Esporte

O que muda no futebol com times comprados por fundos americanos bilionários

Europa tem 55 times geridos por donos dos Estados Unidos em diferentes países; Brasil também entra na mira dos investidores

RedBird Capital Partners pagou cerca de 1,2 bilhão de euro pelo Milan (Marco Canoniero/Getty Images)

RedBird Capital Partners pagou cerca de 1,2 bilhão de euro pelo Milan (Marco Canoniero/Getty Images)

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Da Redação

Publicado em 14 de setembro de 2022 às 14h12.

A compra bilionária do Milan por parte do fundo americano RedBird Capital Partners, em cifras que chegam a 1,2 bilhão de euros, não é uma novidade no cenário futebolístico mundial. Muito pelo contrário: os investimentos norte-americanos em clubes de todos os continentes é uma realidade e, na Europa, o número de agremiações adquiridas e geridas por fundos dos EUA já chega a 55, segundo o Centro Internacional de Estudos do Esporte (CIES).

A Itália é o principal alvo desses grupos, e somente na última edição da principal divisão do país, a Série A, Atalanta, Fiorentina, Genoa, AS Roma, Spezia, Parma e Venezia FC eram comandados por proprietários ou investidores dos EUA.

Em outro importante centro, a Inglaterra, instituições como Liverpool, Manchester United e Arsenal seguem o mesmo caminho. Standard Liége (Bélgica) e Sevilla (Espanha) são outros exemplos de camisas tradicionais do futebol com acionistas do país.

"O Milan é mais um clube relevante adquirido por investidores americanos, assim como foi o Chelsea, o que comprova a supremacia americana neste tipo de operação. No começo, eram os russos os grandes compradores de clubes na Europa, depois vieram árabes e chineses. Agora, a nova força compradora vem dos EUA e com muito mais ímpeto de que todas as anteriores somadas. E o futebol só tem a ganhar com isso", analisa Eduardo Carlezzo, advogado especializado em direito desportivo.

Para Armênio Neto, executivo em novos negócios do esporte, a chegada de investidores não será a solução definitiva para clubes em situação delicada, mas vê como uma luz no fim do túnel. "Dinheiro novo dá fôlego, mas o principal ganho será a médio e longo prazo, com implementação de processos, gestão responsável e governança. Ou seja, o torcedor vai trocar o desespero pela paciência. Não tem mágica", aponta.

No futebol brasileiro, os Estados Unidos também já começam a fincar raízes. O primeiro a se aventurar foi John Textor, que no início desse ano concretizou a compra de 90% da SAF do Botafogo, anunciando um investimento inicial de mais de R$ 100 milhões.

Já o Vasco e a 777 Partners concluem nesta sexta-feira a venda de 70% da Sociedade Anônima do Futebol por R$ 700 milhões. A empresa norte-americana, que esteve representada no Brasil pelo sócio-fundador Josh Wander e o diretor de entretenimento Juan Arciniegas, já possui investimento em outros clubes ao redor do mundo.

"Quero agradecer a todos os vascaínos que tornaram possível e apoiaram o trabalho da 777. Para explicar um pouco sobre nós, não somos exatamente uma empresa para investimentos com horizonte curto pela frente. Na verdade, é uma holding sem horizonte artificial, ou seja, a nossa ideia é investir para 30, 50 anos. Temos perfeita confiança de que vamos conseguir atingir nossos objetivos com o clube. A ideia é de que ainda nesse ano possamos fazer a transição para a divisão de cima (Série A)", afirmou Josh Wander, em entrevista coletiva.

Para especialistas, a entrada de investidores estadunidenses pode proporcionar mais do que o crescimento técnico dos times e seus elencos, mas principalmente um retorno de marketing e visibilidade com o que pode acontecer com a indústria fora das quatro linhas.

"Apesar de termos evoluído consideravelmente nos últimos anos, ainda podemos aprender e muito com o que é feito lá fora, e os Estados Unidos são um exemplo quando falamos do espetáculo como um todo. Basta ver as ações de publicidade, matchday, a venda do pacote de um simples jogo e as ativações que envolvem os patrocinadores. Eles fazem a roda girar literalmente, e essa troca de experiência pode trazer novos frutos para o nosso futebol", analisa Fábio Wolff, sócio-diretor da Wolff Sports e do Comitê Organizador do Brasil Ladies Cup, e que também gerencia patrocínios e gestão de empresas e atletas.

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