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Ânima traz executiva 'forjada no aço' como nova CEO

Conselheira Paula Harraca, ex-ArcelorMittal, é a primeira não fundadora a assumir a presidência da companhia; mudança marca virada do turnaround financeiro para fortalecimento de marcas e crescimento de receita

Harraca fez carreira de mais de 20 anos na ArcelorMittal, à frente das áreas de inovação, gente e ESG (Daniel Mag/ Ânima/Divulgação)

Harraca fez carreira de mais de 20 anos na ArcelorMittal, à frente das áreas de inovação, gente e ESG (Daniel Mag/ Ânima/Divulgação)

Natalia Viri
Natalia Viri

Editora do EXAME IN

Publicado em 27 de junho de 2024 às 18h14.

Última atualização em 27 de junho de 2024 às 18h27.

A Ânima Educação acaba de anunciar a troca de CEO, com dois movimentos inéditos na sua história. É a primeira vez que uma mulher vai assumir o comando da empresa da educação e que o cargo será ocupado por uma pessoa que não faz parte do time de fundadores.

Após um processo de seleção que levou cerca de um ano, a empresa de educação trouxe para seu comando Paula Harraca, uma executiva com carreira de mais de 20 anos na ArcelorMittal, onde chegou à posição de ‘chief future officer’, liderando as áreas de inovação, pessoas e ESG. Ela saiu da siderúrgica em março de 2023.

A executiva já estava no conselho de administração da Ânima desde janeiro e há mais de dois anos fazia parte do conselho consultivo da UNA, de Belo Horizonte. Ela vai substituir Marcelo Battistella Bueno, um dos fundadores da rede – que reúne marcas como Anhembi Morumbi, São Judas e Faergs –, ao lado de Daniel Castanho.

“Minha missão aqui é dar um passo adiante e fortalecer as marcas, reforçando o posicionamento competitivo de qualidade da Ânima e potencializando nosso ecossistema de ensino”, diz Harraca, natural de Rosário, na Argentina, e filha de uma professora universitária que acaba de aposentar, após 50 anos de magistério.

A transição marca um novo momento na história da Ânima, que está concluindo um turnaround financeiro depois do baque da covid e da aquisição da Laureate, efetuada em 2021.

“A companhia está pronta para esse novo momento, de crescimento de receita, de expansão. E a Paula é executiva certa para isso”, afirma Bueno.

Numa carta escrita aos funcionários e stakeholders da companhia, batizada de “Esperançar”, o  fundador resumiu as habilidades da nova CEO:

“Estamos prontos para esse novo momento, trazendo uma mulher que literalmente foi forjada no aço, com mais de uma década de experiência na ArcelorMittal, que é uma referência, referência em produtividade, referência em resultados, referência também como modelo de gestão. No entanto, Paula é dona de uma dupla fortaleza pois ao mesmo tempo é alguém cuja expertise é cultura, é ESG, pessoas e humanidade. E essa combinação entre hard e soft é muito difícil e quase única.”

Além da experiência corporativa, Harraca traz também a resiliência de atleta. Praticante de hóquei na grama desde a infância, ela chegou a integrar a seleção argentina como goleira no esporte. Hoje, se diz praticante do “atletismo corporativo”.

“É uma maratona. E, para mulheres especialmente, uma maratona com obstáculos”, diz.

Novo momento

Nos últimos anos dois anos, a Ânima vinha focando num processo de redução de custos e desalavancagem, com renegociação de dívidas e foco em geração de caixa, que trouxe de volta um dos fundadores, Átila Simões, como CFO em julho de 2023.

Desde o fim do ano passado, a empresa vem colhendo os frutos desse processo. No primeiro trimestre deste ano, ficou com resultado bem acima do esperado pelo mercado e levou sua alavancagem para 2,98 vezes o EBITDA em 12 meses, aliviando temores de que poderia estourar covenants que preveem vencimento antecipado da dívida.

Puxada por um forte reajuste de preços e por uma política mais conservadora de concessão de financiamento para evitar consumo de capital de giro e inadimplência, a empresa viu sua receita subir 5% e o EBITDA avançar 16,7% no período.

Além de equacionar a estrutura de capital, a empresa também fez a digestão dos ativos da Laureate, dona das universidades Anhembi Morumbi, em São Paulo, o IBMR, no Rio de Janeiro, e da UniRitter e da Fadergs, no Rio Grande do Sul.

“Tínhamos vários sistemas de ensino diferentes, sistemas de ERP (de gestão de empresas) diferentes. Foi uma integração longa, que consumiu bastante energia, mas que agora está completa”, aponta Bueno.

Com um foco em gestão de pessoas e cultura corporativa, Harraca afirma que sua principal missão é agregar as marcas da Ânima, sempre mantendo as particularidades que fazem as universidades fortes em suas respectivas praças.

“É um negócio essencialmente de pessoas”, diz Harraca. “Temos muitas marcas interessantes e um olhar importante para a inovação, que é importante organizar e cultivar”, aponta, citando as marcas HSM, de educação corporativa, Singularity, de inovação e tecnologia e Le Cordon Bleu como ativos relevantes para integrar em todo o sistema.

Há 21 anos na companhia, os últimos seis como CEO, Bueno vai auxiliar Harraca na transição até o fim do ano. Está prevista uma nova composição do conselho numa segunda etapa, com a saída da executiva. Bueno pode assumir um posto.

Na carta de transição com tom bastante pessoal, Bueno fala sobre o amor e a dedicação devotados à companhia e deixa um trecho da canção “Tocando para a frente”, de Almir Sater, cujo teor se resume à frase inicial:

“Ando devagar, porque já tive pressa
Levo esse sorriso, porque já chorei demais
Hoje me sinto mais forte, mais feliz, quem sabe!
Só levo a certeza de que muito pouco eu sei,
Ou nada sei."

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