Agrogalaxy: companhia espera ver efeito de reestruturação conduzida em 2023 no balanço de 2024 (Divulgação/Divulgação)
Repórter Exame IN
Publicado em 19 de março de 2024 às 19h32.
Última atualização em 19 de março de 2024 às 19h57.
A AgroGalaxy, dona de uma das maiores redes de insumos agrícolas do país, confirmou nesta terça-feira que conseguiu evitar o vencimento antecipado de duas emissões CRAs, que somam R$ 650 milhões. Na sexta-feira, a companhia se reuniu com credores do título e conseguiu o aval deles para ser dispensada de apresentar as informações de alavancagem, medidas pela relação entre dívida líquida e Ebitda.
Informações sobre a intenção de a companhia firmar esse acordo começaram a circular perto do Carnaval, com um comunicado divulgado pela própria empresa. Contratualmente, a AgroGalaxy tinha de apresentar uma relação dívida líquida/Ebitda abaixo de três vezes em 31 de dezembro. No terceiro trimestre, esse indicador estava acima de quatro vezes.
A ata mostra que o waiver é válido para o exercício finalizado em 2023, com a retomada do limite a partir do primeiro trimestre de 2023. A primeira condição para o aval dos credores apresentada na ata é um fee de 0,5% do saldo nominal do CRA, pago aos titulares dos títulos de dívida em até três dias úteis. Além disso, credores e companhia acordaram em realizar reuniões mensais.
Mais do que isso, os titulares de títulos de dívida condicionaram o 'perdão' a uma convocação de nova assembleia, em até cinco dias úteis, contados a partir da última sexta-feira, para deliberar sobre garantias e covenants.
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No detalhe, a ata mostra que os credores quiseram incluir uma garantia flutuante. Nesse tipo de garantia, a empresa oferece ao investidor uma série de ativos reais que já estão sob sua posse, como forma de assegurar o pagamento do título. Porém, os ativos não são fixados anteriormente, o que leva à possibilidade de troca desses bens ao longo do processo.
Além disso, credores e companhia vão deliberar a respeito de travar o limite de despesas de capital (capex) no valor de R$ 50 milhões.
A companhia vem passando por uma transformação 'barba, cabelo e bigode' para lidar com os desafios trazidos pelo agronegócio da pandemia para cá, lidando com a oscilação de preços de fertilizantes e defensivos em meio ao cenário mais recente de queda de preço dos grãos.
Em fevereiro, a companhia comunicou a terceira troca de CEO em dois anos, com chegada de Axel Labourt, ex-Dow Agrosciences e parte da AgroGalaxy desde o ano passado.
Junto com a troca de comando, a companhia comunicou uma série de medidas organizacionais que têm como objetivo deixar a distribuidora de insumos mais leve em um momento de endividamento ainda elevado, como o fechamento de 19 lojas no país.
De acordo com os dados dos últimos 12 meses encerrados em setembro, a AgroGalaxy tinha uma dívida de R$ 1,5 bilhão com bancos (dos quais conseguiu negociar metade em um processo conduzido ao longo desse mesmo mês, cujo efeito deve aparecer nos dados do quarto trimestre) além de R$ 956 milhões em dívidas financeiras decorrentes de CRAs.
O endividamento bruto somava R$ 2,6 bilhões — patamar similar ao do mesmo período do ano anterior, porém com todos os desafios de um novo cenário para o agro. A AgroGalaxy divulga resultados na próxima semana.
Além de todas as medidas para colocar a casa em ordem, no fim do ano passado a empresa recebeu uma pequena injeção de capital, de R$ 188 milhões, do controlador Acqua Capital, que tem 54,5% dos papéis. Analistas de mercado estimam que a empresa tenha de passar por uma nova captação em breve para dar conta do desafio do turnaround.
A AgroGalaxy divulga os resultados do quarto trimestre na próxima semana. Hoje, a companhia vale R$ 285 milhões na bolsa.