Bradesco: Lazari teve passagem de apenas cinco anos pelo banco, conhecido por CEOs longevos (Henrique/SOPA Images/Getty Images)
Editora do EXAME IN
Publicado em 23 de novembro de 2023 às 10h27.
Última atualização em 11 de dezembro de 2023 às 17h17.
Num movimento inesperado, o Bradesco acaba de anunciar a troca no seu comando: Marcelo Noronha, atual VP de varejo, vai assumir como CEO no lugar de Octávio de Lazari, que ficou apenas cinco anos à frente do cargo.
A sucessão aconteceu de forma atípica para o banco, que sempre teve um histórico de poucos e longevos CEOs, que normalmente ficam até o limite de idade estabelecido pelo estatuto da companhia, de 65 anos (Lazari tem 59).
No fato relevante publicado há pouco, o Bradesco afirma que Noronha já foi promovido ao cargo de CEO e não faz menção a períodos de transição entre comandos, como aconteceu em outros períodos.
A troca ‘surpresa’ vem num momento de resultados fracos para o banco, com balanço pressionado pela inadimplência e queda na carteira de crédito. A ação negocia a apenas uma vez o seu valor patrimonial, na mínima histórica. O retorno sobre patrimônio (ROE) no último trimestre foi de apenas 11,3%, quase a metade do percentual apresentado pelos concorrentes Itaú e Banco do Brasil.
“A indicação do senhor Marcelo decorreu de sua vasta experiência profissional adquirida ao longo de mais de 38 anos no mercado financeiro, 20 dos quais dedicados à Organização Bradesco”, disse o banco no documento.
Noronha já era um dos favoritos para assumir a cadeira de CEO quando Lazari assumiu em 2018, em substituição a Luiz Carlos Trabuco, que ficou nove anos no cargo. Há pouco mais de um ano, ganhou ainda mais protagonismo na empresa, passando da vice-presidente de atacado e cartões para a o cargo de VP de varejo, o core business do banco.
Segundo o fato relevante, Lazari está “oportunamente” indicado ao conselho de administração do banco.
A movimentação agradou o mercado: as ações do banco abriram o dia em alta de mais de 5%.
Apesar de a troca ter agradado os investidores, um gestor pondera que perfil de Noronha não difere muito do histórico do banco. "O cenário competitivo para os bancos mudou muito e o que fez o sucesso do Bradesco lá atrás não vai fazer mais daqui para a frente. Talvez fosse o momento de trazer alguém de fora do banco para chacoalhar as coisas", pondera.