Todas as linhas dedicadas às pessoas físicas cresceram em 12 meses até maio, mas puxadas por cartões (Reprodução/Reprodução)
Angela Bittencourt
Publicado em 9 de julho de 2021 às 08h59.
Última atualização em 11 de julho de 2021 às 09h59.
Uma legião de consumidores resilientes à pandemia deu trabalho para valer aos maiores bancos do país. Bradesco e Santander participaram da jornada de pessoas físicas e famílias que não entregaram os pontos e decidiram ir à luta para empreender, garantir pequenos negócios e a casa própria. O crédito imobiliário e o financiamento de pequenas caminhonetes, motos, equipamentos de energia solar e agronegócios dispararam.
O abre e fecha da economia imposto pelo distanciamento social nos períodos de recrudescimento da Covid-19 no ano passado e neste ano provocou mudança de hábitos, mas não inibiu o vaivém de brasileiros por vitrines virtuais. Eles tampouco ignoraram facilidades para obter crédito. Em algumas linhas, contratados a juros historicamente baixos – caso do imobiliário.
Em 12 meses, até maio deste ano, todas as linhas dedicadas às pessoas físicas cresceram. Inicialmente, as operações foram puxadas por cartões de crédito que, para pagamento à vista, saltaram 40,6%, para um total de R$ 228 bilhões. Em valor nominal, o crédito imobiliário atingiu R$ 749,8 bilhões, expansão de 13,6% também em 12 meses. Financiamento para aquisição de veículos aumentou 10,9%, para R$226,7 bilhões, enquanto para a compra de outros bens disparou 40,7%, mas para um montante ainda modesto de R$ 17 bilhões. Caçula da turma, o microcrédito foi ampliado em 26,1% para R$ 8,5 bilhões e tirou muita gente do sufoco.
“O primeiro semestre terminou bem forte nas linhas de consumo e o segundo semestre vai na mesma direção. A pandemia fez com que todos se reiventassem também nos negócios. Ficamos mais próximos dos clientes e a digitalização – já em curso, mas que teria implantação em dez anos – foi trazida a valor presente”, relata Leandro Diniz, diretor do Departamento de Empréstimos e Financiamentos do Bradesco ao EXAME IN. O departamento, que contava com um elenco de 400 a 500 funcionários no início da pandemia, hoje tem 1000. “Metade cuida das demandas do dia a dia e metade dos colaboradores dedica-se aos processos de transformação digital.”
Diniz afirma que a mudança de comportamento dos clientes não passou e não passa despercebida. O interesse migrou de serviços para bens duráveis. “Tivemos um mês de junho histórico em alguns segmentos de crédito. O crédito consignado também cresce forte. Estamos seguindo agora para o financiamento da safra. Toda a cadeia do agronegócio manteve a demanda por crédito, assim como o setor imobiliário. Como maior gestor de financiamento de empreendimentos imobiliários no país, não registramos a paralisação de qualquer obra desde o início da pandemia. Um total de 840 obras no país inteiro. E, no ano passado, dobramos o microcrédito. A meta é dobrar novamente em 2021.”
O diretor do Bradesco avalia que as revisões para o crescimento da economia neste ano e no ano que vem ajudam a manter o ambiente positivo para os negócios. Ele destaca que a economia e o uso da tecnologia se fortalecendo, especialmente com o uso intensivo do celular, colaboram para uma dinâmica favorável e para agilidade das operações. Diniz conta que o Bradesco usa, há dois anos, algoritmos na análise de crédito. E lembra que a instituição foi a primeira a disponibilizar crédito no Pix. “E com operações aprovadas em seis segundos”, comemora.
Por sua vez, o Santander construiu parcerias com varejistas para atender prontamente a demanda por crédito. “Temos hoje 16 mil parceiros de bens e serviços em todo o Brasil, entre fornecedores de equipamentos de saúde, lojas de móveis, entre outras. Dessa forma, conseguimos atender clientes, correntistas ou não correntistas do banco, financiando suas compras nessas lojas em até 24 parcelas”, informa Cassio Schmitt, diretor de Produtos de Crédito do banco – o terceiro maior privado do país.
Em entrevista ao EXAME IN, o executivo pondera que ainda há um enorme espaço para crescer nas lojas físicas, por isso o Santander ampliou sua equipe comercial. “Com o avanço da vacinação, acreditamos na retomada mais forte da atividade econômica, e no aumento das compras nas lojas. Além disso, em 2022, vamos acelerar a integração das nossas soluções de financiamento ao comércio eletrônico.”
O Santander tem crescido de forma destacada em agronegócios e no setor imobiliário, tem parcerias também com fornecedores de energia solar para fins residenciais – segmento que registra firme demanda por financiamento de equipamentos que reduzem em muito o custo da conta de luz. “Os financiamentos para compra de imóveis e para reformas têm sido muito relevantes para puxar toda a cadeia de produtos do setor, como a de materiais de construção e de móveis”, afirma Schmitt.
O executivo do Santander acredita que a linha de crédito correta de acordo com o momento de vida do cliente pode ser um apoio para a realização dos seus projetos e para a construção de sonhos. Questionado sobre o nível de comprometimento da renda dos tomadores, Schmitt avalia que “algo em torno de 30% pode ser adequado, diretor do Santander avalia que um comprometimento de renda de tomadores em torno de 30% pode ser adequado, desde que os tomadores consigam fazer uma gestão adequada de sua vida financeira”.
Sobre o aumento do nível de endividamento no país, o executivo do Santander diz ser importante registrar que considerando o crédito imobiliário – operação de prazo mais longo – o endividamento dos brasileiros sobre sua renda líquida ainda é baixo comparado com o endividamento das famílias em outros países, que supera os 100%.
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