Esporte

'Pokémon Go' dos skatistas: app usa realidade aumentada para levar desafios do digital às rampas

Aplicativo será lançado em abril e estará disponível para dispositivos Android e iOS, e conta com a parceria digital da marca Layback, do medalhista olímpico Pedro Barros

Felipe Caetano, sócio-fundador do DARE (Alaor Filho/Divulgação)

Felipe Caetano, sócio-fundador do DARE (Alaor Filho/Divulgação)

Mateus Omena
Mateus Omena

Repórter

Publicado em 19 de fevereiro de 2025 às 18h04.

Última atualização em 19 de fevereiro de 2025 às 18h24.

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O skatista Pedro Barros, medalhista olímpico nas Olimpíadas de Tóquio 2021 e competidor em Paris 2024, também se destaca no mundo empresarial. Agora, ele aposta no DARE, um aplicativo que mapeia desafios esportivos nas cidades e incentiva a prática ao ar livre, conectando competidores globalmente. "Uma pessoa que mora no Rio de Janeiro pode competir com outro atleta que vive no Japão, sem nenhum custo", complementa Barros.

O mercado global de skate não para de crescer. Em 2023, a modalidade chegou a movimentar pelo menos US$ 3,2 bilhões e a previsão é de expansão anual de 3,52% até 2031, segundo dados da consultoria Kings Research. Mas, uma das maiores ‘dores de cabeça’ de organizações do setor é o elevado custo para a realização de eventos.

Em entrevista à EXAME, Felipe Caetano, sócio-fundador do DARE, conta que o app surgiu para driblar essas barreiras e suprir a carência de soluções tecnológicas desenhadas para o esporte, especialmente para o skate.

"A principal forma de dar visibilidade e impulso aos atletas é a competição. Mas realizar esses torneios é um processo difícil e caro, especialmente pela logística. O DARE chega ao mercado para sanar esse tormento e levar os atletas e os jogos para o mundo online, que tende a ser mais democrático e de menor custo".

Por enquanto, o DARE focará apenas as modalidades skate park e street, e no surfe, como parte da estratégia dos idealizadores de fidelizar o público e garantir qualidade na experiência. "No início da operação, vamos concentrar nosso trabalho para os praticantes desses esportes, porque nosso negócio foi desenhado especificamente para essa comunidade. No entanto, provavelmente nos próximos anos, podemos apostar em corrida, ciclismo e natação. Isso vai depender do tamanho do nosso alcance até lá", adianta Pedro.

Pedro Barros, medalhista olímpico em skate e sócio da Layback — Foto: Divulgação/Thiago Luz (Thiago Luz/Divulgação)

A Layback, conta ele, mergulha no projeto como patrocinadora digital. "É uma empresa familiar que começou vendendo cervejas artesanais e, com os anos, se tornou uma marca de lifestyle. Temos como valor unir as pessoas por meio do skate e de um estilo de vida saudável. Há muito tempo queríamos diversificar nossa operação com a tecnologia e atingir novos públicos, por isso investimentos nessa parceria com o DARE".

A união entre a DARE e a Layback também envolve a presença em eventos esportivos. Junto ao pai, o ex-surfista André Barros, fundou a Layback, que evoluiu de uma marca de cervejas artesanais para um império da cultura street, com 20 unidades no Brasil e uma linha de roupas inspirada no universo do skate. Agora, os locais também servirão como centros para desafios interativos e encontros com a comunidade esportiva. As ativações estão programadas para acontecer durante as etapas do Circuito Mundial de Surf da World Surf League (WSL).

O aplicativo para smartphones foi implementado no segundo semestre de 2024, mas ainda se encontra em fase de testes. A empresa não abriu o valor do investimento.

Como o app funciona?

Com o celular na palma da mão, usuários de todo o mundo podem se relacionar e criar competições entre si com base na infraestrutura dos locais mais próximos. O app utiliza o sistema de posicionamento global (GPS) e a câmera dos dispositivos para apresentar um mapa interativo com ambientes propícios — e seguros — para determinados jogos.

A tela destaca marcadores espalhados pelo bairro e a cidade onde o usuário se encontra, e cada um deles representa alguma manobra ou salto que o skatista possa escolher como desafio, de uma rampa simples a um banco de praça.

O usuário poderá gravar vídeos de suas manobras pela câmera do celular e publicá-los em seu perfil. Os conteúdos serão curtidos pelos demais seguidores e as interações funcionarão como pontos para a performance, estabelecendo então um ranking entre os competidores do mesmo desafio.

