Kylian Mbappé se envolveu em mais uma crise nesta semana. (Michael Regan/Getty Images)
Da Redação
Publicado em 22 de setembro de 2022 às 16h35.
Kylian Mbappé se envolveu em mais uma crise nesta semana. Em meio a uma importante partida da seleção francesa contra a Áustria, pela Liga das Nações da Europa, que acontece nesta quinta-feira (22), o atacante fez um duro questionamento em relação ao contrato dos direitos de imagem dos atletas de seu país.
Tudo começou quando agentes do jogador enviaram uma carta à agência de notícias AFP, com a seguinte nota: “Mbappé decidiu não participar da sessão de fotos depois que a federação francesa se recusou a alterar o acordo de direitos de imagem com os jogadores. Obviamente, isso não coloca em questão o seu comprometimento e determinação em contribuir para o sucesso coletivo da seleção nacional nos eventos importantes que virão”.
Esse posicionamento não é novidade, já que em março deste ano ele também havia se recusado a participar de uma sessão de fotos em evento realizado com patrocinadores da seleção francesa.
Mbappé esclarece que a revisão nas cláusulas dos direitos de imagem tem a ver com o fato da Federação Francesa de Futebol (FFF) 'explorar de maneira desigual' a imagem individual de cada atleta. Segundo ele, cada profissional deveria ter o poder de escolher sobre quais marcas quer usar.
Um exemplo dado pelo seu staff é que ele não quer estar relacionado a empresas de casas de apostas e fast food, por exemplo, que estão entre os patrocinadores da seleção da França.
“Se, por um lado, o gesto do Mbappé parece um ato de rebeldia, por outro pode ser um paradigma na relação entre atletas e federações, pois exige uma maior transparência tanto na escolha dos parceiros comerciais quanto dos profissionais envolvidos. No entanto, o tema não é novo, apesar de não ser muito comum: Cruyff fez isso quando se negou a usar a roupa da patrocinadora da seleção holandesa na época, e era o único a usar camisa e calção com apenas duas listras", esclarece Flávio Ordoque, advogado, diretor jurídico na Biolchi Empresarial e professor de pós-graduação em Direito e Processo do Trabalho.
Responsável por cuidar dos contratos de patrocínio e gerenciamento da carreira do atacante Endrick, promessa de apenas 16 anos do Palmeiras e pretendido por clubes do mundo todo, o especialista Fábio Wolff entende que o peso que o jogador carrega em suas atitudes precisa ser repensada.
"Gols e títulos são sempre importantes, mas as atitudes e decisões tomadas por jogadores do porte dele, de representatividade mundial, precisam de orientação, pois podem prejudicar a imagem no que diz respeito a empatia dos fãs e principalmente em questões comerciais", explica.
Já Renê Salviano, CEO da agência Heatmap, especialista em marketing esportivo, e ex-agente FIFA, com participação em transferências internacionais de atletas, figuras públicas precisam ter cuidado redobrado com a imagem.
"Os danos podem ser irremediáveis, por isso que investir num staff preparado para orientar o atleta desde a base precisa ser visto como investimento. A construção de imagem dentro e fora de campo é constante, por mais que o jogador já tenha envergadura, por exemplo, de se comunicar por meio de suas redes sociais. Ainda assim, é necessário ter uma equipe que o auxilie", aponta.
Em agosto deste ano, uma outra polêmica rendeu destaque nos jornais de todo o mundo envolvendo ele e outros dois craques do Paris: Neymar e Messi.
Na goleada por 5 a 2 sobre o Montpellier, pela Ligue 1, após o francês desperdiçar uma penalidade, Neymar assumiu a segunda cobrança, o que gerou reclamações do companheiro de ataque. Depois, após não receber um passe do meia Vitinha, Mbappé reclamou e desistiu da jogada. Os vídeos viralizaram nas redes sociais, com muitas críticas direcionadas ao atacante.
Também na partida diante do Montpellier, Mbappé trombou com o ombro em Messi e seguiu sem pedir desculpas, deixando o camisa 30 do PSG visivelmente incomodado.
Alguns meses antes, em junho, o jornal Mundo Deportivo, da Espanha, revelou que Mbappé, para renovar seu contrato com o PSG, teria pedido as saídas do companheiro Neymar, do técnico Mauricio Pochettino e do diretor esportivo Leonardo.
Na ocasião, o jogador foi até as redes sociais e disse que a informação do periódico espanhol era 'fake', porém, dois dos nomes citados na reportagem acabaram sendo demitidos, casos de Pochettino, em julho, e Leonardo, em meados de junho, alguns dias após a publicação da notícia.
Apesar de ter vencido apenas a Ligue 1 na última temporada, considerado muito pouco diante de todo o investimento do Paris, as polêmicas parecem não ter afetado o rendimento do craque dentro de campo. Na temporada 21/22, foram 39 gols em 46 partidas, e nesta atual de 22/23, balançou às redes 10 vezes em 9 jogos.
“A postura dentro de campo afeta a reputação dos atletas, mas entendo que a imagem deles não é muito danificada quando entregam resultados esportivos”, analisa Armênio Neto, especialista em negócios no esporte e que também atua na intermediação entre marcas, clubes e jogadores.
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