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“Bolsa brasileira está descontada sob qualquer ângulo”, diz chefe de wealth do UBS

Divisão do banco começou a tomar mais risco no Brasil em fevereiro, diante de perspectivas mais “realistas” em relação à queda de juros nos Estados Unidos

 (Germano Luders/Exame)

(Germano Luders/Exame)

Karina Souza
Karina Souza

Repórter Exame IN

Publicado em 21 de março de 2024 às 16h02.

Os comunicados do Fed e do Copom mexeram pouco na visão de Luciano Telo, executivo-chefe de investimentos para o Brasil no UBS Global Wealth Management, para as carteiras em reais neste início de ano. 

Em fevereiro, a divisão começou a tomar mais risco na bolsa local, chegando a aproximadamente 12,5% da carteira média — uma proporção que deve se manter daqui para frente.

“No final de 2023, a gente tinha a visão de que o mercado estava mais animado do que deveria com os possíveis cortes de juros nos EUA, graças à comunicação do Fed em novembro e dezembro, que foi muito leve”, aponta o gestor. 

Nesse cenário, o banco ficou mais restrito a risco – o que se mostrou uma decisão acertada com a ressaca da revisão do consenso em janeiro. De lá para cá, o cenário mudou. 

“Em fevereiro, consideramos que as expectativas em relação a possíveis cortes de juros ficaram mais alinhadas, o que nos trouxe conforto para expor ao risco”, diz.

Além da projeção de juros mais alinhada e “mais realista”, na visão do executivo, o risco minimizado de uma recessão nos Estados Unidos também é um componente importante nessa conta. 

A visão do banco é a de que, por mais que as leituras recentes de inflação tenham sido um pouco piores do que o mercado projetava, a história de que a economia americana está desacelerando é consistente. 

“Quem estava esperando colocar dinheiro na renda fixa lá fora, por exemplo, comprar um título do tesouro americano e esperar um ganho de capital rápido, já descartou essa possibilidade. Mas, mesmo assim, vale a pena carregar esses títulos, de olho no crescimento econômico dos Estados Unidos”, avalia.

A alocação no Brasil

É um cenário que tem desdobramentos para o Brasil. Enquanto o corte de juros lá fora não vem — mas com a perspectiva de que ele aconteça ainda em 2024 — o UBS WM concentrou as alocações por aqui em duas classes de ativos: bolsa local e juro real

Na B3, as principais escolhas são de ações líquidas, numa composição próxima ao Ibovespa. “Em qualquer ângulo que você olhe, a bolsa brasileira está bastante descontada em relação ao histórico. Estamos há muito tempo sem atrair investimentos, o que não é comum para momentos de cortes de juros no Brasil”, afirma. 

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Nesse contexto, mais do que o ritmo de cortes de juros domésticos – que pode diminuir, a ver a última ata do Copom – o fiel da balança serão as decisões do banco central americano. 

“Qualquer ativo brasileiro que escolher para ter posição próximo ao índice da bolsa, no final, com uma decisão mais clara dos Estados Unidos sobre corte de juros, vai andar.”

Hoje, além da renda variável local, a carteira média do UBS WM tem 25% de ativos ligados à inflação, 15% em ativos prefixados locais, 7,5% de posições no exterior (bolsa e renda fixa), outros 25% em multimercado e 15% em ativos ligados ao crédito — nos quais estão incluídas debêntures de infraestrutura.

“A gente gosta muito de ativos atrelados à inflação principalmente porque partem de um juro real alto, de 5,75% ao ano”, aponta. 

O cenário, de modo geral, é de otimismo. “Em um ano de queda de juros, inflação sob controle e crescimento costuma ser um ano construtivo para carteiras diversificadas. Por enquanto, o rendimento ainda está abaixo do CDI, comparando índices como o IMA-B e o Ibovespa, mas estamos mais preocupados com o fechamento do ano do que nesses efeitos pontuais de início de ano”, diz Telo.

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