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Avon podia ter salvado Natura do tombo, mas ainda não estava pronta

Marca mais acessível tinha chances de capturar venda em meio a queda no consumo do mercado de beleza — mas está em hiato

Avon: marca teve queda de quase 18% nas vendas do 3º trimestre (Michal Fludra/Getty Images)

Avon: marca teve queda de quase 18% nas vendas do 3º trimestre (Michal Fludra/Getty Images)

Mitchel Diniz
Mitchel Diniz

Editor de Invest

Publicado em 11 de novembro de 2025 às 12h23.

A desaceleração do consumo no mercado de beleza foi mais intensa do que a Natura esperava e contribuiu com o balanço fraco da companhia no terceiro trimestre.

"O mercado diminuiu seu ritmo de forma importante. Foi algo que nos surpreendeu negativamente. Ajustamos nossa oferta para acompanhar esse contexto, mas não foi suficiente", disse João Paulo Ferreira, CEO da companhia, em entrevista coletiva sobre o balanço.

A macroeconomia, segundo o executivo, foi um dos motivos para a baixa nos resultados. O balanço também foi impactado pela integração de operações no México e na Argentina, conhecida como Onda 2. Nesses mercados, as receitas também caíram, sobretudo no mercado argentino.

Por outro lado, as despesas permanecem acima dos níveis de 2024. A Natura está gastando mais com sistemas de integração de logística e digitalização de canais. "São investimentos que optamos por manter, dado que o valor econômico que isso vai gerar é muito importante", diz o CEO.

A gestão da Natura reconhece que a Avon poderia ter melhorado essa fotografia de alguma forma.

Mais acessível em termos de preço do que os produtos de sua marca mãe, a Avon está sendo penalizada por falta de inovação.

"Estamos em pleno hiato do portfólio antigo para o novo. Por isso a Avon não teve condições adequadas para capturar mudanças no consumo", disse o CEO da Natura.

Um quinto da marca principal

No Brasil, a receita da Avon ainda não chega a um quinto da receita obtida com a marca Natura. No terceiro trimestre, enquanto uma faturou R$ 437 milhões, a outra somou R$ 2,66 bilhões.

Mas a queda foi muito mais intensa em Avon, que recuou 17,3% no terceiro trimestre, enquanto a receita de Natura ficou praticamente estável.

No quarto trimestre também não haverá novidades no portfólio da marca. A Avon está em um processo de gestação e será relançada em um algum momento no primeiro semestre do ano que vem. Questionado pela EXAME se os preços vão ficar mais caros na nova roupagem, o CEO garantiu:

"Mesmo que o relançamento traga novidades, vai continuar sendo uma marca fundamentalmente acessível".

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