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As ações preferidas do ASA num mercado conturbado: “Não existe bolsa barata com juros a 15%”

Gestora aposta em construtoras voltadas a baixa renda e empresas de infraestrutura, que podem se beneficiar do fim do ciclo da alta da Selic, diz Marcelo Nantes

Nantes, gestor de renda variável: Direcional, Cury e Gerdau entre as principais apostas

Nantes, gestor de renda variável: Direcional, Cury e Gerdau entre as principais apostas

Mitchel Diniz
Mitchel Diniz

Editor de Invest

Publicado em 25 de julho de 2025 às 19h09.

Última atualização em 25 de julho de 2025 às 19h31.

A carteira de ações do fundo long only do ASA passou por mudanças recentes. A exposição a setores mais expostos a commodities e ligados ao PIB diminuiu. A participação de construtoras de baixa renda e ações de empresas de infraestrutura no portfólio, por outro lado, aumentou.

As tensões institucionais entre Brasil e Estados Unidos somadas a outras questões internas, como a agenda fiscal reverberando em desgastes entre executivo e legislativos, motivaram as recentes realocações.

Tudo feito sob a batuta de Marcelo Nantes de Souza,  head de renda variável da gestora. Os cotistas são investidores institucionais brasileiros e, segundo Nantes, o fundo foi pouco impactado pela onda de resgates que assolou essa indústria nos últimos anos.

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Ele, contudo, reconhece: ao contrário do que muitos vem dizendo, a bolsa não está tão descontada assim. "Não existe bolsa barata com juros a 15%", disparou, em entrevista ao INSIGHT.

Ainda que as empresas estejam sendo negociadas a múltiplos abaixo das médias históricas, elas não seriam capazes de entregar crescimento aos investidores com a Selic em patamares elevados, diz Nantes.

"Como uma empresa vai entregar retorno ao acionista financiando crescimento com juros a 15%?".

Para o gestor, o consumo também é afetado pela Selic nas alturas. "Em vez de comprar um carro, o cara põe na renda fixa, rendendo 15% livre de risco".

Nesse sentido, as construtoras de baixa renda aparecem como uma opção de investimento, na visão do gestor, por trabalharem com juros subsidiados.

Direcional, Cury e Cyrela estão entre as preferências. Nantes diz que MRV não entra na lista por ter um balanço poluído pela operação nos Estados Unidos, a Resia.

Mesmo tendo reconhecido perdas, a companhia, segundo ele, perdeu vantagem competitiva ao decidir operar em um mercado já saturado de concorrentes.

Já a preferência por empresas de infraestrutura, como Rumo, Ecorodovias, Motiva e Hidrovias do Brasil, tem a ver com a expectativa de cortes na Selic. "Com os juros caindo, a dívida delas melhora", diz o gestor.

Correndo por fora está Gerdau, destacada por Nantes por ter "metade dos lucros vindo dos Estados Unidos". Segundo ele, o impacto de um tarifaço sobre a produção brasileira seria facilmente compensado pela produção americana. Ao contrário de Usiminas, mais exposta ao Brasil, que sofre com importação de aço da China.

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