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BTG capta R$ 2,65 bi para acelerar varejo e atacado ao mesmo tempo

Unit sai a R$ 74,40 cada e banco poderá fazer expansão do varejo sem mudar plano para ampliar carteira de crédito

Mesa de trade do escritório do BTG Pactual (BTG Pactual/Divulgação)

Mesa de trade do escritório do BTG Pactual (BTG Pactual/Divulgação)

GV

Graziella Valenti

Publicado em 29 de junho de 2020 às 19h46.

Última atualização em 29 de junho de 2020 às 22h21.

O BTG Pactual agora vai poder pensar em aquisições para o varejo e para sua plataforma digital sem ter que desviar um único centavo do seu plano de aproveitar as oportunidades da crise para ampliar a carteira de crédito. O banco acaba de captar 2,65 bilhões de reais, com a unit (uma cesta com uma ação ON e duas PNs) precificada em 74,40 reais na emissão — um prêmio de 3,5% em relação à cotação de 72 reais, do fechamento anterior ao anúncio da emissão. Foram vendidos todos os papéis da oferta base mais o lote extra.

A pergunta que a direção do BTG Pactual (do mesmo grupo controlador da EXAME) mais ouviu durante o road show com investidores foi: quem vocês pretendem comprar com o dinheiro? A resposta foi que não há um alvo definido, mas algumas possibilidades, conforme o EXAME IN apurou. Embora os recursos também serão direcionados para investimentos em tecnologia.

A ideia é aproveitar o momento para um movimento de consolidação nas plataformas digitais de investimento, para acelerar a expansão do BTG Digital, hoje com cerca de 250 mil clientes, além dos mais de 20 mil na área de wealth management. O maior ativo à venda no mercado no momento é a Guide, controlada pelo conglomerado chinês de investimento Fosun — que também pretende alienar a gestora Rio Bravo. Mas, segundo fontes próximas ao tema, há três ativos sendo “analisados de perto” pelo BTG.

No segmento de varejo, o banco admitiu interesse em consolidar a participação da sócia Caixa no Banco PAN, no qual já é o maior acionista. A fatia do banco público, que pretendia fazer uma oferta de ações para vender esses papéis, é avaliada em cerca de 1,7 bilhão de reais na bolsa e equivale a pouco mais de 30% do capital. “Quando a caixa estiver pronta para vender, o BTG vai estar pronto para comprar”, disse uma fonte.

Durante a apresentação aos investidores, os representantes do banco negaram qualquer possibilidade de compra do Banco Inter, da família Menin, e que tem grandes investidores minoritários que potencialmente podem desinvestir — o fundo Ponta Sul, um dos maiores perdedores com a crise, e o Softbank.

Em fevereiro, o papel do BTG Pactual havia alcançado o teto histórico, a 81,45 por título. Na bolsa, o banco terminou o pregão de sexta-feira avaliado em 76 bilhões de reais — de acordo com dado da própria B3.

A largada na operação de varejo da instituição ocorrerá praticamente em duas etapas, conforme o banco comentou no road show. No fim de setembro, os clientes do BTG Digital e do Wealth, o que representa uma base entre 250 mil e quase 300 mil usuários, poderão ter acesso a um cartão com a placa BTG Pactual.

O BTG Mais, pensado para uma atuação mais abrangente no varejo, só deve ir para rua no primeiro trimestre de 2021, quase um ano mais tarde que o esperado, após uma longa discussão sobre marca e momento, com a chegada da pandemia.

Com o dinheiro novo, o banco não precisa desviar da rota de expandir sua carteira de crédito em pelo menos 10 bilhões de reais ainda este ano, conforme sinalizado na teleconferência de resultados do primeiro trimestre, ante a posição de quase 48 bilhões de reais ao fim de março. A liquidez para essa frente já estava separada: a instituição terminou março com o índice de Basileia, indicador internacional para solvência das instituições,  acima de 19,4%, ante de uma média anterior de 15% — quanto mais alto, melhor. Dos 22,4 bilhões de reais de patrimônio líquido ao fim de março, mais de 80% eram de capital próprio.

 

 

 

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