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BTG rebaixa Minerva por compra de ativos da Marfrig: ‘cenário extremamente binário’

Demora na aprovação pelo Cade e disparada na dívida adicionam risco elevado à tese, escrevem analistas do banco; ações caem quase 4%

Minerva: Ações caem 43% desde o anúncio da compra de 16 plantas da Marfrig por R$ 7,5 bi (Alfribeiro/Getty Images)

Minerva: Ações caem 43% desde o anúncio da compra de 16 plantas da Marfrig por R$ 7,5 bi (Alfribeiro/Getty Images)

Natalia Viri
Natalia Viri

Editora do EXAME IN

Publicado em 6 de maio de 2024 às 11h22.

Última atualização em 6 de maio de 2024 às 11h45.

O BTG rebaixou a recomendação para as ações da Minerva de 'compra' para 'neutra', por conta das incertezas elevadas em relação ao futuro da companhia com a compra dos ativos de carne bovina da Marfrig.

Nas contas do banco, a Minerva negocia hoje com um valor de empresa de 3,7 vezes seu EBITDA para 2024, antes do negócio ser concretizado, e de 5 vezes o EBITDA de 2025, após o deal – nesse último caso, em linha com a média histórica.

“Isso significa que a história de equity está baseada inteiramente na capacidade da Minerva se desalavancar e recomeçar o processo de transferir valor de dívida para o equity”, apontam os analistas Thiago Duarte e Henrique Brustolin.

“Em última instância, só começaremos a ganhar alguma visibilidade nesse sentido daqui a alguns trimestres, depois que os ativos forem incorporados, potencialmente apenas daqui um ano.”

Os papéis da Minerva abriram entre as maiores baixas do Ibovespa no pregão de hoje, com queda de 3,7%, para R$ 6,02. O preço-alvo do BTG é de R$ 8 para o fim deste ano.

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A aquisição de 16 plantas de bovinos da Marfrig na América do Sul, anunciada em agosto, por R$ 7,5 bilhões, não foi bem recebida pelos investidores desde o início.

O preço foi considerado elevado, além de a transação ter vindo num momento em que parecia que, finalmente, a Minerva ia entrar num ciclo de desalavancagem, associada a um momento mais favorável para o ciclo de carne bovina.

Para complicar ainda mais a situação, a transação está demorando mais que o esperado para ser aprovada pelos órgãos de defesa da concorrência – fazendo correr juros sobre o valor negociado.

“As reações iniciais dos órgãos antitruste do Brasil e do Uruguai sugerem que a aprovação pode vir com remédios que tornem o negócio economicamente menos atrativo”, alerta a equipe do BTG.

Desde que o negócio foi anunciado, os papéis da Minerva caem 43%.

O cenário-base do BTG é que os novos ativos só sejam efetivamente incorporados a partir do quarto trimestre deste ano, gerando um EBITDA de R$ 1,1 bilhão.

No relatório,  o banco não descarta que a transação seja capaz de gerar valor – mas alerta que a ação agora está num cenário “extremamente binário”, com baixa visibilidade nesse momento.

“Até arriscaríamos dizer que vemos a chance de sucesso da Minerva ser maior que o cenário contrário. Nesse caso, o preço da ação provavelmente vai disparar. Mas a convicção precisa ser muito maior dados os riscos”, diz Duarte.

Ela adverte que os investidores devem se preparar para muita volatilidade. Isso porque hoje apenas 20% do valor da companhia está em equity, ou seja, no valor das ações que são negociadas em bolsa. O valor de mercado da Minerva hoje é de R$ 3,7 bilhões, contra uma dívida líquida estimada em R$ 15,3 bilhões após a conclusão do negócio.

“O múltiplo histórico de 5 vezes significa que mesmo uma mudança pequena de 5% na nossa projeção de EBITDA para 2025 pode se traduzir em uma mudança de 27% no preço da ação. Um risco deste tamanho não é algo que os investidores topam facilmente.”

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