Better Drinks: número de pontos de vendas ficou 10 vezes maior (Better Drinks/Divulgação)
Repórter Exame IN
Publicado em 21 de junho de 2025 às 10h55.
Há um ano, a Better Drinks vendia suas bebidas em cerca de 3 mil pontos de venda todos os meses. Em 2025, o número de restaurantes, bares e supermercados em que o portfólio é vendido mensalmente saltou para 30 mil – um número que deve dar novo salto na segunda metade do ano, quando os produtos começarão a ser vendidos no Norte e Nordeste.
Por trás da disparada está a sociedade com a Heineken, anunciada em junho de 2024 com a criação de uma unidade de negócios de impacto e transição energética, batizada de Spin e pela qual a cervejaria comprou uma fatia minoritária na Better Drinks.
“A Heineken tinha essa necessidade de chegar rápido ao mercado com inovações, atender às novas demandas de consumo. E nós víamos que eles estavam trazendo tendências e faziam isso muito bem. Então era uma questão de unir forças e colocar à disposição nossa capacidade de distribuição, capital de giro e ganho de escala”, conta Rafael Rizzi, que toca a área de novos negócios da Heineken e está na companhia desde a aquisição da Brasil Kirin, em 2017.
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A Heineken não abre qual o tamanho de sua participação na Better Drinks, mas a fatia aumentou. Na sociedade firmada, um dos objetivos era aumentar o faturamento, que era da ordem de R$ 50 milhões ao ano até 2024. A projeção para este ano também não é pública.
A fatia do grupo holandês aumenta conforme métricas de vendas e de sustentabilidade são atingidas para cada marca do portfólio da Better Drinks. “Cada marca tem a sua dinâmica. Então, cada uma parte de uma porcentagem e chega em outra porcentagem automaticamente, mediante volume. Em linhas gerais, vamos chegar a ser meio a meio em algum momento”, explica Rizzi.
A Better Drinks foi criada em 2022, por Felipe Della Negra, ex-CEO da Red Bull Brasil, e Felipe Szpigel, ex-AB InBev. Nasceu da fusão de cinco marcas novatas que estavam tentando criar categorias no setor de bebidas: a F!VE, de drinks prontos em lata, o Baer-Mate, um chá gaseificado com função energética, a Vivant, de vinhos em lata, a Mamba, de água na lata, e a Praya, uma cerveja artesanal que não usa nenhum tipo de aditivo químico.
Naquele ano, também lançou, em parceria com o cantor Gusttavo Lima o Vermelhão, um licor amargo que lembra Campari.
Ao trazer a Better Drinks para dentro do seu modelo de negócio, a Heineken tenta se posicionar para uma disputa pela preferência do consumidor em mais ocasiões de consumo – um território em que a Ambev já tem marcado presença com marcas como Beats, Mike’s e mais recentemente o Brutal Fruit Spritzer, um drink pronto lançado no ano passado.
Diferentemente de mercados mais maduros, como o europeu ou o americano, o volume potencial de venda de cerveja no Brasil ainda está longe do teto, afirma Rizzi. Os volumes de cerveja artesanal em países como Reino Unidos e Estados Unidos, por exemplo, ainda são superiores ao brasileiro, indicando um dos caminhos de crescimento para as vendas de cerveja.
Mesmo assim, diz Rizzi, era importante para a Heineken “estar preparado para ter rapidez e agilidade de ir ao mercado e ser pioneiro em alguma categoria que possa virar grande no Brasil.”
O país é o maior mercado do grupo Heineken e o portfólio de Better Drinks traz margens maiores que a do grupo, que além dos principais rótulos Heineken e Amstel, é dono, entre outras marcas, da Eisenbahn, Baden Baden e Lagunitas. Sem ser cerveja, produz FYS, Clash’d, Itubaína, Água Schin, Schin Tônica, e Skinka.
Na concorrente Ambev, o Beyond Beer, ou o “além da cerveja” na tradução direta ao português, virou uma unidade de negócio. O desempenho, porém, ainda não é público nas demonstrações de resultado.
O objetivo do primeiro ano de união era acelerar a expansão do portfólio que a Better já tinha, como a planejada chegada dos produtos a comércios e serviços do Norte e Nordeste por meio da cadeia de distribuição da Heineken. Até então, as vendas de bebidas como Baer-Mate e Praya estavam concentradas no Sudeste e com alguma entrada no Sul do país.
Ainda assim, o trabalho conjunto – todo o time da Better Drinks passou a trabalhar no escritório da Heineken na Vila Olímpia, na capital paulista – intensificou até a criação de novos produtos. A própria Praya ganhou extensão de linha com a Praya Lager logo que a parceria começou. Agora, no começo deste ano, em sociedade com a Loud, da comunidade gamer, a Better Drinks lançou a Aztro uma bebida energética zero açúcar.
“É uma audiência que chamamos de nicho. Mas não é pequena. São 100 milhões de gamers no Brasil. A cada dois brasileiros, um joga de forma constante. Então, é uma audiência que é bastante consumidora e não tem nenhuma marca que realmente nasceu de dentro”, conta Della Negra, que lidera a Better Drinks.
O lançamento começa numa espécie de piloto com a estrutura da Better Drinks e, depois de testado, passa para o portfólio da Heineken para ganhar escala. Esse é o plano para o energético Aztro nos próximos meses.
“É difícil falar o que é Better Drinks e o que é Heineken já. Não tínhamos o plano também de lançar tão rápido, mas está tão azeitada a primeira fase da integração com as três primeiras marcas que definimos expandir, que já sentimos que eramos capazes de avançar”, afirma Della Negra. No pipeline de 2025, ao menos outros dois lançamentos devem acontecer.
Mas, reforçam os executivos, um novo produto da Better Drink só vai a mercado “se ele fizer sentido” no portfólio da Heineken – "não falamos mais de forma isolada, agora é time Spin."