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‘Até os pessimistas têm um limite’: BofA eleva Vale para 'compra'; ações sobem 1,79%

Taxação dos Estados Unidos aumenta a probabilidade de estímulo à economia chinesa, aponta o banco

Vale: Empresa voltou a superar a expectativa e não a frustá-las, aponta o BofA (Victor Fagundes/ Sede-MG/Divulgação)

Vale: Empresa voltou a superar a expectativa e não a frustá-las, aponta o BofA (Victor Fagundes/ Sede-MG/Divulgação)

Publicado em 10 de abril de 2025 às 16h19.

Última atualização em 10 de abril de 2025 às 20h00.

O caos nas perspectivas para a economia global em meio ao tarifaço de Trump trouxe uma boa incerteza para os preços das commodities.

Mas até os pessimistas têm um limite, afimou hoje o Bank of America Merrill Lynch (BofA) em relatório.

Após uma queda considerável nas cotações da Vale nos últimos pregões, o banco elevou sua recomendação para os papéis da mineradora de 'neutro' para 'compra'. Nas contas da instituição, aos valores atuais, a companhia está sendo negociada a preços implícitos de minério que muito abaixo do razoável.

"Sim, o projeto de Simandou está vindo, e, sim, a produção de aço da China está em declínio, mas US$ 79 pot tonelada é muito abaixo do spot e muito abaixo das nossas projeções de US$ 96/t e US$ 90/t para 2025 e 2026, respectivamente", disse a equipe liderada por Caio Ribeiro.

Há também uma expectativa de efeito-rebote das tarifas impostas por Trymp. "A taxação dos Estados Unidos na China também aumenta a probabilidade de estímulo à economia chinesa", ponderam os analistas do banco que estão na China.

O preço-alvo para os ADRs, recibos de ações negociados em Nova York, saiu de US$ 11 para US$ 11,50 – potencial de alta de 30%. Já a projeção para os papéis listados no Brasil saiu de R$ 68 para US$ 71 ao fim do ano, um upside de 34%.

Hoje, as ações negociadas na B3 tiveram alta de 1,79%, respondendo também ao avanço do minério de ferro no mercado chinês, que fechou o dia com valorização de 3%.

Além do preço do minério, o BofA também reconhece uma redução de risco significativa na história da Vale, após a superação de várias incertezas que pairavam sobre a companhia.

"A sucessão de CEO foi concluída com uma nova e altamente respeitada equipe de gestão, incluindo a dupla Gustavo Pimenta e Marcelo Bacci como CEO e CFO, respectivamente. O acordo de Mariana foi finalizado com dispêndios abaixo do esperado por nós e pelo mercado. A disputa  em relação à concessão ferroviária também acabou", afirmam.

O foco da nova administração em eficiência e na ancoragem das expectativas também está surtindo resultado.

"Essa é a primeira vez em alguns anos que o guidance de custo e de produção da Vale está, sem sombra de dúvidas, conservador e nossas interações com investidores tem sido sempre no tom de que a companhia superar e não frustrar as expectativas", ressaltou a equipe do BofA.

O banco vê a companha negociada a um múltiplo de apenas 4,2 vezes EV/EBITDA (indicador que relaciona o valor da empresa com o lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização), muito abaixo da média de mais de cinco vezes dos últimos cinco anos.

"O valuation parece atrativo sob qualquer ângulo", apontam os analistas.

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