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Ânima: compra da Laureate leva receita anual a novo patamar de R$ 2,6 bi

Companhia teve lucro 68,2% superior; expansão não foi maior porque dívida para aquisições pesou na conta

Ânima: foco em crescimento continuará em 2022, tendo vertical de medicina como prioridade (Banco de imagens/Getty Images)

Ânima: foco em crescimento continuará em 2022, tendo vertical de medicina como prioridade (Banco de imagens/Getty Images)

KS

Karina Souza

Publicado em 28 de março de 2022 às 07h00.

Última atualização em 28 de março de 2022 às 07h06.

A Ânima Educação conseguiu crescer ao longo de 2021 e se tornar mais rentável, mas o custo da dívida ainda pesa na última linha do balanço. O lucro líquido registrou aumento de 68,2% na comparação anual e fechou 2021 em R$ 111,8 milhões. Com mais alunos (o aumento foi de 191,2% na comparação anual), a receita líquida teve expansão de 86,5% e somou R$ 2,6 bilhões. E o Ebitda ajustado também avançou durante o ano: 113,9%, totalizando R$ 802,7 milhões. 

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A alta em todos esses índices está atrelada principalmente às aquisições realizadas pela companhia no último ano, já que a base “original” de alunos apresentou retração em 2021. O balanço da Ânima consolida 10 marcas da Laureate, além de instituições como a Unisul, Milton Campos, Gama Academy e IBCMED. 

O esforço de expansão ampliou a dívida e, claro, a alta na taxa de juros fez as despesas financeiras crescerem. A alta foi de 167,7%, fazendo as despesas financeiras líquidas fecharem o ano em R$ 413,6 milhões. A alavancagem da companhia ficou salgada: a relação entre dívida líquida e Ebitda terminou o ano passado em 4,5 vezes. Isso porque a dívida bruta cresceu, saindo de R$ 653 milhões, em dezembro de 2020, para R$ 3,5 bilhões, ao fim do ano passado — considerando apenas os compromissos financeiros. Mas o motivo das aquisições está fácil de entender: a geração de caixa da companhia cresceu de R$ 32 milhões para R$ 638 milhões, na comparação anual. 

O dinheiro mais caro, com o aumento da Selic, impactou os juros relativos aos R$ 2,5 bilhões captados via debêntures no ano passado, para pagamento das aquisições. “Outros fatores contáveis da aquisição da Laureate também ajudaram a puxar a margem para baixo, mas não têm impacto no caixa”, afirma Eduardo Garcia, Gerente de RI da Ânima Educação. 

O balanço de 2021 mostra expansão de margem: tanto lucro bruto como Ebitda avançaram em intensidade superior à da receita. A companhia estima que as aquisições, em cinco anos, trarão um adicional de Ebitda de R$ 350 milhões com ganhos de eficiência já mapeados. Ao longo do ano passado, com apenas sete meses de integração, a empresa adotou medidas que já garatem R$ 135 milhões desse total. 

“Os ganhos vêm principalmente do nosso escritório de planejamento e integração. fizemos um processo muito bem estruturado com o apoio de consultorias e conseguimos identificar com clareza a estrutura de pessoal necessária para ter mais eficiência ao longo do tempo nas unidades adquiridas”, afirma Eduardo Garcia, Gerente de relações com investidores da Ânima Educação.

De olho em diminuir o prazo de redução da alavancagem, a companhia também buscou recursos do lado de fora da empresa. Em novembro, a Ânima anunciou o aporte de R$ 1 bilhão da gestora de private equity DNA Capital na vertical de medicina Inspirali. Pelo acordo, a gestora fica com 25% do capital social — e o dinheiro vai direto no caixa da companhia.

Resultados por vertical

A vertical de ensino de medicina, que mira um público menos impactado pelo cenário macroeconômico, representa 25,6% da receita líquida consolidada da Ânima, em menos de um ano da sua incorporação. Além disso, teve um crescimento de três dígitos no volume de alunos durante o ano, considerando a comparação anual, um aumento de 8,7% no tíquete médio e uma margem operacional de 65,3% — acima de todas as demais verticais. 

É um resultado bastante diferente do encontrado no segmento de ensino acadêmico, considerando o cenário sem aquisições. O “bloco base” teve queda de 7% na receita líquida, fechando 2021 com R$ 1 bilhão. O resultado é impactado principalmente pelo cenário de pandemia, com a menor captação de alunos durante o período de verão, de acordo com as informações do balanço. A margem operacional também sofreu com queda de 4,1 pontos percentuais, relacionada a ajustes de metodologias de cobranças. 

“A gente entende que essas são bases mais maduras, mas o nosso posicionamento de diferenciar tíquete médio suporta parte dessa perda. Continuamos de olho em aumento, refletindo principalmente o resultado final em receita”, diz Eduardo.

Já as unidades adquiridas tiveram um desempenho melhor, com ganhos em receita, lucro e margem. O desempenho positivo está relacionado à forte representatividade dos cursos de medicina dentro dessas instituições – o que também ajuda a jogar a margem operacional para cima, fechando o ano em 49,5%

Por último, o segmento de Lifelong Learning, que considera pós-graduações e outras iniciativas de inovação, fechou o ano com avanço de 61,6% na receita, mas queda de 2,1 pontos percentuais na margem bruta e de 2,3 pontos percentuais na margem operacional. 

“O lifelong learning tem os negócios com menos maturação, são operações que estão começando a ser investidos agora. A pós-graduação que veio da Laureate, a HSM, são negócios que a gente acredita que são importantes para a construção do futuro do ecossistema, embora ainda não sejam tão maduros e não tenham margem tão atrativa. É o campo de plantio”, afirma André Tavares, CFO da Ânima Educação.

Perspectivas para 2022

O foco da companhia para crescer neste ano está dividido em três partes: ensino digital, Inspiralli e continuidade de integração da Laureate.Pensando nisso, o olhar para startups e para empresas que possam trazer competitividade, sem pressionar a alavancagem, continuarão na mira da companhia em 2022. “O caminho de aquisições não vai parar”, diz o executivo. 

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