“O marketplace é uma forma de derrubar toda a burocracia e o monopólio da antiga trava bancária e trazer agilidade às operações”, diz Marcos Bonfá (Divulgação/Divulgação)
Angela Bittencourt
Publicado em 6 de agosto de 2021 às 12h04.
O mercado de cartões é superlativo. Em todos os sentidos. Movimentou R$ 2 trilhões em 2020, deve girar R$ 2,4 trilhões em 2021 em mais de 20 bilhões de transações e é povoado por um sem número de ‘maquininhas’ - verdadeiras ‘celebs’ como Cielo, Rede, Getnet, Stone, Moderninha. A popularidade é tanta que, em 2020, esse mercado foi coroado pelo Ministério da Economia com um programa emergencial para microempreendedores individuais: o PEAC Maquininhas. Por trás das ‘maquininhas’ tem um mundo de crédito, nova legislação para recebíveis e uma empresa líder em tecnologia financeira e desconhecida da maioria: a Finnet.
A companhia ainda não está na Bolsa, por ora não tem planos de abrir seu capital, mas está rodeada de empresas que fazem barulho no pregão da B3 e são usuárias de seus serviços especializados, sobretudo, em gestão de caixa.
De olho na revolução dos meios de pagamento no Brasil, a Finnet, interligada a mais de 80 instituições financeiras e a mais de 800 mil empresas, desenvolveu um sistema onde as vendas com pagamento em cartões de crédito são unificadas e transformadas em crédito, com a possibilidade de antecipar o recebimento das faturas, independentemente do adquirente – a ‘maquininha’ onde a operação é processada – ou o banco utilizado pelo varejista.
Esse modelo de negócio tem aderência à nova legislação sobre recebíveis de cartões lançada há dois meses pelo Banco Central (BC) e que tornou possível a negociação de antecipação das faturas por varejistas junto a qualquer instituição bancária. Objetivo: democratizar a oferta de crédito e reduzir o seu custo. Atenta a essa atualização regulatória e também tecnológica – que trouxe ao mercado brasileiro a figura das registradoras de recebíveis –, a Finnet decidiu lançar um marketplace de antecipação desses valores.
O marketplace Antecipag Cartões abriga os principais financiadores disponíveis no mercado para viabilizar a antecipação de recursos e funciona de forma que o dono de um estabelecimento – prestador de serviços ou comércio – possa escolher qual é a instituição financeira a oferecer a melhor taxa para a operação que abastecerá o seu caixa. Na prática, ocorre um leilão eletrônico de taxas que permite ao dono do recebível escolher, portanto, a melhor condição para obter no presente os recursos que a fatura do cartão vai trazer no futuro.
“A plataforma tem o objetivo de atender as novas demandas do mercado, principalmente no que tange às novas regras de recebíveis. O marketplace é uma forma de derrubar toda a burocracia e o monopólio da antiga ‘trava bancária’ [que condicionava exclusividade de negociação de recebíveis por varejistas com seu domicílio bancário]. O marketplace traz mais agilidade e melhores condições de mercado através de leilão de taxas entre os financiadores”, informa Marcos Bonfá, presidente da Finnet.
Em entrevista ao EXAME IN, Bonfá relata que, no segundo trimestre, período que coincide em parte com a vigência das novas regras para os recebíveis de cartões, a Finnet registrou aumento de 25% na oferta de crédito, dado que revela a disposição e interesse das empresas em captar mais recursos para equilibrar seu fluxo de caixa e realizar investimentos em seus negócios.
A expansão das operações está exigindo também da Finnet um esforço maior para atender à demanda dos clientes entrantes na plataforma. No primeiro semestre a empresa ampliou em 30% seu efetivo para contribuir no desenvolvimento de suas soluções de crédito e estruturou uma equipe de gerentes voltada ao atendimento. “Devemos aumentar em mais 40% o efetivo voltado a essas operações, seguindo o plano de investimento já projetado e visando o fortalecimento das plataformas no mercado de antecipação de crédito até o final deste ano”, afirma o executivo.
“A plataforma pioneira da Finnet foi o Painel Fornecedor, um produto modulado através do ‘supply chain finance’, risco sacado ou ‘confirming’ – como é conhecido no mercado”, explica Marcos Bonfá. “Esse produto, também uma plataforma, é voltado à antecipação de crédito de fornecedores de grandes empresas. Hoje ela conta com quase 750 mil cadastros ou CNPJs de fornecedores de insumos para produção.”
A Finnet nasceu em 2003 já com rigor tecnológico. Entre 2008 e 2010, lançou o Painel Fornecedor e a primeira solução voltada especificamente para o mercado financeiro, o Portal de Boletos. Desde 2016, a empresa tem uma holding, onde elenca companhias que prestam outros serviços. Uma delas é a Dootax – joint venture em plataforma que automatiza a emissão e pagamento de tributos – e reúne clientes muito especiais. Alguns, não raro, alegram e também afligem investidores na B3. Entre eles estão Azul, GPA, Magalu, Renner, Americanas, Klabin e Raízen, sociedade entre Cosan e Shell, que chegou nesta semana à Bolsa brasileira, valendo R$ 76 bilhões.
Os clientes de soluções financeiras tecnológicas da Finnet não ficam devendo nada para esse primeiro batalhão com marcas tão conhecidas quanto valiosas: Copagaz, Grupo Gaia, Lupo, Multi, Multilaser, Nardini, Nissei, Pague Menos, Rodobens, Saint Gobain, SBT, Weber e Wheaton. Um “book” para lá de seleto e afinado com as transformações dos meios de pagamento.
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