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Análise: dias após Uni.co, B2W e Americanas se unem para superapp

Compra anunciada nesta terça-feira mostra que varejista seguirá buscando preencher suas lacunas

Loja da Puket: marca traz ao portfólio tíquete maior, com recorrência menor (Puket/Divulgação)

Loja da Puket: marca traz ao portfólio tíquete maior, com recorrência menor (Puket/Divulgação)

LA

Lucas Amorim

Publicado em 21 de abril de 2021 às 11h51.

Última atualização em 28 de abril de 2021 às 19h16.

A linha de chegada para varejistas do Brasil e do mundo é uma só, avisam especialistas no setor: a da relevância. Ganhará pontos quem conseguir ser o mais relevante possível no dia a dia dos consumidores, em compras pequenas e grandes, em buscas por produtos diários e por aqueles de ocasião.

O debate sobre para onde vai o varejo voltou a esquentar na noite desta terça-feira, quando a Americanas anunciou a compra de 70% das ações do Grupo Uni.co, dono das franquias Puket, Imaginarium, MinD e Lovebrands, com 440 lojas no Brasil.

A transação coloca a Americanas no negócio de franquias, onde a Uni.co atua há mais de 30 anos e amplia sua presença no segmento de presentes, moda e design. Mais do que isso, amplia as ocasiões de consumo potenciais para seus clientes. "A tese é dominar o segmento de alta frequência com tíquete médio baixo para avançar na cadeia de tíquete médio maior com menor recorrência, especialidade da Uni.co", diz um executivo do setor.

É uma dinâmica que vem sendo anunciada por especialistas em varejos há anos, mas que foi acelerada pela pandemia. Com os consumidores em casa, a digitalização do varejo brasileiro avançou, e a compra de alimentos, roupas, presentes e objetos de decoração, também. Ato contínuo, varejistas com os mais diferentes históricos passaram a se armar para uma guerra total, com o objetivo de criar superaplicativos" aos moldes chineses.

É uma disputa que coloca no mesmo pote varejistas de eletrônicos, como o Magalu e a Via Varejo, marketplaces como Mercado Livre, novos aplicativos como Rappi e PicPay. Empresas que atuam em nichos, como o de moda, também se movimentam para ampliar a oferta de produtos e os pontos de contato físicos e digitais com seus clientes. É o que explica as negociações que nos últimos dias envolveram as varejistas de moda e terminaram por unir Soma e Hering. Com o mercado em ebulição, ninguém quer ficar para trás.

A Lojas Americanas, que anunciou nesta quarta-feira sua fusão com B2W, varejista online do mesmo grupo controlador, tem vantagens competitivas nada desprezíveis nessa disputa. Juntas, as duas empresas passam a ter mais de 46 milhões de clientes.

Além disso, tem uma presença física de fazer inveja à concorrência: são 1.700 lojas em 765 cidades, e meta de abrir mais 150 lojas em 2021. As unidades já têm uma oferta que combina eletrônicos a alimentos, uma fragilidade de concorrentes como Magazine Luiza, Mercado Livre e Via Varejo. Na divulgação de resultados de 2020, a companhia anunciou que já entrega 11% dos pedidos em até 3 horas e que vai seguir investindo para entregar "tudo, a toda hora, em qualquer lugar".

Outra fortaleza está na Ame Digital, a fintech da Americanas, que tem 17 milhões de downloads e 3 milhões de estabelecimentos conectados em todo o país. A Ame oferece 70 serviços, entre seguros, cartão de crédito e pagamento de boletos.

Neste amplo portfólio de produtos e serviços, as marcas da Uni.com são um tijolo a mais na construção de um do superapp da Americanas. Em fevereiro a companhia havia anunciado também uma parceria com a BR Distribuidora, para integrar as 1.200 lojas de conveniência na oferta da Americanas.

Novas aquisições tendem a ser a tônica do setor. O Magalu, vale lembrar, já fez 21 em 18 meses, avançando na entrega de comida e na oferta de conteúdo online. Na corrida pela relevância, cada gigante busca preencher suas lacunas. De tédio os clientes e investidores não podem se queixar.

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