Um levantamento realizado pelo app de relacionamentos happn buscou indicar os melhores estádios do Brasil para quem gosta de flertar (Buda Mendes/Getty Images)
Agência de notícias
Publicado em 8 de maio de 2023 às 15h55.
Última atualização em 8 de maio de 2023 às 16h31.
O tricolor Pablo Lima, de 24 anos, mora na Tijuca e tem o Maracanã como uma “extensão” de casa. Nos últimos tempos, entretanto, torcer pelo Fluminense deixou de ser sua única atividade no estádio. Seja lá dentro ou nos bares ao redor, ele coloca os aplicativos para jogo em busca de uma paquera.
"O flerte dentro do estádio sempre foi algo normal, mas com as plataformas digitais é diferente. Já dei match algumas vezes em volta do Maracanã e realmente encontrei com as pessoas depois. Tem gente que já vi no app e depois ao vivo. Tem gente que vi ao vivo e depois no app", conta Pablo, que costuma marcar encontros nos jogos do tricolor. "É um lugar que frequento muito. Se a pessoa também está sempre por ali, facilita. Eu já fui muito feliz na torcida do Flu, se é que me entende...".
A tática adotada por Pablo se tornou comum entre os mais jovens com a popularização dos aplicativos de relacionamento e de páginas nas redes sociais que ajudam a formar casais. A partir da presença cada vez maior do público feminino nas arquibancadas, isso se potencializou.
Um levantamento realizado pelo app de relacionamentos happn buscou indicar os melhores estádios do Brasil para quem gosta de flertar, com base na quantidade de cruzamentos, curtidas e troca de mensagens na plataforma. O Maracanã, casa do Flu e do Flamengo, aparece em terceiro lugar no ranking, atrás do Allianz Parque, em São Paulo, e do Serrinha, em Goiânia, que ocupa a primeira colocação.
Durante os três primeiros meses deste ano, quando aconteceram os campeonatos estaduais, foram analisadas as interações feitas dentro dos estádios e em um raio de até 500 m de distância. O estudo não delimitou a busca para os horários dos jogos, tampouco excluiu eventos culturais, como shows. O Serrinha e o Maracanã, no entanto, funcionam exclusivamente para jogos.
"Os usuários estão em busca de pessoas com interesses em comum, que frequentam os mesmos lugares", explica Michael Illas, especialista em relacionamentos do happn. "Não sabemos explicar por que o Serrinha conquistou o primeiro lugar, já que os estados onde temos mais usuários são São Paulo, Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul. Goiás está em oitavo lugar, o que torna o Serrinha ainda mais impressionante. Pelo visto, o pessoal gosta de flertar por lá".
A paquera não acontece somente por aplicativos. As torcidas passaram a criar suas próprias plataformas.
Nas redes sociais, como Twitter, WhatsApp e Instagram, torcedores tentam encontrar pessoas que viram na arquibancada ou que torcem para o mesmo clube. Apesar de parecerem efêmeros, esses mecanismos também podem ser o ponto de partida para grandes amores, unidos pela paixão pelo futebol.
Foi o caso do casal de rubro-negros Mayara Mader, de 23 anos, e Eduardo Oliveira, de 27. Os dois se conheceram no início de 2019, por meio de um grupo de WhatsApp chamado Fla Tinder, que reunia torcedores da comunidade do clube nas redes sociais. O nome do chat, inspirado num app de relacionamentos, diz tudo. Focado na paquera, o espaço surgiu a partir de um perfil do Twitter que tem como objetivo ajudar flamenguistas a encontrar seus pares.
Bastou Eduardo responder a uma mensagem de Mayara no grupo para o papo começar. A conversa entre eles fluiu durante meses, até se conhecerem em uma partida contra o Corinthians no Maracanã. Hoje, eles estão casados.
"Antes do jogo, ficamos conversando em um bar. Ele tinha ido até lá só para me encontrar, mas não aguentou e acabou arrumando um ingresso para entrar no estádio comigo", conta Mayara. "Depois disso, era partida no Maracanã, bar em Madureira para ver jogo... Toda a relação aconteceu em torno do Flamengo. Até os primeiros presentes que demos um ao outro foram do time: um casaco e uma camisa".
Os grupos também levaram ao encontro entre os tricolores Deyvid Chaves, de 23 anos, e Laryssa Granja, de 26. E eles foram além: criaram a própria plataforma, a FluLove, para formar outros casais.
"Já existiam perfis de flerte do Flu nas redes, mas andavam meio parados. Tudo começou quando uma amiga tricolor, que mora no Espírito Santo, veio ao Rio e queria que eu arrumasse um “contatinho” para ela. Fiz um post no meu Twitter dizendo que ela estava à procura de alguém para ser companhia nos jogos. O post engajou e resolvi criar a página, como um correio anônimo. Achei legal a ideia de juntar tricolores", lembra Deyvid.
E ele faz mais planos: "Se tivermos um filho, vai se chamar Frederico, por causa do Fred. Na nossa aliança [de namoro], está gravado “Fluminense”, e não poderia ser diferente. Nos conhecemos graças ao clube, e nosso compromisso é viver o Fluminense".