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A Goldman duvidou e o Fleury entregou – e ganhou um upgrade

Banco retira recomendação de venda com expectativa de ganhos de receita e margens

Fleury: Sinergias com o Pardini devem compensar perda de margem com novos negócios, diz Goldman (Grupo Fleury/Reprodução)

Fleury: Sinergias com o Pardini devem compensar perda de margem com novos negócios, diz Goldman (Grupo Fleury/Reprodução)

Natalia Viri
Natalia Viri

Editora do EXAME IN

Publicado em 15 de dezembro de 2023 às 14h35.

Quase dois anos depois de começar a cobertura de Fleury indicando a venda dos papéis, a Goldman Sachs está voltando atrás. Ainda não é um ‘buy’, mas agora a recomendação é neutra, com preço-alvo de R$ 20 contra a projeção anterior de R$ 16,50 para o fim de 2024.

A equipe liderada por Gustavo Miele ainda acredita que a incursão em outras verticais além da medicina diagnóstica – como infusões, ortopedia e fisioterapia – deve seguir pressionando as margens, mas a aposta é que as sinergias na fusão com o Hermes Pardini devem compensar esse efeito.

A recomendação fez preço no começo do pregão, com as ações subindo mais de 2%. Elas perderam fôlego com a virada do Ibovespa e por volta das 14h30 ainda negociavam no azul, com alta de cerca de 0,5%, a R$ 18,46.

As principais preocupações da Goldman em relação ao Fleury eram de que a frequência com que os brasileiros fazem exames diminuísse depois de um boom com a demanda reprimida no pós pandemia e que as margens da marca mais premium pudessem cair em meio a um cenário mais complexo de repasse da inflação médica.

“Nenhuma dessas preocupações se materializou até agora”, reconheceram os analistas em relatório divulgado hoje. “A frequência de uso atingiu um platô em níveis mais elevados, as novas verticais estão maturando e a sólida execução em termos de controle de opex ajudou a segurar tantos as margens quanto ROIC [retorno sobre capital investido].”

Chamada de ‘novos elos’, a vertical de novos negócios já representa cerca de 10% da receita do Fleury e tem margens menores do que a medicina diagnóstica – mas a direção da empresa vem sinalizando que ele entrega um ROIC maior, já que exige menos investimentos na entrada.

De acordo com a Goldman, o momento complexo para provedores de serviços em saúde – com alavancagem elevada após uma série de fusões e aquisições na pandemia, e pressão de custos em meio às dificuldades de negociação com os planos de saúde, que vem com balanços apertados – não encontra eco no Fleury.

“O Fleury está numa tendência diferente, com balanço sólido e dívida líquida EBITDA de 1,4 vez para 2024 e 1,1 vez para 2025, forte conversão de fluxo de caixa operacional e crescimento robusto do lucro por ação, de 16% entre 2024 e 2026”, pontuou a equipe.

A Goldman vê ainda uma oportunidade para aumento de produtividade na vertical de atendimento direto ao cliente, com a capacidade ociosa em algumas regiões e marcas sendo ocupada com uma incursão em direção a clientes de renda mais baixa – fora do segmento premium em que a companhia construiu sua fortaleza.

Nos cálculos do banco, o market share do Fleury é de 29% em alta renda (com planos de saúde de mais de R$ 800 por mês) , 17% para o público de tíquete médio e apenas 3% no segmento de entrada (com tíquete de até R$ 400 mensais). O market share total da companhia, considerando o atendimento direto o cliente e o chamado lab-to-lab, de processamento de exames para outros laboratórios) é de 13%, ainda de acordo com a Goldman.

Ainda assim, a Goldman acredita que esse movimento está precificado nas ações, negociadas a 14,2 vezes o lucro para este ano e 11,6 vezes para o próximo – o que ainda não permite uma recomendação de ‘compra’.

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