Prime Video: streaming da Amazon entra para a MPA (Beata Zawrzel/NurPhoto via Getty Images/Divulgação)
Repórter de POP
Publicado em 19 de setembro de 2024 às 13h43.
Última atualização em 19 de setembro de 2024 às 15h04.
Um anúncio feito hoje nos Estados Unidos vai dar ainda mais poder à associação que reúne os principais estúdios cinematográficos – e streamings – no mundo, com impacto potencial para o jogo de poder na negociação sobre a regulamentação e tributação sobre a atividade no Brasil.
O Prime Video e a MGM Studios, ambos da Amazon, vão se juntar à Motion Pictures Association (MPA) no começo de outubro. A associação já tem Walt Disney, Netflix, Paramount, Sony Pictures, Universal e Warner Bros. entre seus associados, e, com a nova adesão, torna-se a maior representante dos maiores estúdios de Hollywood.
Se à primeira vista a movimentação parece burocrática, ele deve trazer consequências para o mercado audiovisual de Hollywood — e o mercado brasileiro. Com o novo contrato, a MPA se torna a maior associação global com legitimidade de representar os interesses dos estúdios e a principal porta-voz em defesa da indústria cinematográfica, o leva as disputas jurídicas do mundo do cinema e do streaming, inclusive relacionadas ao governo brasileiro, a um novo patamar.
O Brasil é um país estratégico para os produtores de conteúdo devido ao elevado consumo de internet e streaming.
"A MPA é a voz global de uma indústria em crescimento e evolução, e a inclusão do Prime Video e Amazon MGM Studios em nosso quadro ampliará nossos esforços coletivos de formulação de políticas e proteção de conteúdo em nome das nossas empresas mais inovadoras e criativas", disse Charles Rivkin, Presidente e CEO da MPA.
"Os estúdios da MPA impulsionam economias locais, geram empregos, enriquecem culturas e fortalecem comunidades em todos os lugares onde operam. Com o Prime Video e Amazon MGM Studios entre nossos membros extraordinários, a MPA terá uma voz ainda mais forte para os maiores criadores de história do mundo".
A adesão do Prime Video é relevante para o lobby de Hollywood. O streaming da Amazon tem 200 milhões de usuários mensais, segundo a empresa. Em 2023, a varejista investiu US$ 19 bilhões em conteúdo, aumento de 14% em relação a 2022.
A MGM, recém-adquirida pela companhia por US$ 8,5 bilhões, incorpora a equipe robusta de estúdios representados pela associação.
A MPA esteve (e está) na disputa pelos interesses dos estúdios de Hollywood pelos projetos de lei para regulamentação do streaming no Brasil.
Em maio deste ano, o Senado aprovou o PL 2331/22, chamado PL do Streaming, que determina que as plataformas de vídeo sob demanda (VOD) com receita anual acima de R$ 4,8 milhões paguem até 4% da receita bruta no mercado brasileiro para a Contribuição para o Desenvolvimento da Indústria Cinematográfica Nacional (Condecine).
Com a aprovação na casa, o projeto voltou para a Câmara no mesmo mês, mas foi retirado de pauta pelo presidente Arthur Lira (PP-AL), após um pedido do relator, o deputado André Figueiredo (PDT-CE), que pediu mais tempo para debater com a oposição do Governo e construir um novo texto.
No pronunciamento oficial da MPA, enviado a Arthur Lira em 21 de maio desse ano e referente ao primeiro projeto de lei sobre o assunto, o PL 8889/17, que segue preso na Câmara à espera de ser apensionado ao PL do Streaming, a associação reiterou que “as empresas que fazem parte da MPA têm uma longa presença e investimentos maciços no Brasil, geram empregos, qualificam talentos, produzem e distribuem obras audiovisuais brasileiras para as diferentes janelas cinematográficas e promovem a cultura brasileira local e internacionalmente."
E concluem: "Assim, as empresas ressaltam a ainda falta de consenso entre os atores da indústria, principal razão pela qual um debate mais amplo se faz necessário – inclusive a refletir no texto preocupações que temos compartilhado com alguns tomadores de decisão”.
Aguardemos as cenas dos próximos capítulos.