Ricardo Almeida e Neymar: elegância fora de campo (Ricardo Almeida/Divulgação)
Ivan Padilla
Publicado em 16 de novembro de 2022 às 13h49.
Última atualização em 17 de novembro de 2022 às 20h43.
Já se sabia que o alfaiate Ricardo Almeida estava fazendo as roupas sociais dos jogadores da seleção masculina de futebol para a Copa do Catar. A Casual EXAME publicou em primeira mão os croquis dos ternos. Agora, revelamos as primeiras imagens dos craques fazendo a prova com o estilista.
Os jogadores embarcarão da Itália, onde fazem os treinos preparatórios, para Doha no dia 19 de novembro já devidamente trajados. Para conceber os 75 trajes sob medida, contou com um time de mais de 50 pessoas, dedicadas há pelo menos cinco meses.
Foram feitas entre quatro a cinco provas com todos jogadores e demais membros da equipe, muitas vezes na Europa, onde a maioria atua. A intenção foi quebrar a seriedade convencional da alfaiataria masculina, imprimir a identidade espirituosa dos jogadores e criar uma solução fresca para se adequar ao clima quente e desértico da região.
O desafio para confeccionar um traje sob medida para um jogador de futebol é principalmente acertar o tamanho das coxas e glúteos, com músculos demandados e fortalecidos. Da mesma forma, o tecido precisa ter certa elasticidade, para resistir aos movimentos durante os deslocamentos dos jogadores.
Esta é a segunda vez que Ricardo Almeida é convocado para finalizar os trajes para os craques. Foi assim também em 2018, na Rússia. Assim como na Copa passada, o look dos atletas terá detalhes diferentes ao da comissão técnica.
Os jogadores usarão uma camisa de linho em gola Mao e uma echarpe de algodão leve com trama aberta, referência aos lenços masculinos da região, mas com formato de uso ocidental. Já a comissão manteve o estilo clássico com camisa de algodão em micro desenho xadrez e gravata de seda.
Uma extensa pesquisa das referências artísticas, arquitetônicas, urbanísticas e a paisagem desértica do Qatar foi feita para se chegar às estampas finais. Clássico das peças de Ricardo Almeida, a estampa paisley está presente no forro do terno. Feito em viscose e desenvolvida exclusivamente para a ocasião, reúne elementos culturais dos dois países e do futebol.
“As duas bandeiras são compostas de elementos geométricos”, conta Almeida. “A estética do Qatar encontra os elementos da arte indígena e da natureza brasileira, junto com as taças dos mundiais e bolas de futebol. É uma estampa rica em detalhes, e também uma homenagem ao país sede.”
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Uma diferença em relação aos trajes feitos em 2018 foi a modelagem. Quatro anos atrás, imperava a silhueta slim na moda masculina. Ternos e costumes apareciam, nas passarelas dos desfiles e nos escritórios pelo mundo, com paletós justos e calças com barra curta.
A pandemia trouxe uma nova cara para a vestimenta masculina. “Moda é um reflexo comportamental da sociedade”, diz Almeida. “Depois da pandemia as roupas ficaram mais soltas e o conforto passou a ser ponto essencial para decisão de compra.”
É assim que a seleção brasileira chegará a Catar: elegante mas com muito conforto.