Partida entre Newcastle e Aston Villa pela temporada 2025-26 da Premier League (Adrian Dennis / AFP)
Repórter
Publicado em 16 de agosto de 2025 às 10h10.
Última atualização em 16 de agosto de 2025 às 15h29.
As duas ligas mais valiosas do mundo estão de volta. Os apaixonados por futebol podem ficar tranquilos depois da "ressaca" pelo fim do Mundial de Clubes da Fifa, torneio que mais distribuiu prêmio na história do esporte.
A Premier League, na Inglaterra, e a La Liga, na Espanha, retornaram na sexta-feira na expectativa de, mais uma vez, serem o centro das atenções entre as principais competições de todo o mundo.
Os principais estudos indicam as duas ligas como as mais valiosas. De acordo com a SportingPedia, a Premier League está avaliada em 11,77 bilhões de euros (cerca de R$ 71 bilhões), enquanto a La Liga aparece na sequência, com 5,29 bilhões de euros (R$ 31,92 bilhões).
Além de reunirem elencos bilionários e com maior valor de mercado do planeta, Premier League e La Liga são consideradas exemplos quando o assunto é divisão das receitas por meio dos direitos de transmissão, algo que, no Brasil, vem dando dor de cabeça.
"Duas ligas que tiveram estratégias de expansão diferentes, mas viraram ícones globais. A Premier League sempre entendeu que o personagem principal era a Liga, e que clubes fortes e equilíbrio faziam um melhor produto. Cuidadosamente foram expandindo distribuição internacional, primeiro pensando em chegar nos mercados certos para depois monetizar. Já La Liga começou apostando em tornar Barça e Real Madrid gigantes mundialmente, o que sustentou uma expansão inicial, mas eventualmente o desequilíbrio ameaçou quebrar os demais clubes. O Rei da Espanha interveio e La Liga começou a apostar no mesmo caminho dos ingleses: inovação, mais equilíbrio e cuidado com o produto 'Liga'", aponta Alexandre Vasconcellos, gerente regional da Flashscore no Brasil, rede global de sites e aplicativos que fornece conteúdo que vai de placares em tempo real às coberturas multimídia,
"A Premier League e La Liga são referências não apenas pelo nível técnico, mas também pela capacidade de gerar receitas robustas, especialmente com direitos de transmissão. Essa valorização impacta diretamente o mercado e os atletas, pois cria ambientes altamente competitivos e financeiramente sustentáveis. O caso do Vitor Reis, que deixou a Premier League para atuar na La Liga, mostra como ambas as ligas oferecem visibilidade e projeção internacional", analisa Claudio Fiorito, presidente da P&P Sport Management Brasil, especializada no gerenciamento da carreira de atletas.
Na Inglaterra, 50% do valor dos direitos de transmissão são distribuídos de forma igualitária entre as 20 equipes, enquanto a outra metade é dividida de acordo com a posição final dos clubes na temporada anterior (25%), além da audiência que cada um dá para as televisões (25%).
No último ano, foram anunciados números recordes de transmissão para o período de 2025 a 2028, com US$ 15,3 bilhões em receitas globais e domésticas de mídia. Isso representa um aumento de 17% em relação ao ciclo anterior, reforçando o domínio da liga inglesa no futebol mundial. Esses valores representam uma média de US$ 5,1 bilhões por temporada, consolidando a competição como a mais lucrativa em direitos de TV.
"A Premier League e La Liga são potências que exportam não apenas futebol, mas um produto de entretenimento que mobiliza audiências e patrocinadores em todos os continentes. São referências não apenas pelo nível técnico, mas também pela capacidade de gerar receitas robustas, especialmente com direitos de transmissão, um modelo que impacta diretamente o mercado e os atletas, criando ambientes altamente competitivos e financeiramente sustentáveis", explica Ivan Martinho, professor de marketing esportivo pela ESPM.
Na La Liga, a divisão das receitas é um pouco mais complexa, com 50% sendo repartido em partes iguais para todos os clubes, e os outros 50% de forma variável. Esse variável refere-se que metade do valor é válido pela classificação das últimas cinco temporadas (com quantia progressiva a partir do ano mais recente), enquanto a outra metade considera audiência na TV e bilheteria.
No Brasil, a liga é a única que se difere do restante do mundo, com os clubes negociando os direitos de transmissão de maneira individual, levando a disparidade financeira entre as equipes e no número de jogos transmitidos. Esse é, aliás, o principal entrave das equipes brasileiras para se chegar a um acordo em torno da formação de uma liga única no país, com a constante convergência de valores pela distribuição desses direitos televisivos.
"São ligas que são referências há muito tempo, a Premier League ainda mais, e que deveriam mostrar ao Brasil que esse caminho de equilíbrio financeiro na divisão das receitas pode fazer com que a formação da liga seja atrativa para todos os clubes. A disparidade de faturamento com direitos de transmissão é gritante. Quando se tem regras específicas para essa comercialização dos direitos de TV e fair play financeiro, o interesse por parte do público e a competitividade aumentam bruscamente, inclusive podendo capitalizar novas receitas com a internacionalização da competição", analisa Yuri Romão, presidente do Sport.
"O exemplo da Premier League e da La Liga mostra que o Brasil tem um potencial enorme para crescer em receitas de transmissão, desde que haja um modelo mais justo e equilibrado de distribuição. Hoje, a negociação individual cria disparidades e limita a valorização do nosso produto. Se conseguirmos avançar para um formato unificado, como acontece nas principais ligas do mundo, teremos condições de aumentar a competitividade, atrair mais investimentos e entregar um campeonato mais forte para os clubes, para a torcida e para o mercado", aponta Marcelo Teixeira, presidente do Santos.
“É consenso que a formação de uma única liga no Brasil tem enorme potencial para impulsionar a valorização do futebol nacional enquanto produto. Com a união de todas as equipes e um modelo de distribuição mais igualitário, todos crescemos juntos. Dois dos grandes exemplos que temos são as ligas da Espanha e da Inglaterra, que contam com um modelo testado e que atingiu seus objetivos, tendo como resultado o crescimento das receitas e a consequentemente evolução do patamar de investimentos”, diz Giovane Zanardo, CEO do Internacional.
Essa visibilidade de Premier League e La Liga também reflete no tamanho do mercado de transferências envolvendo as duas ligas. Até a última quarta-feira, 13, o torneio inglês liderava entre as ligas que mais gastaram com reforços nesta janela, com valores totais de 2,31 bilhões de euros. A La Liga é a 4ª, com 494 milhões de euros. No Top 3 aparecem o Campeonato Italiano, com 842 milhões de euros, e o Alemão, com 581 milhões de euros. A França aparecem em 5º, com 409 milhões de euros. Todas essas cinco ligas permanecerão com a janela de transferências aberta até 1º de setembro.