Sabesp: UBS aumentou preço-alvo, mas diz que potencial de alta não justifica investimento (Sabesp/Divulgação)
Editora do EXAME IN
Publicado em 23 de maio de 2025 às 11h22.
O UBS BB foi um dos primeiros a apostar na valorização da Sabesp (SBSP3), ainda no começo do ano passado, na expectativa de aprovação do processo de privatização. Agora, o analista Giuliano Ajeje também está sendo pioneiro no downgrade.
Após uma valorização expressiva das ações desde a sua privatização em julho de 2024, o banco decidiu rebaixar a recomendação da companhia de compra para neutra.
Segundo a equipe liderada por Ajeje, o desempenho recente da ação — que subiu mais de 75% desde o preço da oferta (R$ 67) — reduz o espaço para valorização adicional relevante, mesmo diante dos avanços operacionais e de governança após a privatização.
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"O novo marco regulatório foi definido, os custos vêm surpreendendo positivamente e o modelo de remuneração de investimentos melhorou. Ainda assim, apesar dos sinais positivos, já vemos a maior parte do re-rating precificada", escreveram em relatório.
Ajeje aumentou seu preço-alvo para os próximos 12 meses, de R$ 118 para R$ 136 por ação, um potencial de alta de 15% em relação ao patamar atual, mas não o suficiente para ser um ponto de entrada.
O banco estima um retorno real alavancado (IRR) de 11,2% com base nas projeções atuais, abaixo do patamar que justificaria um buy, pondera o banco.
Entre os fatores positivos incorporados ao novo valuation estão redução de custos, especialmente com pessoal e materiais, após programas de demissão voluntária e a perspectiva de novos investimentos via o programa UniversalizaSP, que pode gerar crescimento orgânico adicional.
No entanto, o UBS alerta que o desafio da universalização dos serviços até 2029, que exigirá cerca de R$ 70 bilhões em investimentos, ainda representa um risco relevante — especialmente por conta do chamado Fator U, que pode afetar receitas e dividendos caso metas não sejam cumpridas.
O mecanismo contratual previsto no novo modelo regulatório que penaliza a empresa caso ela não atinja os objetivos estabelecidos de cobertura e tratamento de água e esgoto. As metas são progressivas e mais exigentes ano a ano, e o Fator U pode resultar em corte de receitas de até 10% anuais, além de limitar o pagamento de dividendos ao mínimo legal (25% do lucro). Em casos extremos, o contrato pode até ser revogado.
“Embora esperemos que a companhia entregue as métricas de universalização, acreditamos que os investidores de uma maneira geral podem estar subestimando o potencial risco do Fator U”, escreve Ajeje, justificando a avaliação mais cautelosa.