Para que as competições online ocorram de maneira justa, o DARE utiliza a tecnologia de blockchain para registrar e organizar os dados de ações dos usuários dentro do aplicativo. Todas as transações são compartilhadas entre os membros, para garantir segurança das informações e transparência. "Usamos o blockchain como infraestrutura, para que as pessoas possam participar dos jogos com confiança", explica Felipe. "Há também limitações, porque o blockchain, por si só, não garante 100% o anonimato, mas traz em certa medida a privacidade dos dados dos usuários".

De acordo com o idealizador do projeto, o DARE já conta com uma equipe que foca a manutenção do sistema de privacidade e criptografia dos dados dos jogadores, incluindo informações pessoais e localização por GPS.

De acordo com Daniel Hansaul, diretor de marketing da DARE, o aplicativo inclui em seu roadmap o lançamento do token DARE. Esse ativo digital oferecerá múltiplas funcionalidades aos usuários da plataforma, como criar e moderar batalhas, acessar experiências exclusivas em eventos e desfrutar de vantagens nas redes e nas programações da Layback.

Esporte ao estilo Pokémon Go

Felipe Caetano, sócio-fundador do Dare — Foto: Divulgação/Alaor Filho (Alaor Filho/Divulgação)

Felipe brinca que a plataforma de competições online se ampara em elementos da vida urbana e tem como inspiração o game Pokémon Go, lançado em 2016 pela Niantic e Nintendo.

"Se o Pokémon Go, por exemplo, foi capaz de tirar as pessoas de casa para buscar criaturas virtuais, o DARE vai fazer as pessoas saírem para praticar esportes e participar de competições reais. Acredito que o aplicativo pode trazer vários impactos positivos, desde benefícios à saúde até maior interação entre as pessoas".

Ao pensar nos efeitos do DARE na vida dos usuários, Felipe e Pedro imaginam que, gradualmente, a plataforma pode se transformar em uma rede social.

"Mas é algo diferente do Instagram e do Facebook, queremos que o DARE estimule as pessoas a olhar não apenas para os desafios de skate e surfe, como também para os outros participantes", diz o medalhista olímpico. "É claro que, como toda a competição, haverá quem ganha e quem perde. Mesmo assim, os vídeos com os desempenhos dos usuários em vários jogos pode criar novos ídolos dentro desse ambiente. Isso pode levar as pessoas ao desejo de conhecer esses jogadores, suas histórias e objetivos. E, quem sabe, se inspirar neles."

Mas é rentável?

Como o aplicativo será gratuito a todos os usuários, a receita com o DARE terá como origem as operações em parceria com Layback, por meio de ativações em eventos promovidos pela marca, competições e premiações nos meses seguintes ao lançamento da plataforma.

À EXAME, os sócios informaram que essas ações vão demandar o investimento de aproximadamente R$ 3 milhões nos próximos seis meses, mas os detalhes sobre os projetos devem ser divulgados a partir de abril.

Em relação à rentabilidade nativa do DARE, Felipe Caetano explica que o modelo de negócios da empresa, com base na "Publicidade de Incentivo", consiste em manter os usuários do app engajados nos desafios esportivos e nas funcionalidades, com o propósito de aumentar a fidelidade e o alcance. E, posteriormente, atrair marcas interessadas em investir em esportes.

"Queremos trazer empresas diversas, tanto as endêmicas quanto as não endêmicas, para criar planos de assinatura e planos avulsos para elas criarem desafios esportivos conosco. Nossa estratégia é atraí-las com nossa base de usuários. No primeiro ano de operação, nossa expectativa é atingir pelo menos 40 marcas e, nos próximos cinco anos, chegar a 500 marcas, incluindo as globais."

Outra aposta dos gestores é impulsionar as competições online pelas redes sociais. "Hoje, esses recursos representam cerca de 30% do share de atenção na internet, trazendo muitas oportunidades para a economia criativa. Isso está levando as empresas a adaptar o formato de seus conteúdos. Queremos aproveitar esse momento e elevar nossas produções para outro nível, por meio da nossa plataforma", ressalta Felipe.

Quando o DARE vai ao ar?

A previsão de lançamento do DARE é para o início de abril de 2025. A plataforma será disponibilizada para os dispositivos Android e iOS, com uso gratuito. 
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