Repórter
Publicado em 26 de outubro de 2025 às 11h06.
Última atualização em 26 de outubro de 2025 às 11h09.
A Maratona de Nova York de 2025 será disputada no próximo domingo, 2 de novembro, e deve reunir cerca de 55 mil corredores de mais de 130 países em um percurso de 42,195 km pelos cinco distritos da cidade.[/grifar] O evento, que atrai mais de 2 milhões de espectadores, é o maior do mundo em número de participantes e um dos mais valiosos em impacto econômico: só a edição de 2024 gerou US$ 692 milhões para a economia local, segundo levantamento da Audience Research & Analysis e da Appleseed.
O trajeto, que começa em Fort Wadsworth, em Staten Island, e termina no Central Park, em Manhattan, passa por pontos emblemáticos como a ponte Verrazzano-Narrows, a Queensboro Bridge e a Quinta Avenida. O percurso é considerado o mais desafiador entre as maratonas do circuito mundial por conta de suas subidas e do desnível acumulado de 246 metros.
Mas o desafio não assusta quem se lança no intenso e exaustivo universo das maratonas. A demanda pelo evento segue em alta. Mais de 200 mil pessoas se inscreveram para a edição deste ano, um aumento de 22% em relação a 2024, com taxa de aceitação de apenas 2% a 3%.

Os dados mostram que a Maratona de Nova York é muito mais que um espetáculo esportivo. Em 2024, os 34 eventos organizados pela New York Road Runners (NYRR) geraram US$ 934 milhões de impacto econômico total, consolidando a cidade como o epicentro global do turismo esportivo.
A comparação com o Super Bowl ajuda a dimensionar o fenômeno: enquanto o evento da NFL movimenta mais de US$ 17 bilhões em receita total nos Estados Unidos, sua injeção direta na economia local é próxima de US$ 500 milhões — patamar similar ou inferior ao da maratona quando realizada em Nova York.
O diferencial da maratona é a longevidade de seu impacto: turistas permanecem mais dias, o comércio local é ativado em escala e a cobertura internacional transforma Nova York em vitrine global de esporte, tecnologia e cultura urbana.A engrenagem financeira da prova envolve múltiplas frentes: taxas de inscrição entre US$ 250 e US$ 300, patrocínios corporativos de alto valor, merchandising, direitos de transmissão e turismo internacional. O braço beneficente da NYRR arrecadou US$ 70 milhões em 2024, totalizando US$ 600 milhões desde 2006.
A Tata Consultancy Services (TCS), que patrocina a maratona desde 2014, investe cerca de US$ 40 milhões anuais em eventos de corrida e tem feito da tecnologia o eixo de diferenciação da experiência. Em 2024, o evento teve tradução simultânea em 60 idiomas, displays com dados em tempo real e testes de IA generativa e gêmeos digitais para prever desempenho de atletas e impacto ambiental.
Entre as grandes provas do mundo, Nova York lidera em valor de marca e em reconhecimento internacional. Seu valor estimado é de US$ 292 milhões, segundo a Brand Finance, comparável a franquias da NBA como o Brooklyn Nets. A cidade supera rivais em impacto econômico local — Chicago gerou US$ 683 milhões; Berlim, €469 milhões; Tóquio, ¥78,7 bilhões — e empata com Londres em prestígio global.
O percurso pelos cinco distritos é o principal ativo da prova: começa em Staten Island, atravessa 18 km no Brooklyn, passa por Queens, Bronx e retorna a Manhattan pela Quinta Avenida, onde multidões transformam a reta final no clímax mais icônico das maratonas mundiais.
Relatórios da McKinsey e da Deloitte apontam que o crescimento das maratonas é estrutural, impulsionado por fatores como saúde mental, socialização e propósito. Nos EUA, 28,7% dos corredores começaram a praticar durante a pandemia, segundo o RunRepeat. A nova geração é mais jovem (média de 44 anos) e majoritariamente feminina (65% dos corredores abaixo de 35 anos).
O relatório Mass Participation Pulse 2025 indica que o público também é mais instruído e de maior poder aquisitivo, um perfil valorizado por marcas de tecnologia, bancos e esportes. A McKinsey estima que o mercado global de esportes deve crescer 6% ao ano até 2029, com a corrida de rua sendo o principal vetor de inclusão.
Apesar do entusiasmo, há sinais de alerta. A alta nos custos de inscrição e viagens ameaça afastar corredores amadores e regionalizar a participação. Maratonas “de lista de desejos”, como Nova York e Londres, esgotam inscrições em minutos, enquanto provas menores enfrentam retração. Ainda assim, o turismo esportivo, o investimento de grandes patrocinadores e o apelo da experiência coletiva sustentam o otimismo.