Light: Após meses travadas, negociações com credores tem avançado de forma mais "construtiva" (Light/Divulgação)
Editora do EXAME IN
Publicado em 17 de novembro de 2023 às 17h29.
Última atualização em 11 de dezembro de 2023 às 17h21.
Oito meses após entrar com pedido de recuperação judicial, a Light finalmente tem uma data para a assembleia geral de credores: 21 de março, com segunda convocação para dia 28 do mesmo mês.
A companhia protocolou hoje um pedido ao juiz responsável pelo processo para aprovação das datas. O prazo original para a convocação da reunião se esgotou em outubro deste ano e a empresa vinha pedindo adiamentos.
Apesar do prazo alongado, a percepção nos bastidores é de que a companhia quer chegar ao encontro com um acordo à prova de balas. “É uma postura de quem está deixando para o máximo do prazo possível para não ter risco de vai-e-vem”, afirma uma fonte que tem participado do processo.
Depois de meses travada, as negociações têm avançado no último mês, com uma postura descrita como “mais construtiva” por fontes que participam das negociações pelo lado dos detentores de dívida.
A companhia depende de um acordo com os acionistas para conseguir renovar suas concessões, que vencem em 2026, junto à Aneel. Em call de resultado na semana passada, o atual CEO da Light, Octávio Lopes, sinalizou que pretende se habilitar para a renovação assim que a Aneel tiver clareza do processo, ainda no primeiro semestre de 2024.
Segundo interlocutores ouvidos pelo Exame In, a ideia é ter um acordo com os credores já desenhado até o fim do deste ano, antes do recesso do judiciário, que vai até meados de janeiro. Os dois meses até a assembleia de credores seriam utilizados para destravar detalhes mais burocráticos do processo, como convocação de assembleias de debenturistas (a empresa tem uma série de emissões que foram vendidas no varejo e estão nas mãos de pessoas físicas).
Após vários meses parada em detalhes processuais, sob novo comando, a Light tem feito uma série de reuniões com credores nas últimas semanas.
A empresa finalmente apresentou suas premissas financeiras – cruciais para que os credores possam estimar o fluxo de caixa disponível para continuar com o processo – e como pretende endereçar pontos-chave, como o elevado patamar de perdas de energia, que são o principal problema da companhia.
Na mesa, está um esboço com a espinha dorsal de acordo, apresentada no começo de setembro. A ideia é que os atuais acionistas de referência – em especial Nelson Tanure – coloquem pelo menos R$ 1 bilhão na companhia, acompanhados de uma conversa de parte da dívida, hoje de mais de R$ 6 bi na mão de debenturistas, em ações.
A maior parcela da dívida terá seu prazo alongado, provavelmente em 10 anos, com uma correção de taxa. A Light chegou a propor IPCA+2%, mas credores querem uma taxa maior.
Agora, as discussões chegaram na fase de discussão de detalhes da proposta, como o patamar de conversão das ações. Os acionistas de referência, que vão entrar com dinheiro novo, têm puxado a corda para ter uma diluição menor no processo.