No Relatório de Pesquisa em Economia e Finanças, o BC elege as publicações mais prestigiadas do mundo (Dado Ruvic/Reuters)
Angela Bittencourt
Publicado em 12 de maio de 2021 às 19h04.
Última atualização em 12 de maio de 2021 às 19h10.
Quem pensa que “AAA” é apenas uma classificação de agências de rating para países e empresas vai se surpreender com o Banco Central (BC) que colocou a modéstia de lado e fez seu próprio ranking das publicações mais reconhecidas pela comunidade acadêmica sobre macroeconomia e economia monetária.
A instituição elegeu como a melhor publicação entre 22 periódicos dedicados a esses temas, o The Quartely Journal of Economics. De 59 trabalhos divulgados nessas quase duas dúzias de jornais e revistas especializadas, mais da metade foi produzida por técnicos do BC do Brasil e com variadas abordagens. O espaço foi dedicado, entre outros assuntos, ao impacto de notícias de política monetária sobre os preços de ativos financeiros, reestruturação de crédito no país, alavancagem das instituições financeiras durante a crise financeira global de 2008/2009 e a sincronia dos ciclos de preço de commodities e da atividade econômica global — aliás, destaque na mídia especializada no mundo inteiro nesses tempos de recordes sobre recordes do minério de ferro que se espraia a outras commodities metálicas e com impacto sobre as agrícolas.
A compilação dos artigos, em português e inglês, foi apresentada hoje no Relatório de Pesquisa em Economia e Finanças, elaborado pelo Departamento de Estudos e Pesquisas (Depep) — altamente prestigiado por sua excelência técnica que apoia o comando do BC em suas decisões.
O documento mostra um BC com bala na agulha. Alia o conhecimento técnico à pesquisa prática que mede a temperatura do mercado no “esquenta” do Copom. Hoje, a instituição divulgou projeções de 95 bancos e consultorias sobre a evolução da Selic e indicadores econômicos, incluindo hiato do produto, uma medida que aponta a capacidade de crescimento sem pressões inflacionárias pela existência de ociosidade na economia. Para a maioria de 75 casas que responderam sobre o tema, a “folga” que comporta a expansão do PIB sem inflação adicional termina em 2023.
A pesquisa pré-Copom, detalhada em números pelo BC pela primeira vez, mostra que a maioria absoluta dos analistas entrevistados (94%) contava com aumento de 0,75 ponto percentual na Selic, para 3,50%, confirmado pelo Copom. A projeção para o juro básico no fim de 2022 estava em 6,25% em 23 de abril — data de resposta encaminhada pelos participantes — ante estimativa mediana para inflação de 3,6%. Considerando que o Copom já prepara o terreno monetário para 2022 em suas decisões sobre a Selic, as indicações do mercado são de que o juro nominal caminhará para um nível de equilíbrio acima de 6% e o juro real deverá superar 2%. Mas não agora. A sinalização do comitê foi clara em sua Ata: Selic de 4,25% será alcançada. Daí em diante, a ver. Mas o mercado financeiro já deu ao BC uma ajuda e tanto para a construção de cenários.
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