BTG Pactual: retorno sobre patrimônio alcança 21,6% entre abril e junho (BTG Pactual/Divulgação)
Graziella Valenti
Publicado em 9 de agosto de 2022 às 06h43.
Última atualização em 9 de agosto de 2022 às 18h23.
O Banco BTG Pactual (do mesmo grupo de controle da Exame) conseguiu um segundo trimestre de novos recordes em receita e lucro. O lucro líquido ajustado avançou 27% na comparação anual, para R$ 2,2 bilhões. A expansão foi maior do que o crescimento da receita líquida, de 20%, para R$ 4,5 bilhões, o que mostra um aumento da rentabilidade da instituição. O retorno médio sobre capital alcançou 21,6% no trimestre e 20,5% em base anualizada.
De forma simples, o desempenho reflete a diversificação dos negócios do banco. Desde o quarto trimestre de 2021, o BTG tem reforçado o conceito de “all weather equity story”, ou seja, de linhas de negócios que se comportam e se compensam em diferentes cenários econômicos. Trata-se uma característica que, há alguns anos, era atribuída apenas aos grandes bancos comerciais.
Com o avanço do processo de digitalização, o BTG Pactual conseguiu tornar o negócio muito mais próximo do varejo, mas sem os mesmos custos e os mesmos riscos. Na prática, um bancão dentro de uma instituição que nasceu como banco de investimento e cresce em ritmo de fintech.
Isso se traduz, por exemplo, na formação do funding (depósitos) do banco. A contribuição dos clientes de varejo alcançou 23% no segundo trimestre, comparado a 13% um ano antes. Considerando o Banco PAN nesse total, a fatia sobe para 28%, ante a 19%. Nos bancos de varejo, esse percentual é da ordem 30%
A carteira de crédito terminou junho com R$ 118 bilhões, uma expansão de 36% em termos anuais — desse volume, R$ 98 bilhões são operações de baixo risco, com grandes companhias. O volume de transações com empresas de pequeno e médio porte passou de R$ 14,1 bilhões para R$ 19, 5 bilhões, no período de 12 meses — e como essa operação é concentrada em financiamento a fornecedores, na realidade, o risco é sempre de grandes empresas.
Esses números, apesar do crescimento, demonstram que ainda há espaço a ser conquistado — ou seja, mais expansão —quando é feita a comparação com grandes instituições financeiras. A carteira de crédito do BTG equivale a 2,8 vezes o patrimônio, ante um intervalo de 5 a 7 vezes dos bancos tradicionais.
O desempenho das áreas de receita são praticamente uma narrativa da evolução do posicionamento do BTG Pactual, que começou como banco de investimento, depois expandiu para as frentes de gestão de recursos e mais recentemente para um banco transacional para clientes.
Em um período de menor — muito menor — atividade do mercado de capitais, a receita de investment banking saiu de R$ 685 milhões para R$ 485 milhões. Mas esse desempenho foi mais do que compensado pelo avanço nas receitas de crédito, que passaram de R$ 655 milhões para R$ 878 milhões. Para completar, a receita da operação de asset management avançou 50%, para R$ 404 milhões, enquanto as contribuições do wealth management e de banco de varejo atingiram R$ 621 milhões, uma alta de 40%.
A demonstração de que o banco montou um negócio em que uma área alimenta a outra está no desempenho da frente de sales and trading, que deve surpreender as expectativas do mercado. A receita dessa frente de atividade ficou em R$ 1,3 bilhão, praticamente estável na comparação anual, e com uma redução de apenas 12% sobre o primeiro trimestre de 2022 — que marcou um recorde de patamar muito elevado. Trata-se, portanto, de um negócio que cresce tanto junto com as operações de banco de investimento tradicionais, quanto com a frente de gestão de recursos.
O volume de recursos sob custódia alcançou R$ 1,07 trilhão. A captação de novos recursos, mesmo no cenário adverso para investimentos, somou R$ 71 bilhões, sendo R$ 30 bilhões no wealth management.
O Índice de Basileia, indicador internacional que mede a solvência das instituições financeiras (quanto mais alto melhor), terminou março em 15,2% — 0,2 ponto percentual acima do primeiro trimestre. A instituição tem conseguido manter um patamar bastante elevado, apesar de não ter mais voltado ao mercado de ações para levantar recursos.
Esse era um tema que, no ano passado, os investidores traziam bastante questionamento: se o banco iria recorrer sempre ao mercado para crescer e manter indicadores saudáveis de risco.
Apesar de administração do banco ter sempre explicado que se tratava de uma oportunidade de mercado combinada — bom momento de capitalização, com espaço para expansão das atividades —, havia essa dúvida. O tempo mostrou que a estratégia funcionou. O banco teve forte expansão nas áreas que não dependem de risco, o que fez o volume das operações de sales and trading aumentar, e com isso toda a lucratividade. A expansão do lucro, portanto, tem sido um componente relevante da base de formação capital e da solvência. De forma simples: um banco funcionando como deve funcionar, mesmo com forte ritmo de crescimento.
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