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Brasil vai pagar aposentados no Canadá: Ontario's leva Evoltz por R$ 3bi

Evoltz, de transmissão de energia, marca entrada de um dos mais tradicionais fundos de pensão do mundo em infraestrutura no Brasil

Linha de transmissão: Evoltz vai virar plataforma para OTPP investir no setor no Brasil, no melhor estilo canadense (Marcello Casal Jr./Agência Brasil)

Linha de transmissão: Evoltz vai virar plataforma para OTPP investir no setor no Brasil, no melhor estilo canadense (Marcello Casal Jr./Agência Brasil)

GV

Graziella Valenti

Publicado em 11 de maio de 2021 às 22h13.

Última atualização em 12 de maio de 2021 às 07h22.

O setor de infraestrutura no Brasil vai pagar aposentadoria dos canadenses. Depois do Canada Pension Plan Investments (CPPI) investir na Iguá Saneamento e deixar claro que o cheque disponível pode chegar a R$ 10 bilhões só para esse negócio, foi a vez do Ontario Teachers Pension Plan (OTPP), um gigante com mais de 220 bilhões em ativos, ou R$ 750 bilhões, acreditar no país. E, no longo prazo.

A OTPP pagou cerca de R$ 2 bilhões para assumir 100% da Evoltz, que pertencia ao americano Texas Pacific Group (TPG). Com o negócio, agrega ao seu portfólio uma plataforma com sete linhas de transmissão, num total de 3.500 quilômetros de extensão, e que cruzam dez estados da federação. Vai junto uma dívida pouco superior a R$ 1 bilhão, o que amplia o total da transação para R$ 3 bilhões. O movimento é simbólico. Trata-se do primeiro investimento do Ontario Teachers, um dos mais tradicionais fundos de pensão do mundo, em infraestrutura no Brasil.

A transação foi anunciada na segunda-feira, dia 10, mas o mercado não conhecia os termos financeiros. A Evoltz é a companhia que nasceu da aquisição dos ativos de transmissão da Abengoa, em 2018. Na época, o TPG pagou R$ 480 milhões pelo negócio e levou junto uma dívida da ordem de R$ 1,3 bilhão. Considerando apenas o valor das ações, multiplicou por 4 o capital investido em três anos.

O endividamento da Evoltz está igual, mas diferente. Os compromissos foram refinanciados por meio de duas emissões de debêntures, que alongaram o prazo dos vencimentos para 2026 e 2030 (maior fatia).

Desde o começo, o TPG deixou claro que seu objetivo era comprar o negócio, arrumar a casa, criar uma empresa a partir de um pacote de ativos, e vender. Tudo bem rapidinho. A aquisição foi feita dentro do processo de recuperação judicial da Abengoa.

Agora, a expectativa é que a OTPP, no melhor estilo canadense, veja na Evoltz uma plataforma de crescimento e que a companhia tenha condições para expandir sua atuação no setor. O segmento de transmissão é a menina dos olhos de diversos investidores do setor, pela capacidade de geração de caixa.

Na Iguá, além da CPP está mais um fundo do Canadá, o Alberta Investment Management Corporation (AimCo), o primeiro a apostar no ativo, na reestruturação da dívida financeira com a IG4 Capital. O capital canadense chega ao setor de infraestrutura do país no melhor estilo de dinheiro paciente, ligado a um passivo que nunca vence — é assim que os fundos de pensão são vistos.

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