Rússia segue sob punição do Comitê Olímpico Internacional. (Laurence Griffiths//Getty Images)
Redator na Exame
Publicado em 24 de julho de 2024 às 08h30.
Última atualização em 24 de julho de 2024 às 11h30.
A participação da Rússia nos eventos esportivos internacionais, especialmente nos Jogos Olímpicos, tem sido marcada por controvérsias e sanções. Nos últimos anos, a Rússia enfrentou uma série de punições devido a um escândalo de doping que abalou o mundo do esporte — além da guerra contra a Ucrânia.
O escândalo de doping na Rússia começou a ganhar notoriedade em 2014, após os Jogos Olímpicos de Inverno em Sochi. Uma série de investigações, conduzidas pela Agência Mundial Antidoping (WADA) e outras entidades, revelou um esquema de doping patrocinado pelo Estado, que envolvia a manipulação de amostras de urina e o uso de substâncias proibidas para melhorar o desempenho dos atletas. O relatório McLaren, publicado em 2016, foi um ponto crucial, detalhando a extensão do doping institucionalizado na Rússia.
As investigações da WADA descobriram que mais de mil atletas russos estavam envolvidos em práticas de doping entre 2011 e 2015. Em resposta a essas revelações, a WADA recomendou sanções severas contra a Rússia. Em 2015, a Agência Antidoping Russa (RUSADA) foi considerada não conforme com o Código Mundial Antidoping, levando à suspensão da participação de atletas russos em várias competições internacionais.
Em 2019, a WADA impôs uma nova rodada de sanções, proibindo a Rússia de participar de grandes eventos esportivos internacionais por quatro anos. Isso incluía os Jogos Olímpicos de Tóquio 2020 e os Jogos Olímpicos de Inverno de Pequim 2022. A decisão foi baseada em evidências de que a Rússia havia manipulado dados de laboratório entregues à WADA, tentando encobrir o uso de doping por seus atletas.
Já na edição deste ano, a Rússia foi banida pelo COI após a invadirem a Ucrânia em fevereiro de 2022, onde foi alegado que o ROC havia sido suspenso por violar a Carta Olímpica ao violar "a integridade territorial do (Comitê Olímpico Nacional) da Ucrânia".
Sim e não. Embora equipes de atletas com passaporte russo ou bielorrusso não tenham permissão para competir, competidores russos e bielorrussos podem participar de esportes individuais como atletas neutros se atenderem a "condições rigorosas de elegibilidade", anunciou o COI em dezembro.
Para serem liberados para competir como Atleta Neutro Individual, os competidores não podem apoiar a guerra ou ter sido contratados pelo exército russo ou bielorrusso, além de atender a todos os requisitos antidoping. O Painel de Revisão de Elegibilidade de Atleta Neutro Individual, que foi formado pelo COI em março, determinou a elegibilidade de cada atleta.
Nas Olimpíadas, os atletas "neutros" competem sob o nome "Atletas Olímpicos da Rússia" (OAR) ou "Comitê Olímpico Russo" (ROC). Essa medida foi adotada para permitir que atletas russos continuem suas carreiras esportivas.
A decisão de permitir que os atletas russos competissem sob uma bandeira neutra gerou debate. Alguns acreditam que essa medida é justa, pois não penaliza atletas inocentes. Outros argumentam que a presença contínua de atletas russos, mesmo sob uma bandeira neutra, mina a integridade do movimento antidoping global. No entanto, a WADA e o Comitê Olímpico Internacional (COI) decidiram que essa era a melhor abordagem para equilibrar justiça e responsabilidade.
Além de competir sob um nome diferente, os atletas russos também não podem usar a bandeira nacional russa ou ouvir o hino nacional durante as cerimônias de premiação. Em vez disso, uma música neutra é tocada. Para os Jogos Olímpicos de Tóquio 2021, a peça escolhida foi o Concerto para Piano No. 1 de Pyotr Tchaikovsky, um compositor russo renomado, mas que não possui conotações nacionais diretas como um hino.
Essa medida visa garantir que, embora os atletas possam competir, a Rússia como nação não tenha a mesma representação e reconhecimento que outras nações durante os eventos. A substituição do hino é uma forma simbólica de sancionar a Rússia, destacando a seriedade das violações de doping enquanto permite que os atletas participem.
A resposta à suspensão e às sanções foi mista. Dentro da Rússia, houve sentimentos de injustiça e acusações de que as sanções eram politicamente motivadas. Muitos russos sentiram que o país estava sendo punido de forma desproporcional em comparação com outras nações que também enfrentaram escândalos de doping.
No entanto, a comunidade esportiva global em grande parte apoiou as sanções, vendo-as como um passo necessário para proteger a integridade do esporte. A WADA e o COI foram elogiados por suas ações, embora também tenham enfrentado críticas por não irem longe o suficiente ou por permitirem que atletas russos competissem sob uma bandeira neutra.
A partir de 9 de julho, 36 atletas russos individuais foram convidados a participar das Olimpíadas de 2024 em Paris em sete esportes, incluindo ciclismo, ginástica, luta livre, tênis, canoagem, judô e natação. Apenas 16 desses atletas russos aceitaram o convite para competir como AINs. Em comparação, a delegação russa enviou 335 atletas para Tóquio em 2021, enquanto Belarus enviou 104.