Rekabi, 33 anos, desembarcou no aeroporto internacional Imã Khomeini nesta quarta-feira, de acordo com um vídeo divulgado pela agência estatal IRNA (AFP/Divulgação)
Agência O Globo
Publicado em 19 de outubro de 2022 às 09h04.
Última atualização em 19 de outubro de 2022 às 13h48.
Uma multidão recebeu nesta quarta-feira no aeroporto de Teerã a escaladora iraniana Elnaz Rekabi, depois que a atleta disputou uma competição na Coreia do Sul sem o hijab. Rekabi competiu com a cabeça descoberta, utilizando apenas uma faixa no cabelo em um campeonato em Seul no domingo.
O gesto foi interpretado por alguns como uma demonstração de solidariedade ao movimento de protestos que abala o Irã há um mês, após a morte de Mahsa Amini, uma jovem detida em Teerã pela polícia da moral porque seu véu supostamente permitia observar alguns fios de cabelo. A República Islâmica exige que as atletas iranianas utilizem o véu inclusive nas competições no exterior.
Rekabi, 33 anos, desembarcou no aeroporto internacional Imã Khomeini nesta quarta-feira, de acordo com um vídeo divulgado pela agência estatal IRNA.
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Dezenas de pessoas estavam reunidas para recebê-la. Rekabi foi muito aplaudida, segundo as imagens divulgadas na internet pelo jornal reformista Shargh. A escaladora estava com um capuz e um boné de beisebol. Ela foi recebida por sua família e depois conversou com a imprensa estatal. E garantiu não tem a intenção de abandonar a seleção nacional.
— Devido ao ambiente que existia durante a final da competição e ao fato de que fui chamada de maneira inesperada para iniciar a escalada, eu me confundi com meu equipamento técnico e isto me levou a esquecer o hijab — disse. — Retorno ao Irã em paz, em perfeita saúde e de acordo com meus planos. Peço desculpas ao povo do Irã por causa das tensões criadas
Os comentários confirmam uma mensagem publicada na terça-feira em sua conta no Instagram, na qual ela pediu desculpas por "qualquer preocupação" que pode ter provocado e afirmou que a decisão de retirar o véu "não foi intencional", e sim porque foi chamada para competir antes do previsto.
Grupos de defesa dos direitos humanos expressaram preocupação com a situação da atleta depois que vários amigos denunciaram que não conseguiram entrar em contato com Rekabi. Em um comunicado enviado à AFP, a embaixada iraniana em Seul negou "qualquer informação falsa e desinformação" sobre a situação da atleta.
Na primeira fase da competição, a atleta estava com uma bandana, mas na escalada principal estava com o cabelo descoberto. O gesto acontece em um momento de crise política no país, com várias semanas de protestos após a morte de Amini, de 22 anos. Nas manifestações, várias mulheres retiram os véus nas ruas, universidades e escolas.
A violência nas ruas provocaram dezenas de mortes, a maioria de manifestantes, mas também há vítimas fatais entre os integrantes das forças de segurança, e centenas de detidos.
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