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Após prejuízo, Burger King tenta convencer com alta de 300% no delivery

Pandemia contaminou balanço do primeiro trimestre, que trouxe prejuízo de 55,6 milhões de reais e queima de caixa de 174 milhões de reais

Burger King: esforço para fortalecer canais de entregas para o durante e o pós-pandemia (Karin Salomão/Exame)

Burger King: esforço para fortalecer canais de entregas para o durante e o pós-pandemia (Karin Salomão/Exame)

GV

Graziella Valenti

Publicado em 28 de maio de 2020 às 20h39.

Última atualização em 28 de maio de 2020 às 20h51.

O Burger King Brasil, ou BK Brasil, acaba de anunciar que as vendas de delivery em abril e maio tiveram aumento de 300% em relação ao mesmo período do ano passado. A companhia afirma que drive thru e entregas representaram 85% do total comercializado nesses meses. Mas nada de valores absolutos.

Esses são os dados que as empresas de consumo mais gostam de contar na dinâmica pós-pandemia e aos quais os investidores mais gostam de se agarrar. A partir de meados de março, a BK Brasil teve de fechar a atividade de salão de 65% de suas unidades. Apesar do entusiasmo momentâneo, a dúvida do investidor de longo prazo sempre é: mas e a margem?  É dela que vai sair o quinhão dos acionistas.

Mesmo com os destaques “positivos” na linha de receita fora das lojas, a covid-19 já se fez presente — e de forma negativa — no balanço de janeiro a março. No acumulado de janeiro a março, houve queda de 2,4% na receita líquida, para 649 milhões de reais, e um prejuízo de quase 56 milhões de reais, ante lucro de 3,1 milhões, em igual período de 2019.

Pior ainda: houve queima de quase 174 milhões de reais no fluxo de caixa, comparado a um consumo de recursos de 58 milhões no primeiro trimestre do ano passado. No fechamento de março, de acordo com o balanço patrimonial consolidado, a empresa tinha em caixa e aplicações 468 milhões de reais, para um total de 691,5 milhões de reais em compromissos financeiros.

A BK Brasil, que representa as unidades do Burger King e da rede Popeyes no país, diz que percebeu “uma forte aceleração das vendas, tanto em delivery, quanto em drive-thru, que atingiram consistentemente recordes históricos semana pós semana”, nos primeiros 45 dias do segundo trimestre.

De acordo com “a mensagem da administração” que acompanhou a divulgação dos resultados do primeiro trimestre, esses canais “ajudaram” a companhia a crescer aproximadamente 20% na segunda quinzena de abril, ante a primeira, e 23% na primeira semana de maio, frente ao mesmo período de abril. Será possível entender melhor tantas contas na teleconferência amanhã, a partir das 11 horas.

Além dos números a respeito dos canais digitais, a BK Brasil afirma que a receita em algumas unidades abertas já superou o mesmo período do ano passado.

Nessa semana, as ações da companhia vinham em destaque na B3, na esteira de um relatório divulgado pelo JP Morgan a respeito das redes de restaurantes nos Estados Unidos. Os analistas, que visitaram diversas unidades, perceberam que as vendas das lojas físicas estavam em níveis entre 20% e 50% maiores do que o piso verificado em março e sem redução do movimento no drive-thru e nas entregas.

Hoje, porém, os papéis da BK Brasil recuaram 5,60%, deixando o valor de mercado da empresa em 2,67 bilhões de reais.

 

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