre e o fechamento de 2020.
“Fizemos nosso IPO há menos de dois anos. E a empresa evoluiu para além do varejo nesse período. A companhia que os acionistas podem investir agora não é mais só a Centauro. É o grupo, um ecossistema de esporte”, conta Pedro Zemel, presidente da empresa, em entrevista exclusiva ao EXAME In.
“Nossa tese era calcada toda no varejo, na omnicanalidade, na digitalização — tudo da Centauro. Agora, nossa tese é muito mais poderosa. Também não é só ter vários negócios, mas é como eles se relacionam e como podem catalisar suas operações. Cada uma pode fazer o outro valer mais.”
Mesmo sendo ainda uma teenager do mercado, o grupo SBF, avaliado em R$ 6,5 bilhões, já fez duas captações e a forte demanda pelas ações no follow-on do ano passado marcou a retomada do mercado de capitais na pandemia. Ao todo, a empresa já movimentou R$ 1,6 bilhão com o IPO e a oferta subsequente.
O balanço do quarto trimestre será o primeiro a incluir o resultado com Nike, relacionado ao mês de dezembro. A aquisição, por R$ 1 bilhão, foi concluída no fim do ano passado e dá direito à distribuição exclusiva da marca — atualmente para mais de 4.000 varejistas — e mais 24 lojas Nike Factory e o e-commerce.
Já a NWB, cuja compra foi concluída neste mês, o valor investido foi de R$ 60 milhões. Os canais de conteúdo da empresa somam 81 milhões de seguidores no Instagram e 73 milhões de inscritos no Youtube. “A gente quer ocupar todos os lugares, todos os papéis do esporte para as pessoas”, enfatiza Zemel. “Esse público tem um engajamento muito genuíno e especial, que justifica fazer algo que vá muito além do transacional.”
O executivo vê toda essa forma de pensar — calcada nos pilares da distribuição, da gestão de produto e da audiência relacionada ao esporte — como vapor que vai estar em toda a gestão. “No futuro, queremos participar de toda a jornada. Desde a compra de produtos, serviços e até assessorias. Não vamos precisar fazer tudo, podemos explorar isso de diversas formas, com parcerias, por exemplo, como um meio para gerar benefícios e fidelização de quem vive nosso ecossistema.”
Os planos incluem poder customizar soluções específicas para quem gosta de corrida, ioga, natação e todo tipo de esporte, com suas mais diversas formas de relacionamento. “Quem corre se relaciona com o esporte de uma forma, quem assiste ao futebol, mas não joga, de outra.”
Em um primeiro momento, a NWB vai gerar audiência e engajamento, com objetivo de gerar vendas, ou seja, ajudar na redução do custo de aquisição de cliente — o famoso CAC. Mas, mais à frente, com investimento e maior desenvolvimento desse canal, a ideia é também gerar receita com publicidade. “Tudo isso, toda essa vida mais completa vai nos ajudar a entender melhor nossos consumidores e sermos cada vez melhores.”