Esporte

O jogo de poder das camisas de futebol: como patrocínios e política moldam o esporte

Livro mostra que patrocínios esportivos revelam interesses de governos, empresas e casas de apostas

SAO PAULO, BRAZIL - FEBRUARY 26: Yuri Alberto of Corinthians celebrates after scoring the winning goal during the CONMEBOL Copa Libertadores 2025 second stage qualifier between Corinthians and Universidad Central at Neo Quimica Arena on February 26, 2025 in Sao Paulo, Brazil. (Photo by Marco Galvao/Sports Press Photo/Getty Images) (Marco Galvao/Sports Press Photo/Getty Images)

SAO PAULO, BRAZIL - FEBRUARY 26: Yuri Alberto of Corinthians celebrates after scoring the winning goal during the CONMEBOL Copa Libertadores 2025 second stage qualifier between Corinthians and Universidad Central at Neo Quimica Arena on February 26, 2025 in Sao Paulo, Brazil. (Photo by Marco Galvao/Sports Press Photo/Getty Images) (Marco Galvao/Sports Press Photo/Getty Images)

Estela Marconi
Estela Marconi

Freelancer

Publicado em 22 de julho de 2025 às 15h15.

As camisas de futebol deixaram de ser apenas parte do uniforme: elas viraram ferramentas geopolíticas. No livro More Than A Shirt: How Football Shirts Explain Global Politics, Money and Power (tradução livre para: ‘Mais que um uniforme: como as camisas de futebol explicam a política global, dinheiro e poder'), o jornalista Joey D’Urso, do Times, explica como o que está estampado na frente da camisa pode dizer sobre poder, interesses econômicos e propaganda estatal.

Um dos casos mais simbólicos é o do PSG, que estampa a Qatar Airways — controlada pelo mesmo governo que também é dono do clube. Mais do que marketing, o patrocínio reforça a presença internacional do Catar e ajuda a limpar sua imagem. Segundo D’Urso, patrocinar clubes é uma forma eficiente de “fazer diplomacia com milhões de torcedores”.

Patrocínios obscuros, criptomoedas e casas de aposta

Uma reportagem da The Economist também refletiu sobre a maneira que o autor mostra como empresas obscuras ou mal regulamentadas usam o futebol para ganhar legitimidade. 

Em 2021, o Chelsea fechou com a asiática Leyu Sports. Jogadores gravaram vídeos em chinês e o estádio exibiu o nome da marca, mas não havia provas concretas de que a empresa sequer existia — fotos falsas, sede fantasma e origem desconhecida marcaram o episódio.

Outro exemplo de alerta vem das criptomoedas. Em 2022, quase todos os clubes da Premier League anunciaram produtos cripto aos torcedores, como NFTs. Segundo D’Urso, o foco eram jovens mais vulneráveis a assumir riscos financeiros. Muitos perderam dinheiro quando os ativos desabaram. "A camisa virou um canal de marketing barato para mercados voláteis", diz o jornalista.

Já no cenário brasileiro, todos os clubes da série A do Brasileirão são patrocinados por casas de apostas. Uma reportagem do Globo Esporte revelou que as chamadas ‘bets’ já estão presentes em 90% dos times com o patrocínio master do campeonato. Apenas o Mirassol e o Bragantino não estampam o patrocínio de apostas no centro da camisa. 

Para D’Urso, a camisa de futebol virou palco de disputas políticas, interesses econômicos e estratégias de propaganda. Clubes muitas vezes aceitam dinheiro sem questionar a origem, enquanto os torcedores, que deveriam vestir o símbolo com orgulho, se veem no meio de jogos de poder e patrocínios que muitas vezes podem ultrapassar os limites.

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