Publicado em 12 de fevereiro de 2025 às 10h48.
Última atualização em 12 de fevereiro de 2025 às 11h29.
O balanço de 2024 da Heineken divulgado nesta manhã trouxe pontos de atenção para a concorrente Ambev, que publica seus números dia 26.
No Brasil, um dos maiores mercados do grupo Heineken, a Amstel ganhou espaço — indicando que a disputa do mercado mainstream (aqueles rótulos de maior volume de vendas) está mesmo mais acirrado.
A Amstel cresceu um dígito alto em volume e entrou para o grupo das cinco principais marcas do país, dobrando seu volume de vendas nos últimos três anos.
No terceiro trimestre, a Ambev já tinha sinalizado que a Skol, uma de suas principais marcas, tinha sentido o impacto da disputa de preços, à época imposta principalmente pelo Grupo Petrópolis, com a Itaipava. Os números da Heineken colocam a Brahma também na mira.
Segundo os holandeses, a participação das cervejas do grupo cresceu em valor ao longo do ano, puxada pelo aumento de volumes no segundo semestre — justamente quando os números da indústria indicaram um ritmo mais lento de crescimento.
Com a Ambev liderando o mercado com 60% das vendas, a indicação é de que a líder pode ter sua fatia reduzida.
No ano, a receita do grupo Heineken cresceu um dígito médio e o volume um dígito baixo, com destaque também para o 11° ano de crescimento de dois dígitos de volume da marca Heineken.
Apesar da inflação e da desvalorização do real, a companhia informou que expandiu seu lucro operacional no Brasil, apoiada principalmente pelas economias alcançadas com a reestruturação da cadeia de suprimentos.
Como parte dessa estratégia, a empresa anunciou que está em seu cronograma a abertura de uma nova cervejaria em Passos, em Minas Gerais, ainda em 2025.
Globalmente, o resultado agradou investidores. As ações da cervejaria holandesa Heineken dispararam 12% nesta quarta-feira, 12, após a empresa divulgar que teve um crescimento no lucro operacional de 8,3%.
O resultado superou as estimativas dos analistas, que projetavam crescimento de 5,3%, e da própria empresa, que previa uma alta de até 8%.
“Entregamos resultados sólidos com crescimento amplo e expansão dos lucros em 2024”, afirmou Dolf van den Brink, CEO da companhia, em nota.
A Heineken informou que teve um crescimento de 5% na receita, acima também das previsões dos analistas. “Vale destacar que o volume de cerveja expandiu em todas as quatro regiões, tanto nos mercados desenvolvidos quanto nos emergentes”, disse o CEO.
Os mercados também se empolgaram com o anúncio do lançamento de um programa de recompra de ações de € 1,5 bilhão (cerca de R$ 9 bilhões), que irá funcionar ao longo dos próximos dois anos.
Segundo a companhia, a iniciativa só foi possível após a empresa alcançar uma redução significativa do seu endividamento e um fluxo de caixa livre maior que €3 bilhões (R$ 18 bilhões).
O volume de cervejas premium vendidas pela companhia cresceu 5,2% globalmente, impulsionado pelas vendas no Brasil, Vietnã, Índia, África do Sul e Reino Unido. A marca Heineken foi a líder do segmento premium, com alta de 9% no volume em relação ao mesmo período do ano passado.
Já as cervejas populares, como Amstel (Brasil), Cruzcampo (Reino Unido) e Kingfisher (Índia), tiveram alta de 2% no volume de vendas.
No mercado de cervejas não alcoólicas, a Heineken 0.0 continuou bem posicionada. A cerveja teve alta de 10% nas vendas, fortalecida pelo consumo nos mercados brasileiro e americano.
No quarto trimestre, a Heineken aumentou o seu investimento em marketing em €300 milhões (cerca de R$ 1,7 bilhão). A empresa diz que priorizou os mercados emergentes em que considera que há as melhores oportunidades, como Brasil, México, África do Sul, Índia, Nigéria e Vietnã.
No balanço, a empresa cita também a parceria feita com a Netflix no Brasil para a divulgação da série sobre a vida do piloto brasileiro de Fórmula 1 Ayrton Senna, lançada no final de 2024.
O CEO da Heineken disse que espera para o ano de 2025 um crescimento do lucro operacional entre 4% e 8%.
A jornalistas, o executivo disse que considerou os riscos que as novas tarifas anunciadas pelo presidente americano Donald Trump poderiam trazer para a empresa.
Os investidores estavam preocupados com as taxas de 25% anunciadas sobre as importações vindas do México, onde a Heineken fabrica algumas cervejas para o mercado americano. Como os EUA representam menos de 5% da receita global da cervejaria, talvez a medida não afete muito o negócio.
Outra preocupação do mercado é com as novas tarifas de 25% sobre todo o aço e alumínio importados pelos Estados Unidos. Um porta-voz da Heineken, no entanto, disse que a empresa não seria diretamente afetada, já que importa suas latas prontas nos EUA.