Exame IN

CCR tem trimestre de aumento de tráfego e controle de custos

Lucro ficou acima do consenso de mercado, descontando efeitos não recorrentes

CCR: companhia reforça mensagem de focar em projetos de rodovias e mobilidade (Divulgação/Divulgação)

CCR: companhia reforça mensagem de focar em projetos de rodovias e mobilidade (Divulgação/Divulgação)

Karina Souza
Karina Souza

Repórter Exame IN

Publicado em 31 de outubro de 2023 às 19h50.

Última atualização em 27 de dezembro de 2023 às 17h44.

A recuperação do tráfego e um controle de custos trouxe um trimestre acima das expectativas de analistas para a CCR. O Ebitda subiu 21% em relação ao mesmo período do ano passado, e o lucro subiu 45%, se descontados efeitos não recorrentes.

A receita líquida foi de R$ 3,4 bilhões, aumento de 7,6% frente ao ano anterior, como reflexo do do incremento no volume de passageiros em todos os modais nos quais a empresa opera: em rodovias, foi de 4,2%, em mobilidade, de 7,4% e em aeroportos, de 11%.

Hoje, a CCR já opera 12,8% acima do pré-pandemia (2019) no modal de rodovias. No de aeroportos, a situação se igualou agora e, no de mobilidade, a companhia segue cerca de 10% abaixo do registrado antes da covid-19.

"As pessoas estão voltando, ainda que mais devagar. Observamos uma evolução mensal positiva. Mesmo assim, o impacto é mais limitado para a companhia, graças às bandas de mitigação [regra que garante o compartilhamento do prejuízo com o poder concedente]", diz Flavia Godoy, superintendente de relações com investidores da CCR.

A companhia teve lucro líquido de R$ 251,5 milhões, queda de 58,5% em relação ao mesmo período do ano anterior. O consenso Bloomberg projetava uma cifra menor, de R$ 147 milhões.

O recuo na comparação anual reflete one-offs. No mesmo período do ano passado, a CCR contabilizou R$ 397,4 milhões pela venda da participação de 70% na norte-americana Total Airport Services (TAS). Também recebeu R$ 82 milhões por um reequilíbrio contratual na Renovias. Na ponta de custos, teve de arcar com R$ 219,2 milhões em impairment na ViaOeste.

Neste ano, não houve efeitos não recorrentes que trouxessem receita para a companhia. Foram registrados R$ 170,8 milhões em custo -- ainda nas operações que não geram benefício econômico na ViaOeste -- e outros R$ 79,2 milhões como provisão para um Termo de Ajuste de Conduta (TAC) assinado pela empresa em agosto com o Ministério Público de São Paulo, referente às linhas 8 e 9 da ViaMobilidade.

Desconsiderando todos os efeitos não recorrentes, o lucro líquido da companhia foi de R$ 501,6 milhões, aumento de 44,8% em relação ao mesmo período do ano anterior.

Em linha com plano de eficiência já sinalizado aos investidores, entre julho e setembro, a companhia também conseguiu reduzir custos caixa. A queda foi de 3,6% em relação ao mesmo período do ano passado, com essa linha totalizando R$ 1,29 bilhão.

Com o aumento de receita e os custos sob controle, o Ebitda foi de R$ 1,6 bilhão, queda de 29,5% em relação ao mesmo período do ano passado. Excluindo os efeitos não recorrentes -- o impairment e o TAC -- o indicador ajustado foi de R$ 2,1 bilhões, aumento de 15,8% em relação a 2022.

Endividamento

Na ponta da dívida, a CCR já anunicou wue tinha alongado todos os prazos de empréstimos que venceriam em 2023 — e agora conseguiu estender uma parte dos vencimentos de 2024.

Dois empréstimos-ponte, relacionados ao bloco sul e bloco central de aeroportos, que somam R$ 3,2 bilhões, já foram substituídos. Falta, agora,  resolver R$ 1,25 bilhão relacionado a um empréstimo-ponte relacionado à Rio-SP, que vence em dezembro de 2024. “Tenho um ano e um trimestre para resolver isso, o que nos dá um cronograma bastante confortável”, afirmou o CFO Waldo Perez.

A alavancagem da companhia no período foi de 2,9 vezes dívida líquida/Ebitda, estável em relação ao mesmo período do ano anterior.

A cautela da companhia pra novos projetos permanece, como reforçado pela diretoria no CCR Day. O leilão da BR-381, em Minas Gerais, é um dos ativos sob análise da CCR, ainda que não tenha sido tomada nenhuma decisão final por enquanto sobre entrar nele ou não.

Além desse lote, outros quatro, no governo do Paraná, também serão analisados, como a companhia afirmou em evento a investidores. A projeção é de investir R$ 120 bilhões em rodovias pelos próximos três a quatro anos.

O financiamento para as novas concessões -- um ponto de dificuldade apontado pela indústria -- deve vir de diferentes fontes, segundo a empresa. A CCR pode acessar o mercado de capitais e o BNDES para financiar esses projetos. Também como parte da estratégia, vai implementar uma reciclagem de ativos, ainda que não divulgue exatamente quais serão.

A ideia é trazer uma visão mais completa sobre isso no segundo trimestre de 2024. No momento, não há nada ativamente em venda.

Acompanhe tudo sobre:EmpresasCCRBalançosMercadosConcessões

Mais de Exame IN

Fim da guerra da cerveja? Pelas vendas de setembro, a estratégia da Petrópolis está mudando

“Equilíbrio fiscal não existe, mas estamos longe de uma crise”, diz Felipe Salto

Mais Porto, menos Seguro: Diversificação leva companhia a novo patamar na bolsa

Na Natura &Co, leilão garantido e uma semana decisiva para o futuro da Avon