Santiago Suarez, Elmer Ortega e Daniel Vallejo, fundadores da Addi: a startup usa o capital escalar suas operações no Brasil e na Colômbia, além de preparar a expansão para o México em 2022 (Addi/Divulgação)
Carolina Ingizza
Publicado em 8 de setembro de 2021 às 06h00.
Em maio deste ano, a fintech colombiana Addi fez barulho ao anunciar uma captação de US$ 65 milhões que impulsionou sua chegada ao mercado brasileiro. Com sua solução de Buy Now Pay Later (BNPL), que permite que consumidores parcelem compras online sem cartão de crédito, a fintech continua atrair investidores. A empresa acaba de receber uma extensão de US$ 75 milhões da sua série B, liderada pela gestora americana Greycroft — totalizando mais de R$ 700 milhões recebidos em apenas 90 dias.
“A Addi está redefinindo o comércio na América Latina. As soluções de pagamento e crédito da empresa criam um valor tremendo para os varejistas, ao mesmo tempo em que oferecem uma experiência de checkout moderna que tem o potencial de atingir mais consumidores do que qualquer outra fintech na região”, afirma Will Szczerbiak, sócio da Greycroft.
Além da gestora, entraram nesta rodada os fundos GGV Capital, Citius Capital e Intersection Growth Partners, assim como os investidores anteriores Andreessen Horowitz, Citius VC, Endeavor Catalyst, Foundation Capital, Monashees, Quona Capital e Union Square’s Opportunity Fund. A Addi não divulga seu valuation, que está na casa de “centenas de milhões de dólares”, mas afirma que com essa rodada praticamente triplicou o seu valor em relação à anterior.
“Essa extensão traz um respaldo dos investidores e confirma o tamanho da oportunidade no Brasil. Nos últimos três meses, recebemos sinais importantes do varejo brasileiro, com alguns clientes conseguindo aumentar suas vendas em mais de 50% com a nossa solução”, diz Daniel Vallejo, cofundador da fintech, ao EXAME IN.
A empresa aproveita o anúncio da rodada para lançar sua nova marca, desenhada em parceria com a agência Mackey Saturday, que tem em seu portfólio o design de logos de empresas como Instagram, Oculus e Luxe. Além disso, a fintech coloca no mercado um novo aplicativo, já disponível para download nas lojas do Android e iOS, cujo objetivo é ser um canal de comunicação direto com os consumidores, gerando mais dados e recorrências nas compras.
Fundada em 2018 por Santiago Suarez, Daniel Vallejo e Elmer Ortega, a Addi se coloca como parceira dos e-commerces para gerar mais vendas. O modelo de negócio da empresa segue o caminho popularizado por unicórnios estrangeiros, como o sueco Klarna e o americano Affirm, que colocaram tecnologia no velho crediário, criando o conceito de BNPL.
Integrada às principais plataformas de e-commerce da região, como VTEX, Nuvemshop e WooCommerce, a Addi pode ser colocada no site de qualquer loja online em minutos. Para os clientes, desde a capa do site até o carrinho de compras, aparecem avisos falando sobre a possibilidade de pagamento com a fintech. Para fechar uma compra, o cliente só precisa informar o seu CPF e pagar uma entrada de 25% do valor. Aos lojistas, o pagamento integral é repassado na hora, mas os clientes têm até três meses para pagar a dívida usando Pix ou transferências bancárias.
Atualmente focada em nichos como moda, beleza e cosméticos, a Addi conquistou no Brasil mais de 100 varejistas clientes, entre pequenas e grandes empresas, desde que começou a operar por aqui em março. No total, foram mais de 20.000 transações intermediadas e, até o final do ano, a empresa projeta que o país vai ser seu principal mercado.
Com o capital da rodada, a Addi vai investir na expansão dos times de produtos e vendas e na contratação de profissionais mais seniores para o negócio, como a executiva Niki Sri-Kumar (ex-Visa e ex-Affirm), que acaba de assumir o posto de vice-presidente e general manager.
A meta da empresa é acelerar a escalada das operações do Brasil e da Colômbia, atraindo mais varejistas, e organizar a expansão internacional para o México, que está programada para acontecer no começo de 2022. Segundo os sócios, a projeção é que a empresa é termine o próximo ano movimentando R$ 1 bilhão.
“Esta rodada aumentou nosso foco em tornar o comércio digital amplamente presente e acessível em toda a América Latina. É uma prova do crescimento que experimentamos, bem como a confiança que estabelecemos com comerciantes e clientes", afirma o cofundador e presidente da Addi Santiago Suarez.
Os milhões de dólares em investimentos e os planos de expansão acelerados não são sem motivo. Os fundadores da fintech e seus investidores querem que a companhia aproveite o bom momento do e-commerce na América Latina para se posicionar como a principal solução de BNPL. Hoje, a região é onde o e-commerce cresce mais rápido no mundo — a média é de 37% ao ano, contra 32% da América do Norte e 26% da Ásia-Pacífico. Por aqui, há mais de 650 milhões de consumidores e muito espaço para a expansão, já que a penetração das vendas online no varejo é estimada em 6% segundo a consultoria Euromonitor.
“Consumidores em todo o mundo estão mudando para o comércio digital mais rápido do que nunca, especialmente em mercados emergentes, com novos modelos de negócios, com uma classe média em crescimento e uma mentalidade digital-first que está tomando conta”, diz Huey Lin, fundador da Affirm e sócio da GGV Capital. "Estamos ansiosos para trabalhar com Santiago e a equipe competente que ele montou para escalar o BNPL na América Latina”, completa Hans Tung, sócio diretor do GGV Capital.
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