Americanas: gigante do varejo, com vendas de R$ 40 bilhões de janeiro a setembro, terá muitas mudanças em 2023 (Americanas/Divulgação)
Graziella Valenti
Publicado em 26 de dezembro de 2022 às 10h05.
Última atualização em 26 de dezembro de 2022 às 10h12.
Sérgio Rial ainda não assumiu formalmente a cadeira de CEO da Americanas (AMER3), mas os ares de mudanças já chegaram na empresa, uma gigante que nos primeiros nove meses do ano movimentou R$ 40 bilhões em vendas. Acaba de ser anunciado também um novo CFO: André Covre, que foi durante doze anos diretor financeiro da Ultrapar e, em seguida, CEO da Extrafarma durante mais três.
Apesar de somente assumir oficialmente a posição a partir de 2 de janeiro, Rial já tem ativamente visitado lojas, tido contado com gerentes, vendedores e com a diretoria da companhia e os líderes de outros negócios. Ele mesmo tem feito questão de relatar sua movimentação na rede social LinkedIn, na qual acaba de dar as boas-vindas a Covre.
Historicamente, a Americanas — um dos investimentos de largada do trio da 3G Capital, Jorge Paulo Lemann, Carlos Alberto Sicupira e Marcel Telles — foi uma das primeiras companhias a melhor aproveitar o financiamento via relação com fornecedores. Entretanto, nos últimos trimestres, os analistas veem demonstrando preocupação com a acelerada queima de caixa.
O anúncio, portanto, deixa claro que Rial e os acionistas de referência, hoje donos de 30% da empresa, sabem onde o calo aperta e precisa de ajustes mais urgentes. Azeitar o fluxo financeiro deve ser um dos focos do novo CEO, agora acompanhado de Covre. A companhia, atualmente avaliada em R$ 8,3 bilhões na B3, registrou queda de 71% nas ações neste ano, até o fechamento do dia 23.
A escolha do ex-Ultrapar, que viveu os tempos áureos do conglomerado dono da rede de postos Ipiranga e tem grande respeito do mercado, somado às declarações de Rial no LinkedIn deixam claro que o trabalho já começou. Por onde passou nos últimos anos, com destaque para as presidências do Santander Brasil e da Marfrig, Rial foi reconhecido não apenas por suas habilidades de gestão interna dos negócios, mas também pela relação transparente com investidores e analistas. Essa é outra novidade salutar para a varejista.
Analistas e investidores já notaram que a comunicação da empresa deve passar por uma alteração importante, com maior proximidade e informações — algo que o nome de Covre só reforça. Rial chega na companhia praticamente um ano após a incorporação da B2W pela Lojas Americanas.
Apesar de ter sido pioneira no comércio eletrônico no Brasil, o grupo Americanas foi um dos que mais tardiamente começou a explorar a integração entre o mundo físico e digital. A empresa chegou avaliar uma listagem nos Estados Unidos, deixando a B3 como mercado primário, mas os planos foram paralisados. As mudanças internas na companhia demonstram que os acionistas entenderam que primeiro é preciso arrumar tudo da porta para dentro: o que na visão dos analistas começa pelos ajustes necessários na gestão financeira, passa pela cultura e vai até a estratégia de varejo do grupo, que reúne ainda o Hortifruti Natural da Terra, a Vem, para explorar o comércio de conveniência em postos de combustíveis, e a Único, dona das franquias Imaginarium e Puket.