Carrefour: Proposta de fechamento de capital vem enfrentando fortes críticas de minoritários (Nelson ALMEIDA/AFP)
Editora do EXAME IN
Publicado em 17 de abril de 2025 às 06h54.
Última atualização em 17 de abril de 2025 às 14h34.
Às vésperas de uma assembleia que vai decidir sobre a saída do Carrefour Brasil da bolsa, o GIC, do fundo soberano de Singapura, vendeu a fatia de 2,4% que tinha na companhia por R$ 425 milhões.
A operação foi feita por meio de um block trade realizado ontem no fim do pregão, praticamente junto com o leilão de fechamento.
O movimento vem logo depois de a Península, da família Diniz e que fazia parte do acordo de acionistas, ter vendido toda sua participação remanescente 4,9% na companhia ao longo das últimas semanas.
As operações mostram o apetite dos investidores de arbitragem de risco, que ganham com a pequena diferença entre o preço de tela e aquele proposto para o fechamento de capital.
E são um sinal de deslistagem deve sair no novo preço proposto pelo Carrefour França.
Há duas semanas, o controlador aumentou sua oferta para tirar o Atacadão da bolsa de R$ 7,70 para R$ 8,50 por ação — além de uma proposta de conversão em ações pela matriz.
O preço ainda não agrada uma série de minoritários, especialmente estrangeiros, que vem questionando todo o processo, desde o valor oferecido, considerado muito baixo, até a governança.
Questões como a falta de independência do comitê que está avaliando a operação dentro do Carrefour Brasil tem sido apontadas por minoritários descontentes — e inclusive pelas consultorias de votos ISS e Glass Lewis, que recomendaram que os acionistas não aceitassem a proposta inicial.
Agora, no mercado, a avaliação é que, ao novo preço, boa parte dos acionistas jogou a toalha.
Na primeira proposta, a Península tinha acordado em trocar seus papéis por participação no Carrefour França, mas mudou de ideia depois da segunda oferta e da valorização dos papéis da operação brasileira que seguiram a mudança do valor da oferta.
A fatia do GIC estava dentro de um fundo de participações administrado pela Península e que foi apartado há pouco mais de duas semanas — agora, está claro o porquê.
O block trade saiu a R$ 8,38 por ação, um pequeno prêmio de 1% em relação ao início do leilão. A transação representa cerca de duas vezes o volume médio de negociação dos últimos 30 dias.
A operação foi conduzida pelo BTG Pactual (do mesmo grupo de controle da EXAME).
A assembleia que vai decidir sobre a nova proposta do Carrefour França está agendada para o próximo dia 25.