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Operação Penalidade Máxima: saiba tudo sobre o esquema de manipulação de jogos

Investigação do Ministério Público de Goiás começou no ano passado, com jogos da Série B, e já se estende até campeonatos nos Estados Unidos

Com participações de jogadores que atuam até fora do Brasil, a investigação do Ministério Público de Goiás revela informações cruciais para desmontar o grupo criminoso (Fernando Torres/CBF/Agência Brasil)

Com participações de jogadores que atuam até fora do Brasil, a investigação do Ministério Público de Goiás revela informações cruciais para desmontar o grupo criminoso (Fernando Torres/CBF/Agência Brasil)

Agência o Globo
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Publicado em 11 de maio de 2023 às 07h16.

Última atualização em 11 de maio de 2023 às 07h17.

A Operação Penalidade Máxima, atualmente na segunda fase, já conta com 35 nomes entre investigados e citados, em um esquema de manipulação de jogos de futebol através de apostas esportivas. Com participações de jogadores que atuam até fora do Brasil, a investigação do Ministério Público de Goiás revela informações cruciais para desmontar o grupo criminoso. Confira abaixo sete perguntas-chave para entender o caso.

Como funcionam as apostas esportivas?

As apostas esportivas funcionam com uma cota fixa, com o valor do lucro em potencial já previsto no momento da escolha, e não pode sofrer alterações. O total é calculado com base na cotação da aposta (as chamadas "odds"), que são multiplicada pelo montante investido. É possível apostar em diferentes eventos que acontecem durante a partida, como placar final, time vencedor, quantidade de gols marcados, e também os chamados mercados secundários, que englobam número de escanteios, cartões, finalizações e outras estatísticas. Dentro dessas opções, também há outras divisões: as escolhas podem ser feitas direcionadas por jogador, por time, ou até por tempo de jogo em que o evento ocorre.

Como é possível manipular resultados?

A partir dos mercados disponíveis em cada partida, é possível escolher um evento e combinar antecipadamente com um jogador para fazer o resultado da aposta e já determinar o valor a ser pago para o atleta de antemão, levando em conta o lucro a ser recebido com a aposta.

Como funcionava o esquema denunciado pelo MP-GO?

Bruno Lopez, apontado como o chefe do esquema de manipulação de jogos, entrava em contato com jogadores, oferecendo uma quantia em dinheiro para cometer infrações. As denúncias mostram combinações para os atletas cometerem pênaltis e receberem cartões amarelos ou vermelhos. A esposa de Bruno, Camila Silva da Motta, era a responsável por fazer a transferência dos valores para os jogadores, em duas parcelas. Primeiro, um adiantamento era depositado na conta dos atletas, e o restante do valor era transferido caso o resultado se confirmasse. Alguns atletas, como o volante Fernando Neto, que era do Operário-PR e atualmente está no São Bernardo-SP, também estão sob investigação por aliciarem outros jogadores para participar do esquema criminoso.

Como o esquema foi descoberto?

Em novembro de 2022, o presidente do Vila Nova, Hugo Jorge Bravo, recebeu informações de que Romário, volante do clube, havia sido cooptado por um grupo de apostadores para cometer um pênalti no duelo contra o Sport, na última rodada da Série B. A partir daí, ele iniciou uma investigação preliminar e chegou até Bruno Lopez, líder do grupo e responsável por entrar em contato com os atletas. Em fevereiro deste ano, o Ministério Público de Goiás deflagrou a primeira fase da operação Penalidade Máxima, apontando manipulação em quatro jogos da Série B e denunciando oito jogadores e mais seis integrantes da quadrilha.

As investigações continuaram e a segunda fase, deflagrada na última segunda-feira, revela que o esquema se estendeu até a jogos da MLS, liga de futebol dos Estados Unidos, além de manipular resultados de Estaduais e das Séries A e B do Brasileirão. Sete jogadores foram denunciados, quatro fizeram acordo com o MP para colaborar com a investigação e há ainda mais dezenas de atletas que são citados nas mensagens dos grupo, embora não tenham sido indiciados pelo MP.

O que acontece agora?

Oito jogadores, entre denunciados e citados na investigação, já foram afastados pelos clubes e não disputaram a quinta rodada da Série A, que começou ontem. O ministro da Justiça, Flávio Dino, determinou que a Polícia Federal instaure um inquérito para realizar “as investigações legalmente cabíveis”. Ednaldo Rodrigues, presidente da CBF, corrobora com a ação da PF para “centralizar as ações” e informa que está “trabalhando em conjunto com a Fifa e outras esferas internacionais para um modelo padrão de investigação”. Ele afirmou ainda que “não há qualquer possibilidade de a competição atual ser suspensa”.

Os clubes podem ser punidos?

Não. Assim como as casas de apostas utilizadas para o esquema, os times que tiveram os jogadores envolvidos na denúncia são tratados como vítimas do grupo de apostadores, lesados pela organização criminosa. Os times também se colocaram à disposição do MP para colaborar com as investigações, além de repudiar os atos criminosos.

As apostas esportivas são legais no Brasil?

Em dezembro de 2018, um decreto assinado pelo então presidente Michel Temer (MDB) autorizou a operação das casas de apostas no Brasil. A Medida Provisória 13.756 estabeleceu algumas regras para o funcionamento das apostas de cota-fixa baseada em resultados de temáticas esportivas. A lei determina que as empresas que operam no Brasil sejam sediadas em outros países e não tenham pontos de venda físicos. Ou seja, funcionam apenas através de sites, hospedados em domínios de redes internacionais, e seguem a legislação do país de origem.

Em abril, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, se reuniu com representantes de casas de apostas para definir as regras da regulamentação, mas a nova Medida Provisória, que deverá ser assinada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), ainda não está em vigor

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