Luis Stuhlberger, sócio-fundador da Verde Asset e gestor do Fundo Verde, um dos mais rentáveis fundos do país há mais de duas décadas (Patricia Monteiro/Bloomberg)
Editora do Exame INSIGHT
Publicado em 6 de outubro de 2025 às 19h23.
Última atualização em 6 de outubro de 2025 às 20h26.
A Vinci Compass acaba de anunciar a compra do controle da Verde Asset, a gestora fundada por Luis Stuhlberger e que tem o tradicional multimercado de mesmo nome como principal produto.
A operação, que já era esperada no mercado após as negociações terem vazado há alguns meses, será feita em duas etapas.
Na primeira, a Vinci está levando 50,1% da Verde por R$ 46,8 milhões em cash, mais 3,1 milhões de ações das suas ações listadas na Nasdaq, que dá pouco mais de US$ 33 milhões a valores de tela.
A segunda etapa foi desenhada como um earnout, a ser pago em cinco anos depois do fechamento, no qual a Vinci vai comprar os 49,9% restantes por um valor estimado de R$ 127,4 milhões, a serem pagos em ações ou dinheiro. Ao todo, a gestora está sendo avaliada em cerca de R$ 350 milhões.
Stuhlberger seguirá como CEO e CIO da Verde e os principais executivos se tornarão sócios da Vinci Compass. As ações recebidas estão sujeitas a um lock-up com liberações parciais ao longo de cinco anos.
Segundo fontes ouvidas pelo INSIGHT, todos os sócios venderam em dinheiro e ações na mesma proporção, inclusive a Lumina, de Daniel Goldberg, que comprou uma fatia de 25% da Verde em 2023 e segue sócia no negócio. (Além de Stuhlberger, majoritário, o gestor Luiz Parreiras é outro sócio relevante.)
“Juntar-se à Vinci Compass representa uma oportunidade de crescimento para a Verde e nossos clientes”, disse Stuhlberger em comunicado.
“A combinação une a franquia multimercado da Verde, construída ao longo de décadas, à distribuição pan-regional e à expertise em alternativos da Vinci Compass, criando uma plataforma mais ampla de performance e inovação, preservando nossa independência de investimento.”
Na prática, a transação dá espaço para uma saída planejada para Stuhlberger, num negócio que ele fundou há 28 anos dentro da antiga Hedging Griffo.
E há ainda uma complementaridade importante, já que há pouca sobreposição de produtos entre a Verde e a plataforma mais focada em alternativos da Vinci.
A Verde tem hoje R$ 16 bilhões sob gestão e, assim como boa parte da indústria de multimercados, sofreu nos últimos anos com a disparada da taxa de juros e benefícios fiscais que favoreceram a renda fixa.
O AUM de hoje é uma fração dos R$ 55 bilhões da máxima atingida em 2021 – o que levou Stuhlberger a fazer cortes na equipe há pouco mais de um ano, reduzindo o quadro de 75 para 60 pessoas.
“A chegada da Verde fortalece nossos comitês de investimento, risco e alocação de ativos, elevando o olhar estratégico, acelerando o desenvolvimento de novas estratégias e aprofundando o diálogo com CIOs e alocadores em toda a América Latina — o que se traduzirá em melhor construção de portfólios e resultados para os clientes”, afirmou Alessandro Horta, CEO da Vinci em fato relevante.
De acordo com a gestora, ao preço pago, a aquisição deve trazer ganhos de dois dígitos para o fee-related earnings, os seus ganhos recorrentes com taxas de administração, e entre 1% e 5% para o lucro distribuível por ação.
A previsão é que a transação seja concluída ainda no quarto trimestre de 2025.