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Equatorial oferece R$ 67 por ação da Sabesp, 10% abaixo do valor em Bolsa

Companhia fez oferta de R$ 6,87 bilhões por fatia prioritária de 15% que está nas mãos do Estado — frustrando expectativas de investidores que esperavam uma reprecificação da empresa já de largada

 (Rafael Henrique/SOPA Images/LightRocket /Getty Images)

(Rafael Henrique/SOPA Images/LightRocket /Getty Images)

Natalia Viri
Natalia Viri

Editora do EXAME IN

Publicado em 28 de junho de 2024 às 18h47.

Última atualização em 28 de junho de 2024 às 20h13.

Única interessada a apresentar proposta pela fatia prioritária de 15% na oferta de Sabesp, a Equatorial fez uma oferta de R$ 67 por ação, 10% abaixo do valor da companhia em Bolsa – frustrando a expectativa de investidores que esperavam uma reprecificação do ativo logo de largada. A empresa não era avaliada a esse preço em tela desde o fim do ano passado.

Por outro lado, a esse preço a expectativa é que a segunda etapa da oferta, em que 17% da companhia vai ser levada a investidores pulverizados no mercado, já nasça múltiplas vezes coberta.

O preço estabelecido pelo acionista de referência, que fica amarrado com o Estado até 2030 e pode indicar CEO e chairman, é o teto para a segunda etapa da operação.

“Vai ser uma correria para conseguir alocação”, diz o gestor de um grande fundo de ações local.

Ao valor ofertado pela Equatorial, a fatia prioritária foi avaliada em R$ 6,87 bilhões, que vão para o Estado. Ao mesmo preço, a segunda parcela, de mercado, sairia a cerca de R$ 8 bi. 

Em coletiva de imprensa que acontece agora em Londres, onde o governo está para fazer o roadshow da oferta, o governador Tarcísio de Freitas afirmou que está satisfeito com o processo.

"É comum numa oferta pública que os investidores manifestem interesse e depois acabem saindo do processo", disse. "O acionista de referência não tem o controle, nós sempre dissemos isso, ele tem lock-up, acordo de acionista. É natural que isso seja uma questão para alguns investidores."

"É natural o desconto em relação a tela, dado o lock-up, os investimentos que precisam ser feitos", acrescentou. De acordo com ele, o preço está superando "de maneira relevante" o que o governo tinha marcado no orçamento, considerando a fatia total de 32% a ser vendida na oferta.

"Nosso objetivo sempre foi ter um modelo que nos garantisse mais investimentos e um acionista de referência que garantisse boa governança e gestão, pensando na universalização dentro do nosso critério de redução tarifária para os mais vulneráveis", apontou a secretária de Infraestrutura e Meio Ambiente do Estado, Natalia Resende. "Nunca foi um leilão, sempre foi uma oferta, um bookbuilding."

Segundo ela, a possibilidade de ter apenas um investidor de referência no páreo sempre foi uma possibilidade, já prevista inclusive no prospecto da oferta. Nos três cenários previstos, estava também o de não haver interesados na fatia prioritária e a fatia de 32% a ser vendida ser levada integralmente a mercado. A Aegea foi uma das empresas que mais se engajou no processo, mas acabou saindo aos 45 do segundo tempo.

Agora, a partir de segunda-feira, começa o processo de bookbuilding no mercado, em que tanto governo quanto a Equatorial irão começar a conversar com investidores interessados outra fatia, desta vez de 17%.

A oferta, que prometia ser uma competição entre dois investidores, agora vai se tornar um jogo de mostrar o potencial da Sabesp sob o novo modelo regulatório, que incentiva a captura de eficiências, e sob nova direção. A precificação acontece em 18 de julho. 

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