Império Romano acabou com os Jogos Olímpicos da Era Antiga. Somente 15 séculos depois, os Jogos voltaram a ser disputados. (Anadolu/Getty Images)
Redator na Exame
Publicado em 25 de julho de 2024 às 10h25.
As Olimpíadas, que atualmente são um dos eventos esportivos mais celebrados do mundo, têm uma história rica e complexa que remonta à Antiguidade. No entanto, esses jogos foram interrompidos por quase 15 séculos, um hiato que durou de 393 d.C. até a sua restauração em 1896. Para entender por que deixaram de ser celebrados por tanto tempo, é necessário explorar uma combinação de fatores históricos, religiosos e culturais.
Os jogos olímpicos antigos começaram em 776 a.C. na cidade de Olímpia, na Grécia, em honra ao deus Zeus. Esses jogos faziam parte de um festival religioso e cultural que incluía não apenas competições atléticas, mas também sacrifícios e rituais religiosos. Eles eram realizados a cada quatro anos e atraíam participantes de várias cidades-estado gregas, de acordo com o livro "A história dos Jogos Olímpicos", de Ruben Ygua.
O declínio dos Jogos Olímpicos começou com a ascensão do Império Romano. À medida que Roma se expandia e consolidava seu poder sobre a Grécia, a natureza dos jogos começou a mudar. Embora os romanos inicialmente tenham adotado muitos aspectos da cultura grega, incluindo os Jogos Olímpicos, a eventual mudança no pano de fundo religioso e político do império teve um impacto profundo.
A principal razão para a interrupção dos jogos foi a ascensão do Cristianismo como a religião dominante do Império Romano. No século IV, o Imperador Constantino I se converteu ao Cristianismo e, subsequentemente, em 380 d.C., o Cristianismo se tornou a religião oficial do império sob o reinado de Teodósio I.
Em 393 d.C., o Imperador Teodósio I emitiu um decreto que baniu todos os festivais pagãos, incluindo os Jogos Olímpicos. Para Teodósio e outros líderes cristãos da época, os jogos representavam um ritual pagão que estava em conflito direto com os valores cristãos. Eles eram vistos como uma celebração de deuses pagãos, o que era inaceitável no contexto de um império agora cristianizado.
Com a queda do Império Romano do Ocidente em 476 d.C., a Europa entrou em um período conhecido como a Idade das Trevas. Durante este tempo, muitas das tradições culturais e práticas da Antiguidade Clássica foram esquecidas ou abandonadas. A falta de uma estrutura política centralizada e a contínua ascensão do Cristianismo contribuíram para a perda das tradições olímpicas.
Os Jogos Olímpicos permaneceram esquecidos por séculos, até que o Renascimento, um movimento cultural que começou na Itália no século XIV, reacendeu o interesse pelas culturas grega e romana antigas. Textos clássicos foram redescobertos e estudados, e o espírito das competições atléticas da Grécia Antiga começou a fascinar os estudiosos europeus.
A ideia de reviver os Jogos Olímpicos começou a ganhar força no século XIX. Pierre de Coubertin, um educador francês, foi uma figura chave nesse movimento. Inspirado pelos ideais de competição e fraternidade dos antigos jogos, ele propôs a criação de uma versão moderna dos Jogos Olímpicos. Em 1894, o Comitê Olímpico Internacional (COI) foi fundado, e os primeiros Jogos Olímpicos modernos foram realizados em Atenas, Grécia, em 1896.
Os Jogos Olímpicos deixaram de ser celebrados por quase 15 séculos devido a uma combinação de fatores religiosos, políticos e culturais. A ascensão do Cristianismo como a religião dominante do Império Romano e a subsequente proibição de festivais pagãos foram as principais razões para o fim dos jogos na Antiguidade. No entanto, a redescoberta das tradições antigas e o esforço de visionários como Pierre de Coubertin trouxeram os Jogos Olímpicos de volta à vida, transformando-os no evento global que conhecemos hoje.