Sede do BTG+: instituição, avaliada em R$ 117 bilhões na B3, mistura balanço de bancão com crescimento de fintech (Germano Lüders/Exame)
Graziella Valenti
Publicado em 9 de junho de 2021 às 01h13.
Última atualização em 9 de junho de 2021 às 08h54.
Após levantar R$ 3 bilhões com uma oferta pública de ações relâmpago, o BTG Pactual (do mesmo grupo controlador da EXAME) tem todas as condições para fechar o segundo trimestre deste ano com o Índice do Basiléia no mesmo patamar de março, quando estava em torno de 18%. Trata-se do maior indicador entre as grandes instituições financeiras, cujo percentual ronda a casa dos 15%.
E isso após relevantes movimentos de consolidação, incluindo a compra da participação da Caixa no Banco Pan, uma transação de R$ 3,7 bilhões, que ocorreu antes do que o esperado pelo banco fundado por André Esteves. O negócio foi concluído em maio. Aqui, cabe destacar que a compra foi fechada por um valor equivalente a R$ 11,42 por ação e agora o papel do Pan já está em R$ 23,26, com o banco avaliado em R$ 28 bilhões na bolsa.
Esclarecimento aos navegantes: o Índice de Basiléia é uma medida internacional da solvência, ou seja, de saúde das instituições financeiras. Ela indica a relação entre o dinheiro (capital) que é do próprio banco e aquele que é de terceiros. Quanto mais alto, melhor. Essa é a quarta captação do BTG Pactual de 2019 para cá, num total de R$ 10,7 bilhões. O banco encerrou essa terça-feira, dia 8, avaliado em R$ 117 bilhões, com a unit em R$ 123,50.
O papel saiu a R$ 122,01 na oferta — preço acima dos R$ 121,30 do fechamento anterior ao primeiro anúncio da intenção de uma captação, na quarta-feira da semana passada, dia 2. A operação, porém, foi colocada na rua de fato na sexta-feira, dia 4. Em poucos dias, portanto, o banco atraiu uma demanda final, no preço efetivo da operação, de 5 vezes o total ofertado de papéis: em números, uma procura de R$ 15 milhões.
Com essa capitalização, a instituição recompõe a estrutura de capital após selar movimentos relevantes: além do Banco Pan, também foi anunciada a compra do grupo Universa, dono da Empiricus Research. O movimento vai consumir R$ 670 milhões de capital à vista (mas a transação pode alcançar R$ 2 bilhões, nos próximos anos, a depender de algumas metas).
A estratégia do BTG Pactual — que mistura bancão, na frente de crédito e banco de atacado, com fintech, na estratégia para varejo do BTG+, e na plataforma de investimentos, BTG Pactual Digital — vai se manter a mesma. Qual? Pequenas e médias consolidações e parcerias, para produtos e tecnologia.
A carteira de crédito — uma das partes mais relevantes do lado bancão — também deve seguir em expansão, mas a tendência é que não repita a intensidade da expansão de 2020. Em março, o total da carteira, incluindo pequenas e médias empresas, alcançou R$ 80,5 bilhões, um crescimento de quase 70% em relação aos R$ 47,7 bilhões de saldo, no mesmo mês do ano passado.
O total de ativos sob gestão, incluindo o wealth management (gestão de fortunas), passou de R$ 429 bilhões para R$ 767 bilhões, na comparação anual, ao fim do primeiro trimestre. A receita total do banco, que foi de R$ 1,5 bilhão, nos três primeiros meses de 2020, alcançou R$ 2,8 bilhões, de janeiro a março deste ano — praticamente equivalente aos três último meses do ano passado, período tradicionalmente forte.
Por causa desses números, e de um lucro líquido que alcançou R$ 1,2 bilhão no primeiro trimestre (repetindo o recorde do quarto trimestre), que o BTG Pactual é visto como uma instituição que mistura o resultado de bancão com o crescimento das fintechs.
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