Brasil: a dificuldade para encaixar esses embates contra as equipes do Velho Continente no calendário se explica por causa da criação da Liga das Nações da Uefa (CBF/Flickr)
Repórter da Home e Esportes
Publicado em 22 de março de 2024 às 19h50.
Última atualização em 22 de março de 2024 às 19h51.
O Brasil visita a Inglaterra neste sábado, 23, às 16h (de Brasília), no estádio Wembley, em Londres, em partida que vai marcar o reencontro do time verde-amarelo contra as seleções europeias em jogos amistosos após quase cinco anos. A sequência brasileira ainda vai incluir a Espanha com um duelo em Madri, no dia 26, às 17h30, no Santiago Bernabéu.
Desde 26 de março de 2019, quando venceu a República Tcheca por 3 a 1 sob o comando do técnico Tite, com gols de Gabriel Jesus e Roberto Firmino, os brasileiros não conseguem mais marcar amistosos diante dos europeus.
A dificuldade para encaixar esses embates contra as equipes do Velho Continente no calendário se explica por causa da criação da Liga das Nações da Uefa, que passou a utilizar as Datas Fifa para promover partidas entre as próprias seleções de sua confederação.
Recentemente chegou-se até cogitar a inclusão dos sul-americanos na Liga das Nações após aproximação da Conmebol com a Uefa, mas a ideia embora vista com bons olhos pela boa relação entre as instituições ainda não foi oficializada.
Fato é que a falta de oportunidade para atuar contra os elencos mais fortes do futebol mundial durante a trajetória e preparação para a Copa do Mundo é apontada por muitos críticos como um dos principais problemas enfrentados pelo Brasil.
“É crucial para quem almeja um título mundial enfrentar as seleções mais qualificadas e relevantes do mundo. O que se passou nos últimos anos com nossa seleção foi inexplicável. Não bastasse nos prepararmos para um Mundial com treinadores que nunca comandaram equipes nas ligas mais relevantes do mundo, enfrentando os melhores atletas do mundo, passamos anos sem enfrentar as melhores seleções do mundo. Fomos a duas Copas sem sequer termos uma referência do quanto próximos ou distantes estávamos dessas equipes”, analisou o COO Thiago Freitas da Roc Nation Sports Brazil, empresa que gerencia a carreira de mais de 100 jogadores brasileiros.
“Iniciar um novo ciclo de trabalho já enfrentando duas das seis mais relevantes seleções do mundo é excelente, e uma mostra de que a direção da confederação não teme derrotas no início desse ciclo, em prol de um resultado melhor na única competição efetivamente importante para os brasileiros, que é a Copa do Mundo”, completa.
Para se ter uma ideia, oito dos dez primeiros colocados no ranking da Fifa são europeus: França, Inglaterra, Bélgica, Holanda, Portugal, Espanha, Itália e Croácia. Os outros dois que compõem a lista são Brasil e Argentina.
Os encontros com europeus, quando aconteceram recentemente, vieram só na Copa do Mundo. No Catar, em 2022, os brasileiros tiveram Suíça e Sérvia na fase de grupos antes de serem eliminados nas quartas de final para a Croácia na disputa por pênaltis. Na edição anterior em 2018, na Rússia, o algoz do time canarinho também foi uma seleção europeia. Coube a Bélgica, também em duelo das quartas de final, mandar o Brasil para casa.
O último amistoso contra a Inglaterra, que também aconteceu no estádio Wembley, foi no dia 14 de novembro de 2017, quando as seleções ficaram no empate sem gols.
Contra a Espanha o tempo de espera é ainda maior. São quase 11 anos sem as equipes se enfrentarem. Sob a batuta de Felipão, o Brasil conquistou o título da Copa das Confederações, no Maracanã, em 2013, sobre a badalada seleção espanhola com uma vitória por 3 a 0, gols de Fred, duas vezes, e Neymar e depois nunca mais viu a La Roja pela frente.
As partidas contra os europeus do alto escalão mundial além da importância de testar a competitividade da equipe também ajuda na construção da imagem e a fortalecer a marca e gerar novas receitas. “O Brasil não pode deixar nunca de ser referência, de ser visto como um dos melhores do mundo e como o país do futebol. Jogar contra outras seleções campeãs traz visibilidade e vira notícia em todo mundo. Audiência, ainda mais mundial, traz também receita de alguma forma. Temos que trabalhar como marca o fato de sermos a única seleção pentacampeã mundial até quando pudermos. Isto é um feito gigante”, analisou Renê Salviano, CEO da agência Heatmap e especialista em marketing esportivo.
Ivan Martinho, professor de marketing esportivo pela ESPM, reforça: “ao mesmo tempo que enfrentar as maiores forças do futebol mundial nos principais palcos do mundo traz um desafio esportivo maior e uma repercussão ruim em caso de derrota, sem dúvida tais partidas tem maior interesse do público, da imprensa, gera mais conversas e consequentemente agrada mais aos patrocinadores e parceiros”, opina.