Gerdau: Melhora de expectativa depende de imposto sobre importação, que não deve acontecer, diz BTG (Paulo Fridman/Bloomberg)
Editora do EXAME IN
Publicado em 15 de dezembro de 2023 às 15h46.
Última atualização em 15 de dezembro de 2023 às 16h01.
O CEO da Gerdau, Gustavo Werneck, vem afirmando que a situação do setor no Brasil é "dramática". O BTG (do mesmo grupo de controle da Exame) concorda. E hoje, depois de quase uma década recomendando a compra das ações da siderúrgica, rebaixou sua indicação para "neutra", com corte no preço-alvo de R$ 33 para R$ 27 ao fim de 2024.
Por trás da mudança, está a expectativa que “um dos cenários globais mais fracos para a siderurgia em anos” – com consumo fraco no país e enxurrada de importação chinesas – continue a pesar até mesmo para siderúrgica com maiores vantagens competitivas do país.
“A unidade brasileira está com margens EBITDA similares àquelas da recessão de 2014/2015 no Brasil, com prospectos limitados de uma mudança no curto prazo”, escreveram os analistas em relatório sobre o setor de mineração e siderurgia divulgado hoje pela manhã.
Num texto marcado por superlativos, com um cenário “inimaginável” de margens que chegaram próximas a zero na CSN e a líder global Arcellor Mittal negociando a 0,6 vezes seu valor patrimonial sinalizando “tempos desafiadores”, a equipe liderada pelo analista Leonardo Corrêa reconhece que as expectativas do mercado já são baixas.
Mas não há nada que não possa piorar. Segundo os analistas, os resultados do quarto trimestre deste ano e o primeiro trimestre de 2024 devem vir bastante fracos, o que pode pressionar por novas revisões para baixo nas previsões de lucro.
“Acreditamos que o setor está numa posição binária a esse ponto, dependendo de tarifas de importação, o que consideramos improvável”, ponderam.
Com um lobby cada vez mais vocal, o setor siderúrgico brasileiro vem trabalhando para um aumento da tarifa de importação sobre o aço chinês dos atuais 10% a 12% para 25%.
O BTG afirma que a perspectiva para o mercado de americano de aço – que responde por metade da receita da Gerdau – é um pouco mais positiva, mas a volta da lucratividade nesse mercado para patamares mais próximos do histórico também deve pesar sobre o papel.
O banco reduziu o preço-alvo para as ações da Gerdau ao fim de 2024 e R$ 33 para R$ 27. As ações negociam a R$ 23,44 neste ano, com queda de 18,6% neste ano.