Repórter
Publicado em 3 de setembro de 2025 às 14h44.
Última atualização em 3 de setembro de 2025 às 17h12.
A proximidade de mais uma partida da NFL já começa a agitar os bastidores da indústria na cidade de São Paulo. A três dias do evento, a SPTuris indica que o jogo entre Kansas City Chiefs e Los Angeles Chargers, na Neo Química Arena, deve movimentar mais de R$ 330 milhões.
Gustavo Pires, presidente da SPTuris, afirmou que os valores devem ser iguais ou até superiores ao evento realizado em 2024, que foi exatamente de R$ 330 milhões.
No ano passado, que marcou a estreia da NFL com jogo realizado no país, entre Green Bay Packers e Philadelphia Eagles, foram gerados 12,5 mil empregos na cidade somente nas semanas que antecederam o confronto. Além disso, 11,5% do público registrado era de estrangeiros, e 57% de pessoas vieram de fora da capital, o que representa um alto consumo em turismo e hotelaria.
Os números de 2024 em São Paulo foram maiores do que na Cidade do México, que recebe esses jogos desde 2016 e tem movimentado, anualmente, R$ 246 milhões.
De acordo com números da SPTuris, os turistas gastaram R$ 3.355,73 em média e ficaram três dias na cidade. Também houve um aumento de 133% na emissão de passagens aéreas dos Estados Unidos.
"A NFL, há algumas décadas, deixou de ser uma liga esportiva somente. Cada um de seus jogos é visto pelos americanos como uma celebração de cultura competitiva. É a principal atração da mais rica e próspera economia do mundo, e seguirá sendo a mais valiosa liga do planeta, no mínimo, por mais algumas décadas", explica Thiago Freitas, COO da Roc Nation Sports no Brasil, empresa de entretenimento americana.
O projeto de conquistar novos mercados, especialmente na Europa e América do Sul e Central, vem se intensificando por parte dos organizadores da liga, que enxergam alguns países como estratégicos na captação de mais recursos, receitas e público.
A NFL é considerada uma das principais ligas esportivas do mundo, com um valuation de R$ 803 bilhões, e o Brasil é o segundo país com a maior base de fãs da liga fora dos Estados Unidos, atrás apenas do México. Não à toa, todos os 47 mil ingressos colocados à venda, incluindo camarotes de luxo, que variavam entre R$ 5 mil a R$ 30 mil, se esgotaram em poucos minutos, com 1/3 de estrangeiros presentes no evento.
Outro dado relevante é que a NFL foi o segundo evento que mais movimentou dinheiro em São Paulo, ficando atrás apenas da Fórmula 1, que movimentou R$ 1,2 bilhão. Carnaval, com R$ 201 milhões, e Réveillon, com R$ 140 milhões, ficaram para trás.
A liga de futebol americano teve receitas superiores a US$ 23 bilhões durante o ano fiscal de 2024. O principal executivo da NFL, Roger Goodell, já declarou que sua meta é chegar aos US$ 25 bilhões até 2027.
Para ter uma comparação com outros esportes americanos, a Major Leage Baseball atingiu seu recorde em receitas no ano passado, com US$ 12,1 bilhões. Já a NBA a chegou a US$ 11,3 bilhões. Ou seja, ainda bem distantes do futebol americano.
O futebol, o esporte mais popular do mundo, deve se sentir ameaçado? Para especialistas, ao analisarmos apenas o entretenimento, sim.
"Imagine que além da NFL, temos ainda outras duas ligas americanas, de baseball e de basquete. De alguma forma, é um recado para o futebol que ainda existe a necessidade de mudança, pois outros esportes criaram ao longo dos anos uma forma de entretenimento superior, isto é inegável, e consequentemente, resulta em uma receita infinitamente superior", aponta Renê Salviano, CEO da Heatmap e especialista em marketing esportivo.