Nakul Duggal: gerente dos grupos automotivo, industrial e nuvem da Qualcomm (Qualcomm)
Repórter
Publicado em 26 de outubro de 2024 às 09h38.
MAUI, HAVAÍ - Imagine estar ao volante de uma nova Mercedes-Benz em uma rodovia movimentada. O sistema de inteligência artificial percebe que o trânsito à frente desacelerou repentinamente. Sem precisar tocar no volante, o carro ajusta a velocidade, controla uma situação que poderia resultar em colisão com outro veículo e, em segundos, sugere uma rota alternativa para escapar do trânsito, tudo de forma fluida e sem nenhuma intervenção de quem dirige.
Dentro da cabine, cada passageiro assiste o conteúdo que preferir em telas individuais de alta resolução: as crianças jogam em realidade aumentada, enquanto o motorista é atualizado sobre a agenda do dia, com o assistente virtual da Mercedes avisando que a reserva para o jantar está confirmada.
Essa cena futurista já é uma realidade, e tem causado o efeito de tornar a inteligência artificial (IA) a peça mais potente e importante de em um carro de luxo.
O Exame INSIGHT participou de uma demonstração feita em Maui, no Havaí, de como a montadora alemã e a Qualcomm, responsável pelos chips que permitem o uso da tecnologia, estão reimaginando o papel do computador de bordo, tornando-o o centro mais potente e inteligente do carro.
A inovação foi apresentada por Nakul Duggal, gerente dos grupos automotivo, industrial e nuvem na Qualcomm. Segundo o executivo, é a graças ao chip Snapdragon Cockpit Elite, uma das mais recentes inovações da Qualcomm, que é possível oferecer até três vezes mais capacidade de processamento para um carro agir de maneira autônoma.
Isso possibilita que o cockpit não seja uma simples central de mídia que espelha o smartphone, mas um verdadeiro hub de gerenciamento do carro e outros dispositivos.
A grande inovação trazida pela parceria entre Mercedes-Benz e Qualcomm está na forma como o carro se conecta com seu ambiente e seus ocupantes. Com o novo chip é possível conectar em um carro até 16 telas de alta definição, incluindo painéis digitais, espelhos virtuais e até monitores independentes para cada passageiro.
"Isso permite que o interior do carro se transforme em um espaço altamente interativo, com gráficos hiper-realistas para navegação em 3D, jogos e representações virtuais do mundo ao redor", conta Duggal.
Enquanto isso, o sistema de IA não apenas entende o ambiente fora do carro, mas também aprende com o comportamento dos ocupantes. A IA analisa múltiplas entradas de dados — sensores, câmeras e até o histórico de uso — para criar um ambiente personalizado e seguro. O carro consegue antecipar necessidades, como sugerir uma parada antes de o motorista se sentir cansado , ou adaptar a temperatura e o som ambiente de acordo com quem está a bordo.
"Agora um carro pode processar, enxergar e entender o que ocorre ao redor por mais de uma dezena de sensores, gerando uma visão de 360 graus de todo que acontece em tempo real", afirma Duggal. Com a nova geração de IA, o sistema pode prever o comportamento de outros veículos e pedestres, aumentando a segurança.
A Mercedes também aposta na separação entre hardware e software, permitindo que novas funcionalidades sejam introduzidas continuamente, sem depender de atualizações físicas no carro .
O conceito de veículos definidos por software (ou software-defined vehicles) faz com que os carros funcionem de forma semelhante aos smartphones que recebem novos recursos ao longo do tempo.
A Mercedes-Benz já está utilizando essa tecnologia no novo MBUX (Mercedes-Benz User Experience), seu sistema de IA, que estará presente em sua próxima linha de carros a partir do ano que vem.
* O repórter viajou a convite da Qualcomm.