Petroquímica Braskem: momento emblemático da companhia desperta minoritários (Luke Sharrett/Bloomberg)
Graziella Valenti
Publicado em 11 de maio de 2020 às 08h56.
Última atualização em 12 de junho de 2020 às 15h56.
A Braskem, petroquímica controlada pelo grupo Odebrecht em sociedade com a Petrobras, com receita líquida de 52 bilhões de reais em 2019, é o mais novo alvo de ativismo de acionistas minoritários. O empresário e investidor Lírio Parisotto e a gestora de recursos Alaska fizeram indicações para o conselho de administração e fiscal da empresa, para eleição separadamente. A assembleia geral ordinária da companhia está prevista para o próximo dia 29.
Foram indicados, o advogado Walter Albertoni, que atuou na Associação de Investidores no Mercado de Capitais (Amec) e como conselheiro fiscal da Petrobras, para a vaga de acionistas ordinaristas, e o próprio Parisotto, para a vaga de preferencialistas. Já para o conselho fiscal da companhia, por recomendação de preferencialistas, foi indicada a ex-presidente do Instituto Brasileiro de Governança Corporativa (IBGC) Heloisa Bedicks – tendo Reginaldo Alexandre como seu suplente.
As indicações chegam em momento emblemático da companhia. A petroquímica é hoje o ativo de maior valor do grupo Odebrecht. O conglomerado se comprometeu a vender o controle do negócio dentro de um período de três anos como parte do processo de reestruturação de 55 bilhões de reais em dívidas. Desde 2016, a fatia que a Odebrecht tem na companhia, de 38% do capital total, foi dada em garantia para cinco bancos credores – Itaú, Bradesco, Santander, Banco do Brasil e BNDES.
Além da venda, a Odebrecht precisa dos dividendos da petroquímica para compor seu caixa, conforme acordo selado com as instituições financeiras.
Na Bolsa, a Braskem está avaliada em aproximadamente 16 bilhões de reais. A companhia, no auge do ciclo positivo do setor petroquímico e perto de ser adquirida pela LyondellBasell (transação que não se concretizou), chegou a valer cerca de 49 bilhões de reais na bolsa, em setembro de 2018.
Desde o começo deste ano, Odebrecht e Petrobras discutem uma reformulação da governança da Braskem, com a perspectiva de listar a empresa no Novo Mercado da B3.
No documento em que comunica a inclusão dos nomes no material da assembleia, a Braskem afirma que Parisotto, se eleito, não será considerado membro independente, pois como controlador da Videolar-Innova, fabricante de resinas plásticas, possui vínculos comerciais com a empresa “em magnitude que compromete a independência”.
Nem Parisotto, nem a Alaska estão presentes no formulário de referência da Braskem como investidores com participações superiores a 5% no capital da Braskem. A gestora do renomado Alaska Black já deteve fatia maior que esse percentual, mas vende parte de sua posição no fim de março deste ano.
Parisotto, além de dono da Innova, é autor de ação contra a Odebrecht, em nome da Braskem, que busca ressarcimento de 3,6 bilhões de reais à empresa em razão do que alega serem prejuízo sofridos pela Operação Lava-Jato por atos promovidos pela gestão da controladora.