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A Minerva está disparando na Bolsa. Mas o apetite pode ter data para acabar

Ações sobem 25%, muito acima dos pares, desde o anúncio de aumento de capital há duas semanas. O desempenho, contudo, está mais ligado à estrutura da oferta e pode perder força no fim do mês, alerta o Safra

Minerva: Empresa anunciou aumento de capital de até R$ 3 bilhões para reduzir endividamento  (Alfribeiro/Getty Images)

Minerva: Empresa anunciou aumento de capital de até R$ 3 bilhões para reduzir endividamento (Alfribeiro/Getty Images)

Natalia Viri
Natalia Viri

Editora do EXAME IN

Publicado em 24 de abril de 2025 às 10h40.

Última atualização em 24 de abril de 2025 às 10h49.

As ações da Minerva (BEEF3) acumulam uma valorização expressiva de quase 25% desde o anúncio da oferta de ações que pode movimentar entre R$ 1 bilhão e R$ 3 bilhões, feito em 7 de abril. O desempenho supera em muito o de concorrentes como BRF, Marfrig e até mesmo JBS, que cujos papéis têm bombado na expectativa listagem na NYSE.

Mais do que a expectativa de um balanço positivo no primeiro trimestre ou de um eventual benefício em meio às tarifas de Trump, a explicação principal para esse rali está na estrutura da própria operação de aumento de capital, afirma o Safra.

A proposta prevê que o acionista que participar da oferta tenha direito a uma bonificação com potencial de valorização: a cada nova ação subscrita por R$ 5,17, ele receberá um bônus de subscrição (warrant) que dá o direito de comprar uma segunda ação ao mesmo preço, em até três anos.

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Como os papéis da Minerva já estão sendo negociados acima desse valor de exercício, o bônus está “muito dentro do dinheiro” — ou seja, tem valor real para o investidor.

Com isso, cresce o interesse pela ação no mercado secundário, já que comprar BEEF3 antes do corte de direitos, marcado para 29 de abril, garante participação na oferta e acesso aos bônus.

“Acreditamos que os compradores devem superar os vendedores até essa data”, afirma o Safra.

Além da estrutura atrativa da oferta, outros fatores contribuem para o bom momento das ações da Minerva. Entre eles, está expectativa de um balanço positivo no primeiro trimestre e o possível impacto das tarifas dos Estados Unidos sobre as exportações de carne bovina à China, o que abriria espaço para produtores sul-americanos.

No entanto, o banco faz uma ressalva: “A Austrália está melhor posicionada para capturar boa parte dessa demanda, por ter logística mais eficiente, percepção de qualidade superior e um ciclo do gado mais favorável”.

Ainda assim, o Brasil pode se beneficiar nas categorias de cortes mais baratos — segmento em que a Minerva tem forte presença, dizem os analistas.

Apesar da alta recente, o Safra mantém recomendação neutra para BEEF3. A ação é negociada a 4,5 vezes o múltiplo EV/EBITDA estimado para 2025, abaixo da média dos pares, mas a companhia segue com um balanço mais alavancado e menor diversificação operacional.

Além disso, o ciclo do gado desfavorável no Brasil tende a pressionar os custos da empresa, o que pode limitar os ganhos de margem e enfraquecer os efeitos positivos de um eventual aumento de demanda externa.

“O preço atual parece sustentado principalmente pela estrutura da oferta. A partir do corte de direitos, a atratividade deve diminuir”, conclui o relatório.

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